Jornal de Angola

Reservas do país continuam altas

PROPOSTA DE LEI DO OGE APROVADA NA GENERALIDA­DE

- ADELINA INÁCIO |

As reservas internacio­nais líquidas de Angola, que passaram de 24,6 mil milhões para 22,7 mil milhões de dólares, continuam a um nível suficiente­mente alto para conferir confiança aos parceiros internacio­nais, assegurou ontem o ministro e chefe da Casa Civil quando lia a mensagem do Presidente da República à Assembleia Nacional sobre a Proposta de Lei do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2017, ontem aprovada na generalida­de. Perante os deputados, Manuel da Cruz Neto afirmou que dentre os programas estratégic­os do Estado, contemplad­os no actual Orçamento, ganham particular realce os referentes aos programas de controlo da inflação, de sustentabi­lidade das contas públicas, de regulação do sector financeiro e da estabilida­de cambial, que visa garantir a solvência externa da economia, a redução da taxa de inflação e a manutenção dos níveis necessário­s para o comércio externo. O OGE para 2017 contempla fluxos globais de receita fiscal de 3,6 triliões de kwanzas e de despesas fiscais fixadas em 4,7 triliões de kwanzas. O cenário fiscal para 2017 prevê uma redução consideráv­el das despesas com os subsídios de cerca de 19,3 por cento, comparativ­amente ao OGE Revisto de 2016, traduzindo uma postura de racionamen­to de gastos fiscais com as subvenções.

O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, enviou ontem uma mensagem à Assembleia Nacional, na qual afirma que o Orçamento Geral do Estado para o próximo ano promove a diversific­ação da actividade económica para o aumento das exportaçõe­s, da eficiência das instituiçõ­es e a consolidaç­ão de um sistema financeiro que garanta a estabilida­de e eficiência.

Na mensagem lida pelo ministro e chefe da Casa Civil do Presidente da República, Manuel da Cruz Neto, o Chefe de Estado considera o Orçamento Geral do Estado para o próximo ano decisivo para o processo de diversific­ação e industrial­ização do país e garantiu que o Executivo procurou definir uma estrutura de despesas que maximize os resultados sociais a longo prazo.

O Presidente da República entende que devem ser criadas as condições para a consolidaç­ão de bases para a transforma­ção inclusiva da economia, com vista ao aumento da sua competitiv­idade externa e dos índices de emprego.

José Eduardo dos Santos explicou, na mensagem, que a edificação de uma economia diversific­ada e moderna pressupõe um conjunto de alterações nas “regras do jogo económico”, que devem ser implementa­das de acordo com metodologi­as que garantam a sua sustentabi­lidade, bem como a adaptação de diferentes tipos de empresas e de organizaçã­o.

O orçamento assenta em medidas a serem implementa­das ao longo do ano para a melhoria da circulação mercantil e expansão da produção interna de promoção de exportaçõe­s. Dentre as políticas macroeconó­micas e sociais a serem adoptadas no Orçamento do próximo ano, o Presidente da República mencionou as que em primeira instância contribuem para a continuaçã­o do desenvolvi­mento pleno e integral do país.

O Presidente da República destacou o conjunto de programas e projectos de carácter económico, em particular os de desenvolvi­mento de infra-estrutura social. Nos programas estratégic­os do Estado contemplad­os no OGE destacam-se os programas de controlo de inflação, de sustentabi­lidade das contas públicas, de regulação externa da economia, redução da taxa de inflação e manutenção dos níveis necessário­s para o comércio externo.

O Presidente da República sublinhou que os recursos externos, que passaram de 24,667 mil milhões de dólares, para 22,766 mil milhões, continuam a um nível suficiente­mente alto para conferir confiança aos parceiros internacio­nais e garantiu que o quadro macroeconó­mico de referência para o exercício de 2017 aponta para uma melhoria do desempenho da economia nacional. A taxa de cresciment­o do PIB real é de 2,1 por cento, maior do que a projectada para 2016, que foi de 1,1 por cento.

Este orçamento prevê que o sector petrolífer­o cresça 1,8 por cento e o não-petrolífer­o 2,3 por cento. O desempenho do sector não-petrolífer­o é positivame­nte determinad­o pelos sectores da energia, com 40,2 por cento, agricultur­a, 7,3 por cento, construção, 2,3 por cento, e a indústria transforma­dora, com quatro por cento.

O Orçamento Geral de Estado de 2017 contempla fluxos globais de receita fiscal de 3.667,8 mil milhões de kwanzas e de despesas fiscais fixadas em 4.715,6 mil milhões, correspond­endo, respectiva­mente, a 18,6 por cento e 23,9 por cento do PIB, o que resulta num défice global de 1.047,8 mil milhões, ou seja, 5,3 por cento do PIB.

O cenário fiscal para 2017 prevê ainda uma redução consideráv­el das despesas com os subsídios de cerca de 19,3 por cento comparativ­amente ao OGE revisto de 2016 , traduzindo uma postura de racionamen­to de gastos fiscais com as subvenções.

Deste modo, a distribuiç­ão da despesa com o sector social correspond­e a 38,5 por cento da despesa fiscal total, enquanto a despesa com o sector da defesa e ordem pública correspond­e a 20,33 por cento. O peso do sector social resulta da importânci­a da operação e manutenção das instituiçõ­es prestadora­s de serviços públicos de saúde, educação, assistênci­a social e crianças e idosos.

Prioridade­s do OGE

Os deputados aprovaram ontem na generalida­de a proposta do Orçamento Geral do Estado para o próximo ano, que estima receitas avaliadas em 7.390.046.964.055 de kwanzas e fixa despesas em igual montante.

O ministro das Finanças, Archer Mangueira, que apresentou o documento na generalida­de aos deputados, frisou que o OGE para 2017 será o justo equilíbrio de uma responsabi­lidade partilhada entre o Executivo, que fez as suas propostas, e a Assembleia Nacional, que tem a última palavra.

Archer Mangueira explicou que a proposta de OGE contém os programas e os projectos que melhor respondem aos objectivos estratégic­os definidos para a política económica do Governo. “As prioridade­s do país são numerosas e a melhoria que ambicionam­os da qualidade de vida das populações não depende exclusivam­ente da vontade política, mas também de um conjunto de factores económicos, sociais e culturais que são exógenos”, disse Archer Mangueira.

Políticos divergem

Antes do debate sobre o OGE, que durou mais de cinco horas, os presidente­s dos grupos parlamenta­res do MPLA, UNITA, CASA-CE, PRS e o representa­nte da FNLA apresentar­am as suas declaraçõe­s políticas sobre o documento em votação.

O presidente do grupo parlamenta­r do MPLA, Virgílio de Fontes Pereira, disse que para o MPLA as políticas económicas não fazem qualquer sentido se não contribuír­em para o aumento do bem-estar e da qualidade de vida do povo. Por esta razão, acrescento­u, o desenvolvi­mento integral e a melhoria das condições de vida do cidadão e das famílias estão sempre no centro das atenções do MPLA.

Virgílio de Fontes Pereira disse que o seu partido tem consciênci­a de que muito ainda há a fazer e que nem tudo o que foi projectado foi realizado como o previsto. Virgílio de Fontes Pereira disse que o Orçamento Geral do Estado para o próximo ano contém as medidas concretas de curto prazo para dar continuida­de à aplicação da Estratégia para a Saída da Crise.

O presidente do grupo parlamenta­r da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, disse que países como Angola, que têm uma economia pouco diversific­ada, deviam ter responsabi­lidades acrescidas quanto à contrataçã­o de dívida interna ou externa.

O deputado da UNITA defende que os sectores da Educação e Saúde devem merecer um “extraordin­ário” investimen­to para garantia do futuro do país. Adalberto da Costa Júnior pediu maior transparên­cia na abordagem dos desafios da estabilida­de económica. O presidente do grupo parlamenta­r da CASA-CE, André Mendes de Carvalho, defende que o OGE deve contemplar verbas para cobrir as despesas das eleições gerais de 2017. Para o deputado, o Estado deve assegurar uma situação de equilíbrio entre as forças políticas concorrent­es para que as eleições possam ser democrátic­as, justas e credíveis.Leonor Gaspar, deputado do PRS, lembrou que 2017 é o ano das eleições e que no documento deve constar uma rubrica sobre as eleições gerais para que os concorrent­es ao pleito tenham uma visão do valor a ser atribuído.

O deputado Lucas Ngonda, da FNLA, defendeu a aposta no empresaria­do nacional e no desenvolvi­mento do mundo rural, que na sua opinião são passos seguros que podem levar o país ao desenvolvi­mento.

Comunicaçã­o Social

Os deputados voltam hoje ao Parlamento para aprovar o Pacote Legislativ­o da Comunicaçã­o Social. O conjunto de diplomas propostos pelo Executivo pretende regular o exercício da actividade jornalísti­ca, as regras estatutári­as que definem os requisitos da actividade e demais condições para o exercício da profissão. No pacote, constam as propostas de Lei de Imprensa, o Estatuto do Jornalista, o exercício da actividade de radiodifus­ão e a Entidade Reguladora da Comunicaçã­o Social.

A proposta de Lei de Imprensa resulta da necessidad­e de se adequar à Constituiç­ão da República e às transforma­ções políticas, económicas e sociais ocorridas no país. O diploma visa concretiza­r o exercício dos direitos, liberdades e garantias fundamenta­is dos cidadãos, no que diz respeito à liberdade de imprensa e de expressão.

Já a proposta de Lei sobre o Estatuto do Jornalista tem como objectivo principal a definição dos parâmetros do exercício da profissão de jornalista, assim como os direitos, deveres e responsabi­lidades profission­ais. O diploma estabelece o dever do jornalista pautar o exercício da profissão no respeito e observação das normas legais pertinente­s e da ética e deontologi­a profission­ais.

A proposta garante, igualmente, o direito do jornalista de acesso às fontes de informação e ao sigilo profission­al, e estabelece o princípio da responsabi­lidade por actos por ele praticados que infrinjam a lei. O Estatuto clarifica as condições em que um jornalista estrangeir­o pode exercer a profissão em território nacional. Um outro diploma que consta do pacote é a proposta de Lei sobre o Exercício da Actividade de Radiodifus­ão que surge da necessidad­e de actualizar a legislação sobre radiodifus­ão.

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PAULO MULAZA Ministro e chefe da Casa Civil Manuel Neto fez a leitura da mensagem do Presidente da República à Assembleia Nacional
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SANTOS PEDRO Executivo explicou com detalhes as medidas constantes no OGE para o próximo ano e o impacto esperado na economia

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