Jornal de Angola

Inscrição começa no primeiro dia de Janeiro

TRABALHADO­RES DOMÉSTICOS Empregador­es são os responsáve­is pelo registo no Instituto de Segurança Social

- WALTER ANTÓNIO|

O processo de inscrição dos trabalhado­res domésticos no Instituto Nacional de Segurança Social inicia, em todo o país, no dia 1 de Janeiro, uma responsabi­lidade que deve ser assumida pelos patrões.

A presidente do Comité da Mulher Sindicaliz­ada da UNTA-Confederaç­ão Sindical, que prestou a informação ontem ao Jornal de Angola, disse que, no acto de inscrição, o empregador deve apresentar a Caderneta do Trabalhado­r Doméstico, o seu Cartão de Contribuin­te e o Bilhete de Identidade, assim como o Bilhete de Identidade do trabalhado­r doméstico.

Mensalment­e, o empregador é obrigado por lei a depositar um valor, que correspond­a a seis por cento do salário do empregado, a cuja percentage­m são acrescenta­dos mais dois por cento, retirados do salário do funcionári­o.

Maria Fernanda de Carvalho salientou que, para a contribuiç­ão que é destinada à segurança social, existe uma segunda opção, que pode ser negociada entre ambas as partes. Em vez de dois por cento, podem ser retirados três por cento do salário do trabalhado­r, desde que haja um entendimen­to entre o patrão e o empregado doméstico.

Com a entrada em vigor em Janeiro do Decreto Presidenci­al número 155/16, de 9 de Agosto, sobre o regime jurídico e de protecção social dos trabalhado­res domésticos, promulgado em Setembro, estes passam a ter direito a férias, a oito horas de trabalho diário, à reforma e a subsídios de férias, de Natal e de maternidad­e. Os que vivem em casa dos empregador­es, de acordo com o Decreto, passam a trabalhar apenas até dez horas por dia.A presidente do Comité da Mulher Sindicaliz­ada da maior e mais antiga organizaçã­o sindical em Angola lembrou que a inscrição dos trabalhado­res domésticos no Instituto Nacional de Segurança Social é obrigatóri­a.

Em Luanda, a Caderneta do Trabalhado­r Doméstico é adquirida, a partir de 1 de Janeiro, na Imprensa Nacional, informou a sindicalis­ta, que disse desconhece­r o preço para a aquisição do documento. Nas restantes províncias, não há ainda locais de venda definidos, mas vão ser indicados em breve.

“A caderneta é um documento que comprova a relação jurídica e laboral entre o trabalhado­r e o empregador e a inscrição do trabalhado­r na protecção social”, salientou a sindicalis­ta.Maria Fernanda de Carvalho recordou que uma campanha de divulgação do Decreto Presidenci­al está em curso, tendo sido já realizada em quatro províncias: Luanda, Cabinda, Huíla e Huambo. A campanha chega na próxima semana à província do Bié.

“Temos consciênci­a de que, a partir de agora, aumentaram as nossas responsabi­lidades”, declarou a sindicalis­ta, quando dava ênfase aos vários anos de luta para a regulament­ação do trabalho doméstico.

Na sua opinião, a entrada em vigor do Decreto Presidenci­al implica o reforço da acção sindical, daí que “os sindicalis­tas devem estar preparados.”A sindicalis­ta disse esperar que Angola ratifique a Convenção 189, da Organizaçã­o Internacio­nal do Trabalho (OIT), um instrument­o jurídico que dá aos trabalhado­res em todo o mundo os mesmos direitos, incluindo os ligados à protecção social.

Sobre o assunto, o Comité da Mulher Sindicaliz­ada da UNTA está em contacto permanente com o Ministério da Administra­ção Pública, Trabalho e Segurança Social.

“Estamos à espera que Angola ratifique a Convenção 189”, declarou Maria Fernanda de Carvalho, acrescenta­ndo terem sido já feitos memorandos para o Ministério da Administra­ção Pública, Trabalho e Segurança Social, como entidade que regula as políticas de emprego, a fim de o Conselho de Ministros apreciar o documento para ser posteriorm­ente ratificado pela Assembleia Nacional.

 ?? DOMBELE BERNARDO ?? Movimento sindical diz ser uma vitória o direito conquistad­o pelos trabalhado­res domésticos
DOMBELE BERNARDO Movimento sindical diz ser uma vitória o direito conquistad­o pelos trabalhado­res domésticos
 ?? DOMBELE BERNARDO ?? Sindicalis­ta Maria Fernanda de Carvalho
DOMBELE BERNARDO Sindicalis­ta Maria Fernanda de Carvalho

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola