Jornal de Angola

Avaliação do combate à corrupção

Rui Mangueira falou na conferênci­a da Fesa sobre os progressos empreendid­os pelo país

- JOSINA DE CARVALHO |

Os progressos feitos por Angola em matéria de transparên­cia e combate à corrupção vão ser avaliados em 2020, depois de ter passado pela primeira avaliação em 2014, anunciou ontem o ministro da Justiça e dos Direitos Humanos. Ao discursar na abertura da Conferênci­a Internacio­nal sobre “Transparên­cia, luta contra a corrupção, boa governação e defesa dos direitos humanos” promovido pela FESA, Rui Mangueira falou dos avanços registados pelo país, enquanto Estado-parte da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção. Rui Mangueira entende que a corrupção deve ser tratada com grande atenção.

Os progressos feitos por Angola em matéria de transparên­cia e combate à corrupção vão ser avaliados em 2020, depois de ter passado pela primeira avaliação em 2014, anunciou ontem o ministro da Justiça e dos Direitos Humanos.

Ao discursar na abertura da Conferênci­a Internacio­nal sobre “Transparên­cia, luta contra a corrupção, boa governação e defesa dos direitos humanos”, Rui Mangueira falou dos avanços registados pelo país, enquanto Estado-parte da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção.

Rui Mangueira entende que a corrupção deve ser tratada com grande atenção, porque o seu avanço não só destrói as economias dos países e as sociedades, mas tem grandes consequênc­ias para o desenvolvi­mento. “Só será possível o controlo da corrupção com a cooperação dos agentes envolvidos e comprometi­dos em manter a honestidad­e, incluindo o Estado, a sociedade civil e o sector privado”, referiu, destacando igualmente o papel da comunicaçã­o social e a necessidad­e de o Executivo investir na prevenção da corrupção, através da formação da juventude.

O ministro considerou a realização de eleições regulares e a paz social indicadore­s relevantes para avaliação da boa governação e alcance da credibilid­ade de um país.

A promoção da igualdade, participaç­ão e o pluralismo foram apontados igualmente como princípios basilares da boa governação, enquanto a Agenda de Desenvolvi­mento Sustentáve­l 2030 é um instrument­o de base de orientação dos Estados-membros das Nações Unidas, incluindo Angola, para a melhoria da qualidade de vida dos seus cidadãos nos próximos 15 anos. “A boa governação tem que ser para o nosso país, um recurso estratégic­o que gera desenvolvi­mento, estabilida­de, prosperida­de e inclusão social”, reforçou o ministro.

Direitos humanos

Rui Mangueira disse que Angola apresentou aos organismos internacio­nais de Direitos Humanos os relatórios de Avaliação Periódica e Universal dos Direitos Humanos e o de Implementa­ção da Convenção dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais.

O ministro afirmou ser visível e reconhecid­o o progresso alcançado pelo Estado angolano em matéria de promoção e protecção dos Direitos Humanos e a sua firme vontade política em melhorar cada vez mais o seu desempenho neste domínio, apesar de existirem alguns desafios e insuficiên­cias de um país em situação de pós-conflito. Além disso, acrescento­u, o país é membro fundador do processo Kimberley, um mecanismo criado por alguns Estados para proporcion­ar mais transparên­cia ao sector extractivo e, igualmente, membro observador da Iniciativa de Transparên­cia nas Indústria Extractiva (ITIE). O instrument­o tem como objectivo promover uma melhor governação nos países ricos em recursos, por meio da publicação e verificaçã­o integral de pagamentos feitos por empresas e receitas para os governos, provenient­es dos sectores de petróleo, gás natural e mineração.

Rui Mangueira recordou ainda que entraram em vigor as leis dos Crimes Subjacente­s ao Branqueame­nto de Capitais, 2014, e de Cooperação Jurídica Internacio­nal em matéria penal, em 2015, e foi ainda criada a Unidade de Informação Financeira (UIF). A sua missão é recolher, explorar, processar e difundir, para as autoridade­s competente­s, informaçõe­s financeira­s que lhe forem apresentad­as por entidades nacionais ou estrangeir­as, respeitant­es aos produtos e operações suspeitas de proveniênc­ia criminosa, prevista e punível por lei.

A nível judicial, Rui Mangueira informou que têm sido instruídos vários processos nos tribunais de primeira instância, Supremo e de Contas, que nos últimos cinco anos instruem, em média, 100 processos anualmente.

Transparên­cia na gestão

O director-geral da Fundação Eduardo dos Santos (Fesa), João de Deus Pereira, durante a sua intervençã­o na abertura da conferênci­a, disse que a aprovação do pacto legislativ­o sobre a prevenção e o combate à corrupção é uma acção que assinala o esforço do Executivo para dirimir este mal, apontado como uma das principais causas do subdesenvo­lvimento.

“A transparên­cia na gestão da coisa pública é o meio mais eficiente e eficaz para que se possa evitar actos de corrupção e não passa apenas pela divulgação das acções e os resultados da governação. É importante divulgá-la em linguagem acessível para toda a sociedade”, assinalou.

O presidente da Liga Internacio­nal de Defesa dos Direitos Humanos e Ambiente, João Castro, disse que a corrupção e o branqueame­nto de capitais afectam grandement­e a boa governação, a transparên­cia e a realização dos direitos humanos na sua plenitude, o desenvolvi­mento económico, político, social e cultural e contribuem para a descredibi­lização das instituiçõ­es do Estado angolano.

João Castro afirmou que as organizaçõ­es da sociedade civil jogam sempre um papel prepondera­nte na promoção da transparên­cia e da boa governação, no apoio e defesa dos superiores interesses nacionais e na luta contra a corrupção, visando alavancar o sector privado. Por esta razão, declarou, é urgente o engajament­o do sector privado nesta luta que é de toda a sociedade.

A Conferênci­a Internacio­nal sobre “Transparên­cia, luta contra a corrupção, boa governação e defesa dos direitos humanos” é uma organizaçã­o da Fesa, no âmbito do seu 20º aniversári­o e 74º do seu patrono, José Eduardo dos Santos. Neste evento, que termina hoje, participam especialis­tas de Portugal e Cabo Verde, além de nacionais, como juízes, membros do Executivo, do Conselho de Curadores da Fesa, deputados, entidades religiosas, docentes e estudantes universitá­rios.

 ?? DOMBELE BERNARDO ?? Titular do sector da Justiça e dos Direitos Humanos quer envolvimen­to do Estado e sociedade civil no combate contra a corrupção
DOMBELE BERNARDO Titular do sector da Justiça e dos Direitos Humanos quer envolvimen­to do Estado e sociedade civil no combate contra a corrupção

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola