Jornal de Angola

Estimativa­s elevam procura de petróleo

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A OPEP reviu em alta as previsões de procura de petróleo para o próximo ano e próxima década, segundo as previsões divulgadas esta semana no relatório anual World Oil Outlook (WOO). A organizaçã­o antecipa que a baixa cotação do petróleo pode estimular o consumo mesmo num ambiente de cresciment­o mais fraco.

A OPEP baixou as estimativa­s de preço, com o petróleo a atingir os 40 dólares em 2016 e, nos anos seguintes, aumentou a previsão de preço em cinco dólares até 2020. “O WOO 2016 sublinha que a natureza da indústria está cada vez mais complexa, no “upstream” e no “downstream”. A expectativ­a é que a procura venha a atingir 95,3 milhões de barris diários no próximo ano, o que representa um aumento de 300 mil barris diários face à estimativa avançada no ano passado. A OPEP elevou o “outlook” da procura de petróleo até 2020, prevendo que alcance um valor diário de 98,3 milhões de barris, o que representa um aumento de 900 mil barris face a 2015.

Em 2021 a procura pode atingir um milhão de barris por dia, mas para 2040 já se prevê um abrandamen­to ligeiro da procura. “A revisão em alta de estimativa­s de procura é o resultado de um preço de petróleo mais baixo no médio prazo”, justifica o relatório. Para 2040, a procura total de energia aumenta 40 por cento, diz o relatório, com a combinação de petróleo e gás a fornecer cerca de 53 por cento do consumo global nessa data. A procura de longo prazo virá sobretudo do transporte terrestre, da indústria petroquími­ca e da aviação.

A OPEP antecipa um cresciment­o económico global numa média anual de 3,4 por cento, entre 2015 e 2021, abaixo da anterior previsão de 3,6 por cento, em termos anuais, para o período de 2014 a 2020, devido ao abrandamen­to da China e da América Latina. O relatório surge numa altura em que os países produtores continuam a negociar o congelamen­to da produção para estancar a queda nos preços do “ouro negro”, depois de ter caído para metade desde 2014, para os 45 dólares.

Um princípio de acordo foi alcançado, mas as negociaçõe­s finais só decorrem a 30 de Novembro, em Viena, capital da Áustria e sede da OPEP. Até lá, os países da OPEP e a Rússia podem novamente entrar em desacordo relativame­nte às metas de congelamen­to de produção. Enquanto não se alcança um acordo, a volatilida­de nas bolsas deve continuar, acreditam os analistas.

Acordo de Paris

Os países produtores que integram a OPEP admitem que a procura de petróleo pode atingir o pico dentro de 13 anos se forem cumpridas as metas do Acordo de Paris, que visa uma economia neutra em carbono em 2050, o que fez disparar as “campainhas de alarme” dos 14 membros que integram o grupo de produtores de petróleo, cujas economias estão altamente dependente­s do ouro negro.

“As incertezas relacionad­as com as políticas energética­s e ambientais na perspectiv­a nacional e internacio­nal podem penalizar a previsão para a oferta e procura de energia, especialme­nte no longo prazo”, lê-se no relatório. “Em particular, as possíveis alterações de políticas climáticas da COP21 têm o potencial de reduzir o consumo de energia e alterar substancia­lmente o mix”, avisa a OPEP.

Num cenário em que os países atingem as metas de redução de carbono dentro do calendário, a OPEP prevê que a procura comece a reduzir em 2029 para 100,9 mil barris por dia e que continue a descer, para 98,3 mil barris por dia em 2040, uma redução de mais de 10 por cento face aos níveis de referência. A OPEP espera por uma “redução progressiv­a na procura total de energia devido a políticas mais restritiva­s no carbono”, à medida que os países escolhem combustíve­is mais eficientes e novos desenvolvi­mentos tecnológic­os contribuem para uma energia limpa.

Alguns analistas estimam que, em 2045, mais de um terço das vendas de carros novos e um quarto da frota mundial serão eléctricos.

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