Chega e Mata recorda os sacrifícios
Domingos Francisco Contreiras Neto estava na zona de Quifangondo no momento em que, em Luanda, o Presidente do MPLA, Agostinho Neto, proclamava a Independência Nacional.
Tropas sob o seu comando garantiam a segurança do Presidente e de outras figuras históricas no largo apinhado de gente, embora a poucos quilómetros da capital se desenrolassem combates decisivos para o futuro do país, e desfilaram no acto.
Nzamba Chega e Mata, como era conhecido durante os anos de guerra, recebeu os repórteres do Jornal de Angola no quarto da humilde casa de uma divisão, na Ilha de Luanda, onde vive com os 15 filhos. Disse ter estado antes no Cuanza Sul, de onde voltou para Luanda. Com um grupo estacionado no então R-20, começou a preparar o acto de proclamação da Independência, mas, três dias antes, recebeu ordens para reforçar as tropas em Quifangondo, onde se travavam violentos combates contra unidades da FNLA, reforçadas pelo exército do então Zaire e mercenários estrangeiros, entre os quais portugueses.
“A minha tropa que esteve na Praça (da Independência) fez o corredor de protecção ao Presidente António Agostinho Neto. Foi bem treinada no R-20. Imperial Santana foi o cidadão que içou a bandeira”, contou o antigo comandante. Para Nzamba Chega e Mata, o MPLA, no qual militou durante muito tempo, é o único partido que tem no coração. Ainda estava no exército português e já ansiava por fazer parte desse movimento. Recorda que, em 1960 e 61, ao circular por alguns bairros de Luanda, como o Operário, ouvia falar na coragem, atitude, entrega à causa e do programa político que o Presidente Agostinho Neto tinha para o povo. “Esses comentários levaram-me a integrar o MPLA”, afirmou.
Atento à proclamação
Apesar da situação, muitos portugueses eram amigos dos angolanos, afirmou. A luta movida pelo MPLA, “justíssima”, era contra o colonialismo. “Quem criou este partido, fundou a democracia em Angola”, acrescentou. “Apesar do ambiente de grande instabilidade, manteve sempre a certeza na vitória.” Nzamba Chega e Mata afirmou que, embora estivesse envolvido nos combates em Quifangondo, procurava manter-se informado sobre o que se passava em Luanda. Chorou ao ouvir Agostinho Neto proclamar a Independência. Pouco tempo antes, haviam-se envolvido em fortes combates na Refinaria de Luanda, cujas instalações haviam sido ocupadas por militares da FNLA e do exército zairense fugidos dos musseques de Luanda.