Membros da UE aprovam plano B
Chefe da diplomacia da UE Federica Mogherini nega que países do bloco rejeitem Donald Trump
A União Europeia (UE) aprovou um plano para reforçar a área de defesa e segurança para responder aos novos desafios, tendo em conta o contexto de incertezas que exige dos países membros e organizações internacionais maior eficácia na defesa dos interesses mundiais.
A União Europeia (UE) aprovou um plano para reforçar a área de defesa e segurança para responder aos novos desafios, tendo em conta o contexto de incertezas que exige dos países membros e organizações internacionais maior eficácia na defesa dos interesses mundiais.
A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, rejeitou a ideia de que a preocupação de Bruxelas com a Defesa e Segurança é uma resposta à posição do Presidente eleito dos Estados Unidos, que pretende reduzir o apoio financeiro e militar prestado à Aliança Atlântica (OTAN, iniciais em português da Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Donald Trump prometeu rever o compromisso de financiamento à organização transatlântica, por achar que os outros parceiros também deviam fazer mais pela OTAN e não esperar apenas pelo empenho dos Estados Unidos.
Sobre o assunto, o Presidente cessante, Barack Obama, que está de visita à Europa, disse que pretende transmitir aos países europeus que o seu sucessor vai manter os compromissos dos EUA com a OTAN.
“Começámos esse processo muito antes das eleições norte-americanas”, afirmou a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, no final de uma reunião dos ministros das Relações Exteriores e da Defesa consagrada à cooperação militar. As declarações da chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, nãocolhem simpatia,e mostram uma UE bastante preocupada com decisões que podem chegar da Casa Branca em relação aos compromisso com a europa. O Reino Unido sempre se mostrou reticente a qualquer actuação que pudesse minar a OTAN, mas, após a sua decisão em Junho de abandonar a UE, a França e a Alemanha retomaram os seus planos de intensificar a área de defesa da Europa, o que ganha mais importância com a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais os EUA.
Itália e a Espanha lideram os defensores do reforço da defesa comum. O ministro da Defesa da Alemanha, Ursula von der Leyen, disse que “independentemente do resultado das eleições norte-americanas, os europeus precisam assumir mais responsabilidades”. Os europeus precisam de deixar de sonhar com um exército europeu e aumentar as suas despesas militares para 2 por cento do PIB como estipula a OTAN, apontou o ministro da Defesa britânico, Michael Fallon.
O Reino Unido, Estónia, Grécia e Polónia são os únicos dos 22 membros da União Europeia na Aliança Atlântica que cumprem essa meta. Os EUA assumem os dois terços do orçamento militar da Aliança Atlântica, o que levou Donald Trump a declarar durante a campanha eleitoral que se os países europeus não aumentassem as suas contribuições em matéria de defesa, os EUA não cumpririam o seu compromisso de apoio mútuo. O quadro agrava com a aparente boa sintonia entre Donald Trump e o Presidente russo, Vladimir Putin.
Estrutura permanente
O plano em matéria de segurança e defesa, aprovado na segunda-feira, representa uma das ferramentas que os mandatários europeus acordaram em Setembro, em Bratislava, sem o Reino Unido, para responder às crises do bloco europeu e impulsionar a união. Para um diplomata europeu, trata-se de um bom texto com avanços significativos no campo da defesa, num contexto importante de uma possível retirada dos norte-americanos. O acordo evoca uma estrutura permanente para planear e conduzir melhor as operações civis e militares da UE. Actualmente, existem 17 que dependem de meia dúzia de centros de comando.
A chefe da diplomacia europeia deixou claro que não se trata de substituir a OTAN, organização com a qual os membros da UE vão continuar a manter estreita colaboração.
Federica Mogherini deve apresentar agora as suas propostas sobre o plano, para que ele possa entrar em vigor no primeiro semestre de 2017, depois do aval dos mandatários europeus. Para muitos, a saída do Reino Unido da UE e a vitória de Donald Trump deveriam representar um avanço, até uma maior defesa comum europeia, apesar de nos últimos dias diversos países terem expressado as suas reticências, como a Suécia, Irlanda e Áustria, qualificados por uma fonte europeia como neutros.
“Não houve grandes hesitações durante a reunião. E até às posições mais conflituosas foram mais suavizadas, o que é uma boa notícia”, acentuou a ministra da Defesa espanhola, María Dolores de Cospedal.
O ministro britânico da Relações Exteriores, Boris Johnson, tentou acalmar a incerteza gerada com a eleição do sucessor de Obama. “Trump é um especialista em chegar a acordos, e se pode tratar de uma oportunidade para a Europa”.