Os republicanos conquistam tudo
DONALD TRUMP É O PRESIDENTE ELEITO DOS ESTADOS UNIDOS Vitória do republicano abre o debate sobre a condução pacífica da política internacional
Donald Trump, o vencedor das presidenciais de terça-feira nos Estados Unidos, chegou à Casa Branca com uma mão cheia de promessas de união, estabilidade, prosperidade económica, aquilo que os norte-americanos não só queriam ouvir mas há muito pediam e não encontravam respostas plausíveis nas políticas da Administração Obama.
O agora Presidente dos Estados Unidos, que triunfou numa campanha contra tudo e contra todos, garantiu, no discurso de vitória, “reconciliar todos os norte-americanos”, que foram às urnas profundamente polarizados, em eleições que deram sempre como certa a vitória de Hillary Clinton, a democrata que viu o seu sonho engolido na força de um candidato que não se deixou desmoralizar pela imprensa, nem pelas declarações vexatórias de líderes políticos de simpatia doméstica e internacional.
O vencedor confidenciou aos seus apoiantes, num dos hotéis de Nova Iorque, que Hillary Clinton o felicitou pelo triunfo. “Eu agradeci e felicitei-a também pelo desempenho nessa campanha e por tudo que ela já fez pelo nosso país”, disse Trump, tendo pedido, a seguir, uma salva de palmas pela candidata democrata.
Donald Trump assumiu uma postura ponderada. Apareceu perante os norte-americanos como conciliador, um homem verdadeiramente preocupado com o desenvolvimento dos Estados Unidos e o bemestar dos norte-americanos. Trump deu o primeiro sinal de distanciamento das falas inflamadas e dos discursos discriminatórios, muito presentes nos seus comícios e que marcaram a sua campanha como tendo sido contra os imigrantes, o sistema político nacional e a favor da Rússia. Para variar, Donald Trump comprometeu-se a ser o Presidente de todos os americanos. “A todos os republicanos, democratas e independentes, nesta nação, digo que é o momento de nos reconciliarmos como um povo unido”, afirmou Trump, de 70 anos, que lançou a sua campanha presidencial há um ano e meio. Também voltou a referir que vai apostar na reconstrução do país e integrar todas as pessoas sem diferenças de raça, religião ou origem. “Vamos trabalhar juntos na tarefa de renovar a nação e construir o nosso sonho”, frisou.
No plano internacional, o novo Presidente dos Estados Unidos, que toma posse em Janeiro de 2017, anunciou que quer “se dar bem com todas as nações do mundo, desde que tenham vontade de se dar bem com os EUA.” Durante a sua campanha, Donald Trump esclareceu que só uma aproximação à Rússia pode melhorar o quadro das relações internacionais. Os Estados Unidos perderam muito do seu protagonismo político, apesar de estarem em frentes como a Líbia, Ucrânia, Síria, Iraque, onde promoveram climas insensíveis e de grande desestabilização.
Na visão do Presidente eleito dos Estados Unidos, o mundo ganha mais com a concertação de políticas internacionais que reforcem os Estados e combatam as ameaças à pacificação como o terrorismo, a imigração ilegal, o tráfico de pessoas e a sabotagem de programas económicos e financeiros, nos corredores de lavagem de dinheiro.
A expectativa é grande em torno do espaço que Donald Trump vai ter para implementar as principais linhas da sua campanha, já que, na prática, muitas delas podem significar não apenas um retrocesso nos valores consolidados pela humanidade no campo dos direitos humanos, mas também uma mudança de paradigma na personalidade política dos Estados Unidos. Entre estas, a promessa da construção de um muro na fronteira com o México afigura-se como a mais perigosa, o que decerto vai certificar que as linhas da campanha podem mesmo ser executadas. E, a partir daí, as demais promessas, por mais constrangedoras que sejam, vão ter espaço para ser realizadas contra todas as expectativas.
A questão, na verdade, que se coloca em muitos círculos é: Donald Trump vai mesmo alterar a política externa dos Estados Unidos, como prometeu na campanha?
Congresso
Os republicanos conseguiram manter o controlo das duas câmaras do Congresso dos Estados Unidos nas eleições de terça-feira, segundo os principais veículos de imprensa norte-americanos. Os conservadores vão dominar o Legislativo, pelo menos nos próximos dois anos, o que permitirá ao presidente eleito, Donald Trump, um mandato confortável na Casa Branca. Os democratas tinham certas chances de recuperar a maioria no Senado, onde foi renovado um terço dos cem assentos, mas os conservadores conseguiram manter a maioria (54 a 46), apesar de, desta vez, ser menos folgada.
“Os republicanos ganharam, porque temos as melhores opções e fizemos todos os preparativos para concorrer num contexto político volátil”, afirmou o presidente do Comité Senatorial Nacional Republicano, Roger Wicker.
Em Illinois, a democrata Tammy Duckworth derrotou Mark Kirk, conseguindo diminuir a desvantagem para os republicanos, que mantiveram as cadeiras em Arizona, Flórida, Geórgia, Iowa, Indiana, Kentucky, Carolina do Norte, Ohio e Wisconsin. Catherine Cortez-Masto conseguiu conservar para os democratas o assento do até agora líder da minoria democrata, Harry Reid, que há várias décadas representa Nevada no Senado norte-americano e vai-se aposentar neste ciclo eleitoral. De quebra, ela tornou-se a primeira latina a ser eleita senadora nos EUA.
Na Flórida, o cubano-americano Marco Rubio, que disputou com Donald Trump a indicação para a candidatura do Partido Republicano à presidência, foi reeleito como senador para outros seis anos, vencendo o democrata Patrick Murphy.
Em Ohio, outro republicano, Robert Portman, ganhou com tranqulidade, assim como Chuck Grassley em Iowa. O especialista em eleições, John Fortier, explicou que o Senado estaria muito mais dividido do que antes, o que dificulta a sua efectividade nos próximos anos. Já na Câmara dos Representantes, o senador estadual por Nova Iorque, Adriano Espaillat, é o primeiro dominicano a ocupar uma vaga no Congresso.