Pequenas economias asseguram crescimento
Numa altura em que Angola e Moçambique enfrentam a queda dos preços dos principais produtos de exportação no mercado internacional, as pequenas economias do mercado de língua portuguesa, como a Guiné-Bissau e Cabo Verde, oferecem em 2016 melhores perspectivas de crescimento.
Num contexto do mais baixo crescimento económico africano dos últimos 20 anos (1,4 por cento), evidenciado no relatório sobre as Perspectivas Económicas Regionais para África a sul do Sahara, divulgado em Outubro pelo Fundo Monetário Internacional, países como a GuinéBissau, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde apresentam das melhores estimativas de crescimento.
Dados do FMI apontam que a economia guineense vai crescer 4,8 por cento em 2016, a são-tomense quatro por cento e a cabo-verdiana 3,6 por cento enquanto Moçambique, num contexto de austeridade e incerteza, tem uma estimativa de 4,5 por cento, Angola está em estagnação e a Guiné Equatorial deve registar uma recessão de 9,9 por cento.
“A conjuntura externa que muitos países enfrentam deteriorou-se, nomeadamente com a descida dos preços das matérias-primas para os seus níveis mais baixos em muitos anos e condições de financiamento muito mais restritivas e, além disso, a resposta de política em muitos dos países mais atingidos por estes choques foi tardia e insuficiente, o que agrava a incerteza, inibe o investimento privado e asfixia novas fontes de crescimento”, afirmou o director do Departamento de África do Fundo Monetário Internacional, Abebe Aemro Selassié.
O mais recente relatório do Banco de Portugal sobre as economias dos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) afirma que 2016 é um ano de “reanimação económica” em Cabo Verde, sobretudo com base no “investimento, recuperando os atrasos de 2015 e beneficiando do lançamento de alguns projectos privados na área turística.”
No estudo anual “Evolução das Economias dos PALOP e TimorLeste 2015-2016”, recentemente apresentado durante a reunião anual de governadores dos bancos centrais dos países de língua portuguesa, o Banco de Portugal aponta como principais riscos para a economia cabo-verdiana uma possível evolução da procura externa abaixo do esperado, incerteza relacionada com as três eleições que o país teve este ano e ainda a evolução das finanças públicas e da dívida do Estado.
Em relação à Guiné-Bissau, o Banco de Portugal assinala a melhoria das condições, iniciada em 2014 e mantida em 2015, apesar de riscos relevantes relacionados com a indefinição política no país.