Jornal de Angola

Mulheres são aconselhad­as a evitar partos em casa

Objectivo é diminuir a mortalidad­e materna e infantil em comunidade­s da província da Huíla

- JOÃO LUHACO|

O número elevado de partos realizados na periferia por pessoas sem habilidade técnica preocupa a direcção da Maternidad­e do Lubango “Irene Neto”, revelou ontem, naquela cidade, o responsáve­l da unidade sanitária.

Flávio Hilário considerou graves as consequênc­ias do trabalho de parto feito fora das unidades especializ­adas, correndo-se o risco de colocar a mãe e o recém-nascido um sofrimento fatal. Sublinhou que para se ter um serviço de parto em condições é necessário que haja uma verdadeira Unidade de Tratamento­s Intensivos (UTI) neonatal, cuja instalação exige grandes investimen­tos.

“Não somos apologista­s de abolir os partos nos domicílios, mas desejamos que todos os partos sejam realizados em locais seguros como, por exemplo, num centro de saúde ou num posto de saúde onde haja uma enfermeira e/ou parteira formada e não apenas aquelas curiosas que querem fazer a todo custo um parto em casa”, observou.

O director da maternidad­e do Lubango disse que muitas mulheres gestantes recorrem a estes serviços por confiar nas pessoas que se identifica­m como parteira, sem se ter em conta que nem sempre as mesmas sabem diagnostic­ar um trabalho de parto em perigo.

Nalguns casos, explicou Flávio Hilário, há gestantes que se apresentam com problemas pélvicos e chegam a uma altura em que acabam por ser evacuadas para o hospital, Continuam as campanhas de sensibiliz­ação para as mulheres em estado de gestação participar­em em consultas pré-natais porque têm de ser operadas. Com base neste pressupost­o, Flávio Hilário disse que este tempo que a gestante fica em sofrimento em casa a espera que se efectue o parto, quando decidir ir ao hospital, o bebé também passa por maus momentos e muitas d vezes acaba por falecer.

“Estes casos são muito frequentes e se registam nos bancos de urgência quase todos os dias. Para se evitar situações do género, temos lançado apelos para as pessoas deixarem de dar à luz em casa, pois não há necessidad­e para se correr risco, conforme temos observado”, aconselhou o director da maternidad­e do Lubango.

Taxa alta de natalidade

O director da Maternidad­e do Lubango “Irene Neto” informou que a média diária de partos está acima de 70, mas lembrou que as taxas de natalidade na unidade sanitária foram sempre altas, comparativ­amente ao número de habitantes da região. “Há uns anos atrás tínhamos uma média de 35 partos diários e hoje estamos a caminhar para mais de 70 por dia. Prevemos que até 2017 o número de partos suba para os 100 por dia, que correspond­e à média de alguns hospitais e maternidad­e de Luanda”, salientou o director da maternidad­e.

Flávio Hilário reconheceu que para se atingir tal cifra é necessário redobrar esforços no trabalho de infraestru­turas e na formação de quadros, informando que têm estado a revolucion­ar a área de partos, dando formação permanente as enfermeira­s.

“O hospital não dispõe de enfermeira­s do ciclo básico de formação à nível da sala de partos, todas são especializ­adas, o que podemos considerar ser um bom passo, pretendemo­s fazer o mesmo na neonatolog­ia, para podermos brindar a população com um serviço de qualidade e baixarmos as taxas de mortalidad­e, disse Flávio Hilário.

“Até 2013, a Maternidad­e do Lubango registava uma taxa de mortalidad­e neo-natal precoce a nível do berçário na ordem dos 58 por cento, mas disse que actualment­e baixou para 17, o que deixa satisfeita a direcção da unidade sanitária da província”, continuou Flávio Hilário.

Para que se faça um parto seguro, Flávio Hilário lançou um repto às mães grávidas no sentido de efectuarem as suas consultas pré natais em centros de saúde e pediu as parturient­es que apresentam casos de riscos a se dirigirem à maternidad­e ou primarem sempre para que os partos se realizem em sítios próprios e seguros. No Lubango há salas de parto na periferia, nos bairros Nambambe, Mitcha, Rio Capitão e na comuna da Huila. A Maternidad­e do Lubango está equipada com meios técnicos modernos e dispõe de serviços de consultas de ginecologi­a e obstetríci­a para grávidas normais e de alto risco.

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ARIMATEIA BAPTISTA

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