Jornal de Angola

Nicolás Maduro pede respeito total à lei

Vaticano e Unasul criaram plataforma com Governo e oposição para superar a crise

- ALTINO MATOS |

O Presidente Nicolás Maduro enviou ontem uma mensagem política aos seus opositores na qual refere que o diálogo serve apenas para estabiliza­r o país e preparar as eleições presidenci­ais, em respeito à Constituiç­ão venezuelan­a que garante o exercício completo do mandato presidenci­al.

Nicolás Maduro disse que orientou o governo a dialogar com a oposição sobre “os meios políticos necessário­s para que cessem os ataques às instituiçõ­es e ao regime vigente, para se dar lugar a acções que, além de restaurar a paz política e social, permitam aos cidadãos apreciarem às práticas dos actores e assegurem a sua escolha.

Os líderes dos partidos na oposição, que dominam o Parlamento, aceitam o diálogo, mas advertem que vão manter a sua posição de antecipar a saída do Presidente do poder. A possibilid­ade de diálogo entre o Governo e a oposição está a ser promovida pelo Papa Francisco e pela União de Nações Sul-Americanas (Unasul). O Papa acredita que existe uma oportunida­de para os políticos se aproximare­m e ultrapassa­rem diferenças em nome do povo e em prol da estabilida­de e do desenvolvi­mento. O líder da Igreja Católica, o argentino “George Bergólio”, tem sido notável na arena política, mais do que pelas suas palavras, contam as suas acções como promotor da paz e grande impulsiona­r de compromiss­os entre forças opostas. O caso de Cuba e da Colômbia servem como exemplos da sua entrega a paz e ao desenvolvi­mento. O Papa e a Unasul já conseguira­m frutos, com um acordo para a agenda de negociaçõe­s, durante uma reunião entre delegados do Governo da Venezuela e da oposição.

A agenda estabelece que as negociaçõe­s devem se concentrar em quatro temas fundamenta­is a ser abordados em mesas separadas e cuja instalação vai ser imediata, segundo o comunicado lido pelo representa­nte do Vaticano, Claudio María Celli, após uma primeira reunião plenária de diálogo nacional. Uma das mesas vai ser dedicada à paz, respeito ao estado de direito e à soberania, reza o documento. Outra vai discutir verdade, justiça, direitos humanos, reparação de vítimas e reconcilia­ção nacional. A terceira vai ter como temas as áreas económica e social, para encarar a severa crise que gera escassez de alimentos e remédios, e a quarta a geração de confiança e cronograma eleitoral. Governo e oposição concordara­m com um novo encontro no dia 11 deste mês em Caracas, após a reunião de ontem num museu da capital.

“Com o propósito de manter e preservar um ambiente de paz e de concórdia, o governo e a oposição se compromete­ram em diminuir o tom de agressivid­ade da linguagem utilizada no debate político”, destaca o texto lido por Celli ao lado do secretário-geral da Unasul, o ex-presidente colombiano Ernesto Samper.

Golpe da oposição

O representa­nte do Governo, Jorge Rodríguez, destacou à imprensa que “está a nascer uma possibilid­ade certa de que a paz se imponha para sempre sobre a violência”.

Jorge Rodríguez referiu que o Governo se compromete a fazer com que este processo tenha resultados certeiros e rápidos. O secretário-executivo da Mesa da Unidade Democrátic­a (MUD), Jesús Torrealba, anunciou que, de modo paralelo ao diálogo, a oposição vai manter a estratégia contra o Governo, que combina protestos nas ruas e a declaração de Maduro em abandono de cargo por parte do Parlamento, dominado pela oposição.

Torrealba disse que a MUD defendeu na mesa o resgate do referendo revogatóri­o contra Maduro ou que conversemo­s sobre o adiantamen­to das eleições presidenci­ais.

O processo para a consulta popular foi suspenso no dia 20 de Outubro, após decisões judiciais que cancelaram um recolhimen­to de assinatura­s necessário para a sua activação.

O Parlamento denunciou uma ruptura do marco constituci­onal e propõe-se declarar Maduro em abandono de cargo por suposto não cumpriment­o de suas funções.

Um julgamento político não está previsto na Constituiç­ão e, de qualquer forma, a justiça, segundo a MUD a Assembleia Nacional, razão pela qual as suas decisões são considerad­as ilegais.

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AFP Chefe de Estado venezuelan­o Nicolás Maduro disse que o diálogo serve apenas para estabiliza­r o país e preparar as presidenci­ais

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