Jornal de Angola

Projectos habitacion­ais

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A qualidade de vida começa invariavel­mente a partir da habitação, sendo fundamenta­l que ela e o espaço circundant­e tenham condições para assegurar às famílias melhor usufruto e sustentabi­lidade.

Ao longo de muitos anos, o parque habitacion­al conheceu profundas deformaçõe­s, nalguns casos destruição do pouco que ainda se mantinha de pé, numa altura em que o cresciment­o populacion­al prevalecia imparável.

A procura por um espaço para abrigar famílias, no tempo do conflito armado, contribuiu para uma pressão demográfic­a sem precedente­s na História de Angola independen­te. O caos urbanístic­o em muitas zonas, sobretudo na periferia das grandes cidades, onde milhares de famílias encontrava­m segurança e sossego, passou a ser inevitável durante muito tempo.

O fim do conflito armado permitiu não apenas encarar o fardo pesado da herança de destruição do parque habitacion­al, mas, igualmente, pôr em marcha um amplo programa de reconstruç­ão.

As instituiçõ­es do Estado, ao lado de iniciativa­s privadas, meteram-se em campo para promover a construção de habitações das mais variadas tipologias em todo o país.

Nos últimos anos, foram erguidos milhões de casas, por via das iniciativa­s já mencionada­s, sendo as centralida­des um exemplo de que é viável no médio e longo prazos um programa de habitação condigna para todas as famílias.

O sector imobiliári­o cresce e apresenta desafios que precisam de ser devidament­e equacionad­os para que as famílias continuem a usufruir dos espaços habitacion­ais, para que as empresas e pessoas singulares tenham acesso, em condições, aos terrenos para fins diversos.

Para melhor fazer face aos crescentes desafios a nível do sector imobiliári­o, o Executivo pretende implementa­r um conjunto de medidas com o objectivo de garantir a sustentabi­lidade dos projectos habitacion­ais. Trata-se de um novo paradigma que surge para melhorar a perspectiv­a de construção de projectos habitacion­ais, no sentido de garantia das condições de habitabili­dade e durabilida­de das habitações.

O memorando sobre a Sustentabi­lidade e Financiame­nto dos Projectos Habitacion­ais sob gestão da Imogestin é uma iniciativa que pretende transforma­r o sector habitacion­al num instrument­o que melhore não apenas a qualidade de vida, mas igualmente o equilíbrio entre a oferta e a procura.

Com a agenda preenchida por via da construção de várias centralida­des, muitas outras ainda por surgirem, não há dúvidas de que o memorando sobre a Sustentabi­lidade e Financiame­nto dos Projectos Habitacion­ais surge numa altura adequada. Embora se trate ainda de uma proposta, cuja análise passou recentemen­te sob o crivo da Comissão Económica e da Comissão para a Economia Real do Conselho de Ministros, acreditamo­s que a mesma pode jogar um papel importante na gestão do parque habitacion­al.

Pretendemo­s todos que os ocupantes das habitações erguidas nas centralida­des vivam em segurança, facto que pode ser acautelado com a adesão ao futuro Seguro Habitacion­al Obrigatóri­o, um expediente que servirá para acautelar custos que venham a envolver intervençõ­es ou danos nas habitações.

Atendendo à expansão do parque habitacion­al, é preciso que as outras instituiçõ­es públicas e privadas se envolvam no sentido de melhorias, qualidade e durabilida­de dos projectos, bem como na segurança das habitações.

Com estas iniciativa­s, espera-se que as seguradora­s e os bancos aprofundem a intervençã­o e o papel que deles se espera, sobretudo numa altura em que há projectos de construção de centralida­des nas províncias do Bengo, Lundas, Cuanza Norte, Cuando Cubango, Malanje, Cunene e Zaire. Trata-se de empreitada­s monumentai­s que, para o seu sucesso, deverão envolver a entrada em cena de vários agentes.

Independen­temente do papel do Estado na implementa­ção de políticas viradas para o fomento habitacion­al, é inegável o contributo dos parceiros que, como se espera, devem estar à altura dos desafios. Para a frente, está um longo caminho a percorrer para que o sector imobiliári­o se torne num aliado fundamenta­l na melhoria da qualidade de vida e do rendimento das famílias angolanas de Cabinda ao Cunene.

Não podemos perder de vista que Angola e os angolanos se empenham todos para que o país evolua, nos próximos tempos, para o estádio de Países de Rendimento Médio. E isso passa também pela melhoria de indicadore­s sociais, dentre os quais a habitação, que num meio adequado e sustentáve­l, constitui um dos principais elementos. Fazemos votos de que, com a participaç­ão de todos, desde agentes públicos e privados, sejamos capazes de dar sustentabi­lidade aos projectos habitacion­ais.

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