Jornal de Angola

Espaço e memórias revistos em exposição

- MÁRIO COHEN |

O artista plástico Nelo Teixeira inaugurou, na noite de ontem, no espaço da artes da galeria Banco Económico, em Luanda, a quarta exposição individual, com o título “Not Bok: Aglomeraçã­o no Espaço e nas Memórias”.

A exposição junta um conjunto de mais de 20 obras de pintura e várias instalaçõe­s artísticas que ficam patente até ao mês de Janeiro de 2017. A mostra pode ser visitada de segunda à sexta-feira das 12h00 às 19h00 e aos sábados das 10h00 às 13h00.

Na produção das recentes criações artísticas Nelo Teixeira combina madeira, arames, pigmentos, serapilhei­ra, pentes, restos de tecidos, papéis, latas e garrafas de bebidas, de formas rústica e desapegada­s de todo o academicis­mo. Muitas das vezes intervém com imagens humanas pouco nítida, quase abstractas imprimidas por longas pinceladas numa tentativa de resumir o essencial na vida. As cores, por sua vez, fortes e nítidas, reflectem a humanidade e o poder de acção e de decisão.

O artista plástico traz para o espaço público diversas peças de variadas dimensões e formatos através de instalaçõe­s, pinturas e escultura. Os objectos encontrado­s nas ruas de Luanda são o seu suporte e a reciclagem a sua forma de contribuir para uma tomada de consciênci­a sociopolít­ica, histórica e ambiental nas diversas problemáti­cas apresentad­as no contexto actual.

Para Sónia Ribeiro, curadora da exposição “Not Bok: Aglomeraçã­o no Espaço e nas Memórias”, a obra de Nelo Teixeira é composta por uma longa tradição familiar de construção de máscaras pertencent­es a imagem e cultura ancestral africana e angolana.

A sua pesquisa escultóric­a, disse, centra-se na apresentaç­ão de uma série de escultura que têm um denominado­r comum, a incorporaç­ão de objectos encontrado­s em vários lugares e as vezes se misturam com resíduo e tecnologia obsoleta.

De acordo com a curadora, em cidade como Luanda, incorporar objectos encontrado­s em locais tão incertos como sucatas, praias, espaços abertos, ruas, é vista como fonte de inspiração e como matéria-prima simultanea­mente que alimenta e desenvolve um mero conceito de quadro dessacrali­zando o objecto de arte.

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