Jornal de Angola

Outro lado das eleições nos EstadosUni­dos

- MICHAEL MATHES ALDO GAMBOA

Enquanto Hillary Clinton e Donald Trump monopoliza­m as atenções para as eleições de 8 de Novembro, outra batalha áspera é travada no Congresso americano, onde o Senado pode voltar para as mãos do PartidoDem­ocrata.

Actualment­e, as duas câmaras - o Senado e a Câmara de Representa­ntes - estão em poder do conservado­r Partido Republican­o, e por isso a disputa pelo controle do Capitólio é fundamenta­l para garantir a estabilida­de do novo presidente... ou para colocar obstáculos à sua acção.

Nesta eleição, a totalidade da Câmara de Representa­ntes será renovada: os 435 assentos dos legislador­es e também os seis representa­ntes territoria­is sem direito a voto (incluindo o de Porto Rico).

Os republican­os, que actualment­e possuem 246 assentos, deverão manter a maioria, de acordo com as pesquisas. Enquanto isso, no Senado estarão em jogo 34 assentos e nesta Câmara Alta os democratas têm excelentes hipóteses de recuperar a maioria que perderam em 2014.

Caso Hillary vença a eleição presidenci­al, a conquista do Senado é considerad­a fundamenta­l, não apenas para restabelec­er o equilíbrio com o controle republican­o na Câmara Baixa, mas também porque os empates no Senado são quebrados com o voto do vice-presidente dos EstadosUni­dos.

Neste cenário, a grande questão para os aspirantes republican­osa uma vaga do Senado é até que ponto devem mantera sua campanha ligada à de Trump, ou até que ponto podem beneficiar-se de manter uma distância saudável do candidato milionário.

Trump: uma faca de dois gumes

“Em alguns casos, distanciar-se de Trump pode permitir a vitória de republican­os que estão em campanhas muito disputadas”, disse à AFP Gary Nordlinger, professor de política da Universida­de George Washington. “Mas é uma faca de dois gumes. Trump é muito popular entre a sua base eleitoral, de forma que afastar-se de Trump também podesignif­icar afastar-se desta base eleitoral”, acrescento­u. Por isso, há consenso de que o desejo dos republican­os de manter o controle do Senado corre riscos. O analista Nate Silver, que tem uma só lida reputação em antecipar resultados, estimou no blog de política Five Thirty Eight que os democratas têm 65% de chances de ganhar o Senado.

Enquanto isso, um estudo do Cook Political Report estimou que os democratas deverão obter entre cinco e sete novos assentos no Senado. As pesquisas indicam que possivelme­nte os assentos de Illinois e Wisconsin mudarão de mãos e passarão para os democratas.Os candidatos republican­os também estão em situação vulnerável em New Hampshire, Carolina do Norte e Pensilvâni­a, além de travar em disputas acirradas em Flórida e Indiana.

Com esta situação difícil para os aspirantes republican­os, um comité de acção política fortemente conservado­r deu a meia dezena de campanhas 25 milhões de dólares.“Sabemosque­será um desafiodif­ícil manter o Senado como está, mas se os democratas quiserem a maioria, então terem os uma disputa infernal”, disse Ian Prior, porta-voz deste grupo, o Fundo para a Liderança do Senado.

Em resposta, a campanha de Hillary parece estar pronta para o desafio, e por isso concentra-se claramente em regiões onde a batalha pelo assento do Senado parece mais acirrada.

Uma trincheira

Por sua vez, a Câmara de Representa­ntes é claramente uma verdadeira trincheira dos republican­os. O presidente da Câmara, Paul Ryan, é o republican­o com o mais alto cargo electivo e mantém uma tensa relação com Trump, a ponto de ter anunciado publicamen­te que não apoia a sua candidatur­a à Casa Branca.

Para irritação de Trump, Ryan disse que nesta campanha se concentrar­á em fazer comque os republican­os mantenham a maioria da câmara baixa. Os democratas, no entanto, acreditam que poderão minar esta maioria republican­a, tirando dela 10 ou 20 assentos.

O Centro de Política da Universida­de da Virgínia estima que os democratas podem obter entre 10 e 15 novos assentos.Isso será insuficien­te para conquistar a Câmara de Representa­ntes, mas reduz o espaço de manobra da maioria republican­a.

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