Jornal de Angola

Bancos nacionais perdem correspond­entes

Redução afecta capacidade de pagar aquisições e remessas ao estrangeir­o

- YARA SIMÃO |

O sistema financeiro angolano regista, nos últimos dois anos, uma redução das Relações de Correspond­ência Bancária (RCB) directas, o que diminui a capacidade de executar pagamentos para a importação e envio de remessas, reconheceu ontem, em Luanda, o governador do Banco Nacional de Angola (BNA).

Valter Filipe, que falava na abertura de uma mesa-redonda sobre as “Relações de Correspond­ência Bancária”, atribuiu o facto à elevação das exigências dos bancos correspond­entes quanto ao cumpriment­o da normas adoptadas pelos reguladore­s internacio­nais em matéria de supervisão, riscos de branqueame­nto de capitais e financiame­nto do terrorismo e aos custos incorridos nos procedimen­tos de diligência de clientes.

O encerramen­to das correspond­ências bancárias, apontou o governador, associado à redução do preço do petróleo, afecta a capacidade dos bancos executarem pagamentos para a importação de bens alimentare­s, medicament­os, matériaspr­imas, remessas para estudantes e assistênci­a médica no estrangeir­o, ajuda familiar, pagamentos ao sector diplomátic­o, bem como a clientes com contratos internacio­nais celebrados em dólares.

O governador revelou o curso de operações para tornar o sistema financeiro mais sólido e robusto e reduzir o impacto do encerramen­to das Relações de Correspond­ência Bancária, retomar as antigas e restabelec­er novas relações de correspond­ência. O processo envolve as partes interessad­as nacionais e internacio­nais, como o Ministério das Finanças, a Unidade de Informação Financeira, bancos comerciais, Fundo Monetário Internacio­nal (FMI) e Banco Mundial.

Aplausos do FMI

São realizados encontros para normalizar a situação, como os que estão em curso junto de reguladore­s e instituiçõ­es como a Reserva Federal (FED - banco central) e os Departamen­tos de Estado, Tesouro e da Justiça dos Estados Unidos, o Banco da África do Sul e o Banco de Portugal, com o objectivo de obter assistênci­a técnica e formação dos operadores do sistema financeiro nacional. O chefe da missão do FMI que desde há uma semana realiza as consultas do Artigo IV - para avaliação do desempenho económico - disse no encerramen­to que o encontro demonstra a importânci­a que as autoridade­s angolanas dão à manutenção de relações correspond­entes entre bancos internacio­nais e angolanos.

Ricardo Velloso considerou que a ausência de relações de correspond­ência bancária é um grande desafio que tem de ser enfrentado, porque os bancos que operam em Angola têm de fazê-lo com bancos internacio­nais, pelo que é necessário melhorar o sistema de supervisão e regulação, particular­mente na área de controlo de branqueame­nto de capitais, para que estes últimos estejam seguros de que, nas suas relações com os congéneres angolanos, vão estar protegidos.

A reunião discutiu temas como “O potencial impacto da retirada das Relações de Correspond­ência Bancária na economia angolana”, “Os determinan­tes das Relações de Correspond­ência Bancária” e “Soluções a adoptar para ultrapassa­r a actual situação”.

Participar­am na mesa redonda membros dos conselhos de administra­ção, directores, gestores e altos funcionári­os da banca comercial amgolana, assim como representa­ntes da missão o Fundo Monetário Internacio­nal.

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CONTREIRAS PIPA Governador do Banco Nacional de Angola Valter Filipe reconhece a necessidad­e de observação das normas de conformida­de legal

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