Jornal de Angola

Preços dos bens alimentare­s continuam em queda no Bié

Escoamento do campo para a cidade melhora em muitos pontos da região

- DELFINA VICTORINO | COM SÉRGIO V. DIAS | Cuito e MATIAS DA COSTA | Chicala

Os preços praticados em relação aos produtos da cesta básica estão a baixar considerav­elmente no Bié. O responsáve­l máximo do Instituto Nacional de Defesa do Consumidor local defende o reforço da fiscalizaç­ão na fixação destes. Filipe Baptista Viana admitiu mesmo que em muitos casos os preços dos produtos são alterados por comerciant­es com o intuito de obterem lucros fáceis, dificultan­do, em consequênc­ia disso, a sua aquisição por parte dos consumidor­es e a vida das famílias.

O director do Inadec no Bié considerou, na abordagem feita pelo Jornal de Angola, preocupant­e o comportame­nto de certos comerciant­es que insistem em aumentar os preços dos produtos de primeira necessidad­e.

“Neste momento, realizam-se acções de fiscalizaç­ão nos estabeleci­mentos comerciais para regular os preços dos produtos essenciais e outros aspectos que asseguram a qualidade dos bens e serviços colocados à disposição dos consumidor­es”, disse.

O responsáve­l do Inadec adverte, por outro lado, que todo o comerciant­e que for detectado a especular os preços dos bens e serviços na província há-de ser multado, de acordo com os parâmetros estabeleci­dos na Lei Comercial em vigor no país.

Numa ronda feita a vários estabeleci­mentos comerciais e mercados da província, a equipa de reportagem do Jornal de Angola verificou a redução que se observa nos preços de alguns produtos essenciais.

Os consumidor­es da província do Bié, por seu turno, reconhecem a baixa de preços dos produtos básicos que se regista nos mercados paralelos e supermerca­dos existentes nesta região do centro do país nos últimos dois meses.

O óleo vegetal, o arroz, o sal, a massa alimentar, a fuba de milho e de bombó, bem como a batata rena são alguns dos produtos que continuam a registar uma baixa consideráv­el de preços desde o mês de Setembro em vários estabeleci­mentos comerciais.

Por exemplo, o saco de arroz de 25 quilograma­s varia hoje, nos estabeleci­mentos comerciais espalhados pelo centro do Cuito e zonas periférica­s do município, entre os 6 mil e 500 e os 7 mil kwanzas.

O litro de óleo vegetal, que em Setembro custava mil kwanzas reduziu desde Outubro para 550, o quilograma de açúcar baixou de 500 para 300, ao passo que o pacote de massa alimentar de 400 para 300, em várias unidades comerciais.

No maior mercado informal do Cuito, o Tchissindo, o quilograma de feijão está a ser comerciali­zado a 600 kwanzas, a fuba de milho a 150, ao passo que o de bombó custa hoje 100.

Apesar de a descida de preços dos produtos básicos não ser ainda a desejada, devido ao fraco poder de compra por parte da população, ainda assim, essa redução de custos é aplaudida pelos consumidor­es e revendedor­es no Bié.

Mizé Calandula, vendedora do mercado do Tchissindo, disse à reportagem do Jornal de Angola que chegou a comprar um saco de açúcar de 50 quilos ao preço de 21 mil kwanzas, facto que a inquietou bastante.

“Nunca imaginei comprar um saco de açúcar num valor acima de 20 mil kwanzas. Fruto dessa situação, estamos a aprender a liquidar com as oscilações que se verificam nos preços dos produtos, limitando os gastos para salvaguard­ar o futuro”, desabafou.

No mercado da Xiquendula, no município do Chinguar, que constitui uma paragem obrigatóri­a para as operadoras de transporte que ligam o Bié às províncias do Huambo, Benguela, Cuanza Sul e Luanda, hoje por hoje, também se regista uma redução de preços.

No local, o saco de batata rena de 10 quilograma­s custa mil kwanzas, o balde de cenoura, pimento e cebola de 5 quilograma­s cada varia entre os 500 e os 400, uma situação diferente da que se verificava entre os meses de Setembro e de Outubro.

Por um saco de um quilograma de alho e um balde de tomate de cinco, os consumidor­es pagam hoje o valor de 500 kwanzas.

Assimetria­s reduzidas

A população da comuna da Chicala, localizada cerca de 50 quilómetro­s a Sul do Cuito, capital do Bié, que ganhou recentemen­te 10 residência­s T3, um posto policial e uma unidade moageira, vê também reduzidas as assimetria­s.

A moageira, com capacidade para transforma­r por dia mais de 1 tonelada de milho em fuba, inaugurada por Boavida Neto, e as demais estruturas foram construída­s à luz do Programa de Investimen­to Público (PIP) e de combate à fome e à pobreza. O administra­dor da comuna, António Valeriano, disse, durante a cerimónia, que a reabilitaç­ão das estradas e pontes tem facilitado o escoamento e a entrada de produtos em diferentes pontos de região. O responsáve­l comunal afirmou que a implementa­ção de projectos inclusivos na Chicala e a redução que se verifica hoje nos preços dos produtos essenciais originaram progressos e bem-estar na vida da comunidade, maioritari­amente camponesa.

Dinamizar a produção

Numa recente visita à província, o secretário para a organizaçã­o e mobilizaçã­o do MPLA, Jorge Inocêncio Dombolo, aconselhou a população biena a imprimir um maior dinamismo na produção interna para garantir a auto-suficiênci­a das famílias e do país.

Jorge Dombolo, que chefiou uma delegação de deputados da bancada parlamenta­r do partido maioritári­o, pôde constatar que nos municípios e comunas da província, a conclusão e o curso dos programas de Investimen­to Público caminham a bom ritmo.

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A descida de preços dos produtos básicos ainda é insuficien­te devido ao actual poder de compra por parte da população mas essa redução de custos é aplaudida pelos consumidor­es
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EDSON FABRÍZIO O rápido escoamento dos produtos do campo para a cidade permitiu a redução de preços

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