Mais professores no ensino especial em Angola
Educadores brasileiros orientam dezenas de técnicos para o país corrigir o défice no sector
Mais de 13 mil professores vão receber, a partir do próximo ano, conhecimentos técnicos para darem aulas a pessoas com necessidades educativas especiais, no âmbito da Política Nacional sobre Educação Especial Orientada para a Inclusão Educacional.
A informação foi avançada ontem, na cidade de Menongue, pelo director nacional para a Educação Especial, Jorge Pedro, que anunciou a chegada a Luanda, já em Dezembro, de três especialistas brasileiros que, em um mês, vão formar 15 técnicos que, por sua vez, vão depois transmitir os conhecimentos adquiridos a colegas nas 18 províncias do país.
O objectivo da formação, de acordo com Jorge Pedro, que, em Menongue, apresentou o projecto, é o aumento do número de professores para o asseguramento do subsistema de ensino especial. O objectivo fundamental, acentuou, é a formação contínua de quadros, a maior oferta no Atendimento Educativo Especializado (AEE), a construção de mais escolas e a eliminação de barreiras para a inserção de todas as pessoas com necessidades educativas especiais no processo de ensino e aprendizagem.
O director nacional para a Educação Especial lembrou que Angola ganhou recentemente a primeira gráfica para a tradução de livros do ensino geral para Braille.
Os livros, para os alunos da iniciação à 9ª classe, começam a ser usados a partir do próximo ano lectivo.
Jorge Pedro acrescentou que Angola tem, desde este ano, um dicionário de língua gestual angolana, cuja segunda edição já está a ser trabalhada, com a revisão de mais de 800 palavras do contexto angolano.
Sem avançar o número de professores controlados pelo sector que dirige, Jorge Pedro explicou que, em todo o país, estão matriculados mais de 28 mil alunos com deficiência física, motora, auditiva, visual e transtornos mentais, distribuídos por 797 escolas, sendo 20 do ensino especial e 777 inclusivas, nome utilizado para designar as escolas onde estudam também pessoas com necessidades educativas especiais.
O alto funcionário do Ministério da Educação deu ênfase ao facto de ter aumentado consideravelmente o número de alunos com necessidades educativas especiais no sistema de ensino e aprendizagem em Angola, um facto que é resultante das campanhas de sensibilização.
Expansão do ensino especial
Jorge Pedro considerou que, para a contínua expansão do ensino especial, se deve ter em conta a construção e localização das escolas, o recrutamento e a formação dos educadores e gestores escolares, o fornecimento de materiais didácticos e equipamentos para melhor qualidade do processo educacional. Também é necessário envolver as famílias e as comunidades no processo de escolarização para ampliar as possibilidades de sucesso escolar, acrescentou Jorge Pedro, que insistiu na necessidade do desenvolvimento do sistema de gestão de informação sobre indicadores quantitativos e qualitativos, para a monitorização sistemática da eficiência e eficácia dos serviços da educação especial.
A formação contínua, o incentivo à investigação e à experimentação pedagógica e o estabelecimento de parcerias com associações e instituições que actuam no campo do direito das pessoas com deficiência constam das prioridades.
A província do Cuando Cubango matriculou neste ano lectivo 869 alunos com deficiência física, auditiva, visual e transtorno mental, dos quais 661 no ensino primário e 208 no primeiro ciclo, informou, no acto de apresentação do projecto, a responsável provincial para a Educação Especial.
Amélia Jamba disse que, actualmente, o Cuando Cubango dispõe apenas de duas escolas especiais, uma sob gestão da Igreja Evangélica Congregacional de Angola (IECA) e outra da Igreja Católica, asseguradas por 40 professores. Amélia Jamba lamentou que o facto de “muitos pais e encarregados de educação não se interessarem em matricular os seus filhos com necessidades especiais”.