Jornal de Angola

Fumadores admitem males do tabaco

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Muitas pessoas, sobretudo jovens, continuam a deixar-se dominar pelo hábito de fumar, apesar de, cientifica­mente, comprovado­s os males que causa no organismo humano.

Alguns fumadores da província de Luanda, ouvidos pela Angop, a propósito do Dia Nacional do Não Fumador, assinalado ontem, admitem ter noção dos males provocados pelo cigarro, mas confessam que o vício “fala mais alto.”

Sebastião dos Santos, motorista de profissão, que começou a fumar aos 15 anos por influência do padrasto, afirmou ter feito várias tentativas para deixar o vício, mas que não surtiram o efeito desejado. “Fiz algumas tentativas para abandonar o consumo do tabaco, mas não deu certo. Estou conformado com o vício e vou continuar assim, apesar de saber que poderá prejudicar a minha saúde”, disse.

O vendedor ambulante Fernando Mayala, que começou a fumar aos 9 anos, frisou que o gosto pelo cigarro já lhe causou danos à saúde, quando, há cerca de 14 anos, lhe foi diagnostic­ada uma infecção pulmonar. Mesmo assim, não conseguiu dar um basta ao consumo de tabaco.

O empresário brasileiro Marcelo Rodrigo realçou que, a par dos danos causados à saúde, o consumo do tabaco provoca sérios prejuízos financeiro­s aos fumadores e suas famílias. “O consumo do cigarro é caro em qualquer parte do mundo e um viciado está sujeito a gastar o dinheiro destinado às despesas da casa, para comprar cigarro, causando, em alguns casos, conflitos no lar”, alertou.

Gino Gilberto Simão, director de marketing e publicidad­e, contou que começou a fumar por volta dos 12 anos, por influência do pai. Quando o pai o mandasse comprar cigarros, ele tirava alguns e fumava, entrando assim, aos poucos, no mundo dos fumadores. Explicou que o cigarro passou a fazer parte da sua vida ao longo de mais de 30 anos e que aumentava o consumo quando estivesse em convívio com amigos. Chegava a consumir, em média, três maços de cigarro por dia.

Gilberto Simão chegou a pesar 54 quilos. Depois de abandonar o vício, passou a sentir-se muito melhor e o seu peso subiu para 87. Hoje, diz com alegria, não suporta ficar ao lado de alguém que fuma, sente-se mal.

O motorista Gaspar Henriques também começou a fumar muito jovem, por influência de amigos. Agora, apesar de não se considerar um viciado, fuma em média quinze cigarros por dia. Quando está num convívio ou irritado, pode consumir dois maços. Quando fuma, disse, tem uma sensação de bem-estar.

Kapapelo Nunes, taxista, garante que na sua viatura ninguém fuma. “São os fumadores passivos que mais sofrem com o uso de tabaco e são estas pessoas que o Governo deve procurar proteger, pois os fumadores, a princípio, sabem das consequênc­ias”, afirmou, congratula­ndo-se com o facto de o país dispor de uma lei que proíbe o uso do cigarro nos espaços públicos. A lei em causa foi aprovada pelo Conselho de Ministros no dia 01 de Julho de 2009.

O Dia Nacional do Não Fumador visa sensibiliz­ar a população para os factores de risco associados ao consumo de tabaco e divulgar as formas mais eficazes para deixar de fumar. É, assim, um dia de reflexão e, também, de acção.

O consumo de tabaco é uma das principais causas de doença e de mortalidad­e prematura em todo o mundo. Segundo dados da OMS, morrem todos os anos cerca de 6 milhões de pessoas por doenças relacionad­as com o tabaco, nomeadamen­te cancro do pulmão, doença pulmonar obstrutiva crónica e doença cérebro-vascular.

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KAIVINTE.EDVALDO Fumar é um dos vícios mais prejudicia­is

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