CARTAS DO LEITOR
Centro de formação
Os centros de formação da Igreja Católica um pouco por todo o país desempenham um papel instrumental na formação de angolanos e angolanas para serem úteis hoje e amanhã. As valências trazidas por estes centros, ao lado de outros criados pelas entidades públicas, contribuem decisivamente para que numerosos jovens se afastem de condutas desviantes. Acho que o desafio que a Igreja Católica se impôs a si mesma, com a criação de centros de formação, devia ser seguido por outras denominações religiosas que tendem sempre a ganhar alguma coisa.
A utilidade não se reverte apenas ao Estado e às famílias, mas igualmente às igrejas na medida em que jovens com formação podem contribuir positivamente para benfeitorias nas suas congregações religiosas. Aliás, as igrejas que se encontram há muito tempo em Angola não podem perder de vista o papel que sempre tiveram na formação do homem e mulher angolanos. Num mês como este, em que comemoramos a Independência Nacional, nunca é demais lembrar que inclusive no despertar da consciência nacionalista estiveram em primeiro plano as igrejas. E as outras que vieram instalar-se muito tempo depois da proclamação da Dipanda, precisam de aprender com o papel que as suas predecessoras tiveram na formação do angolano.
Como cristão, acredito que todas as igrejas querem o bem para si e para o Estado que as acolhe e respeita a liberdade do exercício da fé em todo o território nacional.
Tecnologias de informação
Sou técnico de informática e acompanho com atenção o debate em torno das redes sociais. Acho que o debate representa que as pessoas amadureceram o suficiente, atendendo à forma como cada um apresenta os seus argumentos. Há apenas a lamentar a forma unilateral como muitos encaram as redes sociais. Preferem alguns encarar apenas negativamente.
As redes sociais, à semelhança de numerosas outras ferramentas inventadas pelos seres humanos, representam sempre vantagens e desvantagens. Mais do que ficarmos a sensibilizar a sociedade sobre os seus perigos, que existem na verdade, mais vale criarmos mecanismos que previnem o pior. Há dias, ouvi numa palestra um prelector a enfatizar o papel negativo que as redes sociais desempenham na sociedade.
Contrariamente a nenhuma referência às vantagens, o homem destilou todo o seu fel contra as redes sociais. Acho que precisamos de debitar as nossas opiniões sobre as redes sociais com o devido tacto porque, como se pode notar com relativa facilidade, as redes proporcionam vantagens e desvantagens. Precisamos de olhar para outras formas para compensar o alegado prejuízo que as redes sociais proporcionam. Prefiro olhar para a educação, repensar o papel das famílias e das escolas para que tenhamos mais equilíbrios. Um investimento na educação das pessoas, a criação de leis eficazes e uma actuação profissional dos órgãos competentes contribuem, ao menos, para que delitos de maior gravidade não aconteçam.
Espaços públicos
Vivo na Terra Nova, localidade do Rangel, e escrevo pela primeira vez para o Jornal de Angola para falar sobre os espaços públicos. Particularmente, a forma como a gestão privada “toma de assalto” espaços, a maior parte deles localizados em áreas outrora de domínio público. Não domino muito bem questões de índole jurídica, sobretudo ligadas à gestão dos espaços públicos, mas tenho a certeza que há legislação sobre isso.
Há alguns anos, tal como ainda sucede em muitas latitudes, numerosos espaços públicos passaram para o domínio privado nem sempre com a devida observância dos ditames legais. O interesse público deve sempre prevalecer sobre o privado, facto determinado pelo Direito, numa altura em que importa estabelecer bem os limites para que não testemunhemos numerosos atropelos. No que aos terrenos diz respeito, os problemas de apropriação indevida e expropriação são permanentes, independentemente das pessoas terem conhecimento do que determina a Lei de Terras.