Investimento na produção de arroz na linha de prioridades do Moxico
Região procura maximizar as vastas extensões de terras férteis e abundantes recursos hídricos
“Neste momento no Moxico trabalha-se arduamente para a província recuperar o seu lugar de grande produtor de arroz”
Para as gentes do Moxico, do pequeno agricultor lá no distante Alto Zambeze, o apicultor artesanal nos Bunda, ao empreendedor do ramo hoteleiro na sede da província, a decisão do Executivo de apoiar a produção de bens da cesta básica, promover a substituição gradual das importações, no âmbito da estratégia para a saída da crise e a diversificação da economia, vem numa boa altura.
A imensidão de terras aráveis e a quantidade de recursos hídricos estão associadas à vontade dos habitantes de produzir localmente aquilo que a guerra, principalmente esta, obrigou a consumir apenas o que vinha de outras regiões do país ou mesmo da Zâmbia.
Ao serem definidos programas dirigidos para os quais o Executivo, através dos seus departamentos ministeriais, tem direccionado apoios à produção e também ao investimento, na esteira do processo de diversificação, vários projectos empresariais públicos e privados puderam ser lançados ou reactivados.
O Moxico tem alguma tradição na produção de alguns bens como o arroz, o mel e a madeira, que se devidamente orientados os respectivos processos de produção, podem contribuir decisivamente para a resposta nacional às necessidades de aumentar a produção, além de garantir a segurança alimentar e contribuir para a entrada de divisas para o país através das exportações.
Neste momento, no Moxico trabalha-se arduamente para que a província recupere o seu lugar de grande produtor de arroz. Já vai longe o tempo em que esteve nos lugares cimeiros do ranking nacional dos produtores de arroz. A aposta agora é trabalhar para recuperar o estatuto de grande produtor.
Entretanto, oOutros projectos de produção estão a ser desenvolvidos com sucesso notável em vários municípios do Moxico, que aos poucos vê surgir polos de produção de milho, hortícolas, de povos e criação de aves para abate.
A abundância de recursos hídricos, terras férteis, aliadas à força de vontade e criatividade as famílias camponesas, fazem do Moxico uma província com as condições ideais para tornar-serapidamente uma potência agrícola.
Aliás, a contrastar com um passado recente em que importava tudo e mais alguma coisa, hoje a aforta de produtos agrícolas no mercado local e províncias fronteiriças já é um facto, enquanto a exportação para países vizinhos, como a República Democrática do Congo e Zâmbia começa a fazer parte das contas dos homens de negócios, animados com o apoio institucional para a implementação dos vários projectos na região.
Optimismo do governador
O governador da província do Moxico, João Ernesto dos Santos, destaca a implementação de dois projectos implantados na região e que vieram mudar definitivamente o mapa agrícola do Leste de Angola. Trata-se dos projectos Sacassanje, próximo do Luena, e a Fazenda Camaiangala, no município de Camanongue. O primeiro foi desenhado a pensar na produção, em grande escala, de todo o tipo de hortícolas, carne de cabrito e ovos, enquanto o segundo dedica-se à produção de milho, soja e suínos.
O governador explica que esses dois projectos localizados no território do Moxico são de âmbito central, estão em pleno funcionamento e que cada um deles cumpre a sua função, que é a produção de bens de consumo para a população daquela província e das regiões vizinhas.
“Sacassanje e Camaiangala são neste momento os projectos de bandeira na província do Moxico, têm subordinação central e são de grande dimensão, cumprindo com os objectivos estabelecidos pelo Executivo no quadro do programa de diversificação da economia e o aumento da oferta de bens alimentares para a população”, acrescenta.
O governador recorda que no quadro dos programas dirigidos, o relançamento da cultura do arroz na província do Moxico foi um dos projectos apreciados numa sessão conjunta das Comissões Económica e para a Economia Real do Conselho de Ministros que, em Junho deste ano, se realizou no Luena. “As orientações foram traçadas para que com os órgãos competentes do Executivo, nomeadamente a Agricultura e Economia, se possa trabalhar com os sectores privado e empresarial e encontrar as melhores formas para o relançamento efectivo da produção do arroz”, sublinha.Para já, os passos desenvolvidos até aqui para tornar realidade esse desafio lançado pelo Executivo aos empresários e camponeses individuais ou organizados em associações e cooperativas agrícolas começam a dar resultados.A começar pelos seminários realizados na cidade do Luena sob orientação de peritos de diversos departamentos ministeriais directamente ligados à implementação de programas de produção de bens alimentares, sobretudo do arroz.
A esse propósito, o governador explica que foram realizadas várias acções de capacitação para empresários e camponeses para que estejam organizados e conheçam as melhores técnicas do cultivo do arroz permitindo alcançar elevadas colheitas. Acrescenta que alguns desses empresários não tinham processos completos nem o estudo de viabilidade, mas que isso hoje está a ser feito e com sucesso visível. “Muitos empresários já têm feito algum trabalho no Cameia, um dos municípios que possuem várias extensões de terras propícias ao cultivo do arroz”, revela, explicando que delegações de empresários nacionais e estrangeiros têm cada vez mais como destino a província do Moxico onde recebem apoio institucional do Governo.
Aliás, no dia em que falou ao Jornal de Angola, o governador acabava de receber mais três destas delegações, o que é particularmente ilustrativo do interesse dos investidores nesta parcela no território nacional. “São empresários que dispõem de capital para inves-