Kabila promete fazer respeitar o acordo de paz e a Constituição
O Presidente cessante da República Democrática do Congo (RDC), Joseph Kabila, reafirmou na terçafeira, em Kinshasa, num discurso à nação perante o Congresso (Parlamento e Senado congolês), que o acordo político saído do diálogo nacional “é a única via” para resolver as diferenças em torno do adiamento das eleições gerais, com destaque para as presidenciais, marcadas para Abril de 2018.
No seu discurso, o Chefe do Estado congolês prometeu nomear “muito brevemente” um novo Primeiro-Ministro que, ao abrigo do acordo assinado no mês passado pela maioria presidencial e parte da oposição congolesa, é proveniente de partidos opositores.
A promessa foi feita depois do pedido de demissão, também no âmbito do acordo, apresentado um dia antes pelo primeiro-ministro congolês, Augustin Mapon.
Joseph Kabila garantiu que a Constituição “será sempre respeitada” e impedirá que o país seja “refém de estratégias insurreccionais”, o que é entendido como um recado à coligação da oposição “Ressamblement”.
“Nenhuma agenda política será justificação para a violência”, acrescentou, antes de afirmar que “não é aceitável chegar ao poder por cima do sangue do povo congolês” e de pedir ao povo congolês para “preservar a democracia” e à oposição para se preparar para as eleições.
O Presidente congolês denunciou o que chamou de “ingerência estrangeira” e lembrou que, como todos os países da Organização das Nações Unidas, a RDC “também tem direito à sua Independência”.
Na semana passada, chefes das delegações da maioria presidencial e dos partidos da oposição que integram o sistema de diálogo nacional disseram à agência de notícias France Press que a nomeação do novo primeiro-ministro da RDC, que vai organizar as presidenciais adiadas para Abril de 2018, desta vez sem a participação, por imperativos constitucionais, do Presidente cessante, Joseph Kabila, é feita esta semana.
Vital Kamerhe, co-moderador da oposição no diálogo, e favorito à nomeação de primeiro-ministro congolês, explicou que a espera dos resultados dos bons ofícios de prelados da Igreja junto dos partidos que não participaram no diálogo está entre as razões para o atraso.
No mês passado, a maioria presidencial que governa a RDC e parte da oposição congolesa assinaram um acordo político que adia as eleições gerais para Abril de 2018, autoriza o Presidente cessante, cujo mandato termina em 19 de Dezembro, a permanecer no cargo interinamente até à realização das presidenciais e permite a formação de um governo de união nacional, dirigido por um membro da oposição e cuja prioridade é organizar a votação.