Qualidade no ensino
A situação do nosso ensino tem sido um assunto muito debatido no país. E importa que a questão continue a ser abordada por todos aqueles que directamente ou indirectamente participam na tomada de decisões a respeito da qualidade do ensino em Angola.
É dado adquirido que sem qualidade das nossas escolas não teremos outros sectores a funcionar de forma eficiente. A educação é vital para o desenvolvimento de qualquer sociedade. São os quadros bem formados que constituem a mola impulsionadora do desenvolvimento.
Quadros bem formados contribuem grandemente para o crescimento económico e desenvolvimento, quer na Administração Pública quer no sector privado, produzindo ou prestando serviço. Queremos todos que haja no país empresas eficientes, mas, para tal, é necessário que tenhamos também boas escolas, para formar quadros à altura dos inúmeros e complexos problemas da sociedade.
É por isso que não podemos perder de vista a necessidade de se apostar permanentemente na qualidade do nosso ensino. É positivo que as autoridades ligadas à educação tenham já identificado os principais problemas que temos a nível do nosso ensino, mas é necessário que se tomem rapidamente medidas para atacar os problemas de modo a devolver às escolas o ambiente salutar que vai permitir a que tanto alunos quanto os professores sintam que aquela é de facto a sua segunda casa.
Identificar as razões porque alguns programas não funcionam ou não atingem os objectivos para os quais foram lançados é importante. Mas há que partir para um quadro de soluções que permita corrigir o que foi feito errado e implementar novas medidas para reforçar os efeitos dos programas que já estão em curso.
Recentemente ouvimos declarações da secretária de Estado da Educação alertando para o facto de haver muitas escolas privadas a introduzirem projectos curriculares sem a autorização dos órgãos competentes. Ana Paula Inês assinalou que por tratar-se de um assunto tão sério como é o ensino, impõe-se a todos uma postura de vigilância face àquelas atitudes manifestamente corrosivas a todo um sistema de importância capital para o equilíbrio e também para o futuro da sociedade angolana.
É pois fundamental que sejam reforçados os mecanismos de controlo e fiscalização do que se ensina nas escolas, pois está mais do que visto que há gente no sector mais pelo negócio, quando se sabe que o ensino tem muito a ver com a vocação seja ela natural ou adquirida.
O que é inadmissível é vermos impávidos e serenos pessoas com responsabilidades no processo de verificação e controlo da aplicação das regras no sector da educação fazerem vista grossa aos atropelos que se verificam nas instituições de ensino privado, onde por exemplo, são denunciados casos gravíssimos de organização e funcionamento.
Quantas vezes ouvimos o Ministério da Educação alertar para a necessidade de se observar o que diz a lei quanto a cobrança de propinas. É estranho que a cada final de ano lectivo ainda se registem casos em que pais e encarregados de educação a queixarem-se de cobranças à margem da lei. Muitos acabam por ter que calar-se por receio de sofrer alguma retaliação por parte do colégio onde tem o seu filho a estudar.
O que se pretende é que as entidades reguladoras e fiscalizadoras da área do ensino estejam atentas a esses fenómenos que não permitem o bom desempenho das nossas escolas. Os professores têm que ter condições de trabalho porque qualquer falha a esse nível tem reflexos directos na formação dos quadros que o país precisa e continuará a precisar no futuro.
É preciso haver determinação na aplicação do que está legalmente estabelecido para que não haja irregularidades nas nossas instituições de ensino, públicas e privadas. Os angolanos querem avançar para a superar o subdesenvolvimento e isso só se consegue com um ensino de grande qualidade. É de realçar o investimento que está a ser feito na qualidade dos professores, com a atribuição de bolsas para especialização no exterior do país. Mas precisamos de fazer ainda mais.
O aumento no número de escolas em todo o país permitiu atingir ou estar perto de atingir um grande objectivo nacional que é o da universalização do acesso a escolaridade. É de aplaudir. Chega a altura de olharmos para a qualidade e isso é um outro estágio. Existem bons exemplos que nos podem inspirar para, de acordo com as condições que temos, darmos o salto que pretendemos.
Os países que apostaram no capital humano, nalguns casos sem quais quer outros recursos, têm hoje alto nível de desenvolvimento. O facto de termos como meta entrar para o Grupo de Países de Desenvolvimento Humano Elevado até 2025 coloca-nos perante uma responsabilidade ainda maior, em particular no que diz respeito à educação. Como fazer da educação e ensino um factor realmente ao serviço das metas nacionais de desenvolvimento. Eis a questão.
Solidariedade com os idosos
Gostei de saber que professores do Lobito, província de Benguela, se solidarizaram com pessoas idosas, enviando-lhes bens diversos. Soube que se trata de idosos que vivem num lar da Igreja Católica do município do Lobito.