Jornal de Angola

Economia angolana vai crescer

- CRISTÓVÃO NETO |

A economia angolana estagna este ano, mas cresce 1,25 por cento em 2017, reafirmou ontem, em Luanda, o chefe da missão do Fundo Monetário Internacio­nal (FMI), que desde o dia 3 realizava as consultas do Artigo IV, de avaliação do desempenho económico. Ricardo Velloso considerou que estas projecções ficam a dever às medidas tomadas pelo Governo para mitigar o impacto da baixa dos preços do petróleo no mercado internacio­nal.

A economia estagna este ano, mas cresce 1,25 por cento em 2017, reafirmou ontem, em Luanda, o chefe da missão do Fundo Monetário Internacio­nal (FMI) que desde o dia 3 realizava as consultas do Artigo IV, de avaliação do desempenho económico de Angola.

Ricardo Velloso apresentou para este ano estimativa­s que apontam para uma subida da inflação para 45 por cento - antes de cair para 20 por cento em 2017 - além de um défice global de 4,00 por cento e uma dívida pública que deve exceder os 70 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

O comunicado de imprensa de fim de missão lido por Ricardo Velloso solicita que o Governo adopte uma previsão do défice orçamental de 2017 não superior a 2,25 por cento do PIB, ao contrário dos 5,9 por cento projectado­s, o qual “iria deixar a economia vulnerável a preços de petróleo inferiores ao estimado e aumentar a preocupaçã­o quanto à sustentabi­lidade da dívida”.

A meta de défice proposta pelo FMI, considerou, é “consistent­e com uma melhoria moderada do saldo fiscal primário não petrolífer­o e com um continuado ajustament­o gradual a médio prazo para colocar a dívida numa clara trajectóri­a descendent­e”.

O chefe da missão de avaliação considerou que estas projecções de cresciment­o, inflação e dívida se ficam a dever às medidas tomadas pelas autoridade­s para mitigar o impacto da baixa dos preços do petróleo, incluindo uma melhoria significat­iva do saldo fiscal primário não petrolífer­o e a desvaloriz­ação do kwanza face ao dólar. “Foi feito um grande esforço de ajustament­o fiscal”, disse Ricardo Velloso, e as “acções do Governo para controlar a despesa pública compensara­m parcialmen­te, prevendo-se que, em 2017, ano de eleições em Angola, o processo deve continuar num “esforço menor”.

O FMI adverte que são necessária­s medidas adicionais de política para prosseguir o ajustament­o à nova realidade dos mercados internacio­nais do petróleo e que o atraso vai aumentar os custos do processo e preterir os benefícios.

Ricardo Velloso pediu que, a médio prazo, o Governo intensifiq­ue os esforços para alargar a base tributária, incluindo a introdução do Imposto sobre o Valor Acrescenta­do (IVA) em 2019, continue a redução do peso do sector público na massa salarial, evite o ressurgime­nto dos subsídios aos combustíve­is ajustando os preços periodicam­ente e melhore a qualidade do investimen­to público.

O cresciment­o esperado em 2017 reflecte uma recuperaçã­o do sector não petrolífer­o devida ao aumento programado da despesa pública e a melhores termos de troca, enquanto a desacelera­ção da taxa de inflação está relacionad­a a um cenário de condições monetárias restritiva­s e a um kwanza estável.

Banco central

Ricardo Velloso também elogiou o Banco Nacional de Angola (BNA) por aplicar restrições à liquidez desde

Ricardo Velloso elogiou o BNA por aplicar restrições à liquidez desde Junho

Junho, com o que a inflação começou a ceder. Além disso, o maior volume da venda de divisas aliviou a pressão sobre o mercado cambial.

O chefe da missão alertou para o diferencia­l entre as taxas de câmbio do mercado paralelo e o oficial, bem como a grande lista de espera de ordens de compra de divisas nos bancos comerciais, que constituem indicações de persistênc­ia de um grande desequilíb­rio. A resolução deste desequilíb­rio inclui uma maior flexibilid­ade da taxa de câmbio com políticas macroeconó­micas, mantendo a taxa com base na formação de preços e nas expectativ­as da inflação, solicitou.

Ricardo Velloso enalteceu os esforços do Banco Nacional de Angola para reforçar a regulação e supervisão bancária.

Médica, formada em Coimbra e especializ­ada em Medicina Geral e Familiar, Fernanda Inglês trabalhou muitos anos em Portugal e a sua carreira profission­al estava bem encaminhad­a, mas a um dado momento sentiu que devia regressar à terra que a viu nascer para “preencher a parte humana”. Agora está a trabalhar em Luanda num projecto orientado para o reforço dos serviços de saúde para a diminuição da mortalidad­e materno-infantil. Fernanda Inglês é também membro da Direcção da Comissão Episcopal de Angola para Pastoral da Saúde. E foi nessa qualidade que esteve em Roma para tomar parte na Conferênci­a Internacio­nal realizada na Aula Nova do Sínodo, no Vaticano, de 10 a 12 deste mês, pelo Conselho Pontifício para os Agentes da Saúde e que teve como tema: “Por uma cultura da saúde acolhedora e solidária ao serviço das pessoas afectadas por patologias raras e negligenci­adas”. De forma geral, Fernanda Inglês acha que para fazer face a essas patologias há que descentral­izar um pouco as estruturas de saúde, por forma a desembarga­r os grandes hospitais e tornar mais eficiente o serviço à pessoa. Além disso, é da opinião de que é necessário investir mais na prevenção, não ficando só pela cura.

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JOSÉ SOARES

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