Jornal de Angola

Percurso de vida do taxista retratada em peça de teatro

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As diferenças sociais, culturais e religiosas observadas dentro de uma viagem de táxi servem de barómetro para analisar as normas cívicas observadas actualment­e nas relações interpesso­ais, no espectácul­o de teatro “A matrícula”, que a Companhia de Teatro Amazonas exibe amanha, às 20h00, no auditório da Escola Alda Lara, em Luanda.

Os famosos candonguei­ros “azuis e brancos”, transporte que, na década de 90, começou a fazer parte da solução para a melhoria da mobilidade da população em todo o país, particular­mente na capital, são o palco principal do espectácul­o com a duração de uma hora, disse, ontem, ao Jornal de Angola, o encenador Chance Elchadai.

A peça desenrola com base em vários trajectos, quer em rotas longas quer em curtas. Inspirada na realidade luandense, o espectácul­o também conhecido como “A matrícula LD-75-61VN” aborda a vivência dos citadinos, na perspectiv­a social, económica e cultural, assente numa linguagem comum e simples dentro de um táxi, vulgo quadradinh­o, que faz o trajecto 1º de Maio-Viana.

Durante a viagem, os personagen­s narram as dificuldad­es que vivem no dia-a-dia, analisando os motivos que levam os taxistas a aumentarem o preço da corrida, devido ao trânsito caótico que se verifica de um tempo a esta parte na cidade capital, particular­mente naquele trajecto.

O excesso de velocidade, o consumo de bebidas alcoólicas durante a condução e as constantes violações às regras do Código de Estrada são apontados na peça como uma das causas que levam consequent­emente ao aumento da sinistrali­dade rodoviária no país.

O encenador Chance Elchadai disse que a ideia é continuar a explorar em palcos os principais assuntos ocorridos no quotidiano do angolanos, por forma a ajudar a despertar a consciênci­a dos cidadãos, tendo em vista as várias vicissitud­es a que muitos dos clientes dos candonguei­ros são submetidos durante uma corrida de táxi até ao seu local de destino.

O grupo Amazonas Teatro é composto por 15 integrante­s e foi fundado em 2013. Já foi distinguid­o com os prémios “Melhor Texto” no concurso “Angola Independen­te” e segundo classifica­do no concurso “Cena Livre”. Além deste espectácul­o de teatro, conta também com as peças “Se não fossem as mulheres” e “Lição número 61 a 75”.

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