O ensino e os quadros
É inquestionável que a formação é assunto muito importante em qualquer país do mundo. Não é por acaso que inúmeros países colocam como uma das suas primeiras prioridades a educação, um sector vital para o desenvolvimento.
No nosso país a educação é também uma questão a que as nossas autoridades prestam especial atenção, o que é compreensível, tendo em atenção os grandes objectivos que se pretende alcançar para que as circunstâncias tenham bem-estar.
Angola está num processo de construção de uma sociedade próspera. E este processo é longo e complexo, pelo que faz todo o sentido que se esteja a apostar na educação, um sector que deve merecer tratamento especial, no sentido de realizarem transformações necessárias destinadas a mudar muita coisa no ensino.
Queremos todos um ensino de alto nível, mas é preciso que ultrapassemos vários obstáculos, um dos quais é a resistência que ainda existe para impedir que se procedam a mudanças no nosso sistema de ensino. Tem de haver patriotismo neste processo de mudanças no nosso sistema de ensino. O que está mal deve ser extirpado. Temos de superar todas as situações negativas que afectam o nosso ensino.
O país não pode continuar a ter, por exemplo, escolas médias e superiores com resultados medíocres em termos de qualidade dos quadros que por lá passam. Deve haver, como acontece noutros países, um combate à mediocridade. Temos todos de nos preocupar em ter um ensino que dê elevadas competências aos nossos quadros médios e superiores. Já tivemos no passado escolas de grande qualidade, mesmo depois da independência. Constitui exemplo disso o facto de muitos quadros angolanos que iam para o exterior do país fazer estudos mais avançados terem um bom aproveitamento, com notas altas, ao nível das engenharias, do direito, da economia e da arquitectura, para só citar estes ramos do saber.
Um processo de mudanças na educação implica esforços múltiplos, sendo necessário que as autoridades acompanhem de perto todas as fases do programa de reestruturação do nosso ensino, que precisa de conhecer urgentemente novos rumos, para poder servir cada vez melhor o nosso país.
Que não haja hesitações para se proceder a mudanças. As autoridades devem caminhar com todos os que estão disponíveis para realizar efectivamente transformações do nosso ensino. É preciso apostar naqueles técnicos e decisores que estão realmente determinados a mudar muita coisa no ensino. Quem não quer mudanças no ensino, no sentido de se melhorar a sua qualidade, não deve ser parte da solução dos problemas. Os que constituem um problema para o processo de mudanças não devem fazer parte do reforço que se faz para que o ensino em Angola melhore.
Angola comemorou recentemente 41 anos de independência. Não é pouco tempo. É hora de começarmos a resolver muitos dos nossos problemas, em particular os do ensino. Não podemos estar permanentemente a fazer constatações sobre o que vai mal no nosso ensino. Os problemas que temos no ensino estão há muito identificados. É momento de acção.
E parece que já se sabe o que se deve fazer para se mudar isto e aquilo. E deve haver determinação na execução dos programas destinados a realizar as mudanças necessárias no nosso ensino. Não podemos permitir que interesses individuais e egoístas continuem a travar o processo de transformações profundas no nosso ensino, em particular o superior.
É bom formar muitos quadros superiores, mas é ainda melhor quadros superiores com elevada qualidade. Há ainda empresas e departamentos ministeriais angolanos que têm de recorrer a uma quantidade considerável de quadros estrangeiros para resolverem muitos dos nossos problemas. Temos de trabalhar no sentido de irmos reduzindo o número de mão-deobra estrangeira, que nos faz gastar muitos milhões de dólares. Conseguese esta redução se tivermos boas escolas ou se tivermos acesso ao conhecimento que é transmitido em instituições de ensino estrangeiras de alto nível. Muitos países com um baixo número de quadros de elevada competência optaram, além de trabalharem para o aumento da qualidade do seu ensino, por mandar cidadãos seus a prestigiadas escolas de outros Estados com resultados positivos, em termos de aplicação dos seus conhecimentos nas suas terras de origem. A alternativa é avançarmos decididamente com as reformas que estão no papel. Os executantes das reformas devem ser pessoas que estejam realmente animadas da vontade de fazer avançar o país ao nível da educação. O processo de desenvolvimento requer trabalho árduo, e este trabalho deve ser feito no domínio da educação, sector que nos poderá proporcionar elevada qualidade de vida.
Os quadros com elevada competência podem realizar obras que vão aproveitar a todas as comunidades. A prosperidade de um país constrói-se também com bons quadros. Temos de encarar o ensino como um sector de suma importância para a nossa vida como Nação que quer combater a pobreza e o subdesenvolvimento.