Leão Chimin questiona seriedade das eleições
Dirigentes do clube diamantífero da Lunda Norte devem valorizar a importância dos sócios
O antigo presidente e co-fundador do Grupo Desportivo do Sagrada Esperança da Lunda Norte, Leão Chimin, espera que a Assembleia-Geral de balanço e renovação de mandatos do clube, marcada para dia 3 de Dezembro, estabeleça novos rumos em termos de organização das diferentes estruturas do clube diamantífero.
Em declarações ao Jornal de Angola, na quarta-feira no Dundo, Leão Chimin considerou que apesar de o Sagrada Esperança ser uma instituição forte e sustentável no capítulo financeira, ainda existem problemas estruturais que carecem de uma profunda reflexão, por parte da sua massa associativa.
As insuficiências organizativas têm tido reflexos negativos na prestação e resultados desportivos do clube, particularmente a nível do futebol, declarou Leão Chimin, para quem a vida do Sagrada Esperança continua a ser determinada por um grupo restrito de pessoas, que no seu entender contrasta com os princípios estatutários do clube.
O co-fundador defende a necessidade da massa associativa se exprimir de forma livre e democrática, sobre as ideias que vão sustentar os programas do próximo mandato do ciclo olímpico na agremiação da Lunda do Norte.
Chimin espera que a assembleia tenha o verdadeiro sentido de um encontro de sócios, sem qualquer restrição em termos de participação de pessoas que se identificam com o Sagrada Esperança.
“A minha expectativa é que seja uma verdadeira assembleia de sócios, onde se possam exprimir livremente sobre a vida do clube quanto a definição dos novos rumos dessa agremiação desportiva”, afirmou. A formalização da existência de sócios no Grupo Desportivo Sagrada Esperança, com a devida atribuição de cartão de identificação, como forma de lhes conferir os direitos previstos nos estatutos do clube, como por exemplo a participação dos mesmos nas assembleias para a escolha dos corpos gerentes do clube é outra posição defendida pelo ex-presidente.
Leão Chimin sustenta a sua posição, esclarecendo que há um “cancro” generalizado no movimento desportivo angolano, que não se circunscreve apenas ao Sagrada Esperança, pois conforme acusa, muitas assembleias já realizadas são uma autêntica farsa e simulação. Uma grande parte das assembleias são decididas por uma minoria de pessoas, que manipula a realização das reuniões de balanço e renovação de mandatos, disse o também jurista e membro da comissão que trabalhou na revogação da Lei do Desporto em Angola.
“Em muitas assembleias, são recrutadas pessoas da conveniência da direcção cessante com o objectivo de aplaudirem as decisões tomadas e simularem que todos objectivos preconizados para o referido mandato foram alcançados”, ressaltou, referindo que acompanha com alguma atenção e apreensão o processo de renovação de mandatos a nível dos clubes, associações e federações desportivas do País.
Por isso, Leão Chimin deseja que a prática de simulação de assembleias, com a presença de um número reduzido de sócios, não afecte a assembleia do Sagrada Esperança da Lunda Norte.
Funções no clube
Além de ter integrado o primeiro plantel do Sagrada Esperança, logo após a fundação do clube a 26 de Dezembro de 1976, Leão Chimin foi também o terceiro presidente de direcção na história do formação diamantífera entre os anos de 1988 a 1989. Na segunda passagem à frente da direcção do Sagrada Esperança, depois da Assembleia realizada em 2009, o dirigente viu o seu mandato interrompido, ao ser afastado pela Mesa da Assembleia-Geral, alegadamente por desobediência a este órgão de consulta e deliberativo.
No mandato em que se tornou o quinto presidente da história do Sagrada Esperança, Leão Chimin tinha como aposta a revitalização e dinamização dos projectos de formação para a captação de novos talentos, para a equipa principal de futebol do conjunto da Lunda Norte.
Em Dezembro o Sagrada Esperança completa 40 anos de existência. Futebol e ténis de campo são as duas modalidades desportivas que a agremiação movimenta actualmente. O desporto rei é a bandeira das cores do clube e tem participações regulares nas principais competições sob a égide da Federação Angolana de Futebol (FAF).
No seu palmarés, quanto ao futebol, o Sagrada Esperança foi campeão do Girabola em 2005, com o treinador angolano Mário de Sousa Calado. a agremiação venceu também, em duas ocasiões (1988 e 1999), a Taça de Angola. O primeiro troféu foi erguido sob batuta do malogrado Adelino Cristóvão “Adé” e o segundo de João Machado.
A equipa terminou o Girabola ZAP 2016 na 9ª posição, com 37 pontos, sem contar com os préstimos do seu treinador principal, Zoran Maki, suspenso pela direcção a partir da 22ª Jornada do campeonato. Na altura, o elenco liderado por Osvaldo Van-duném argumentou que o treinador desobedeceu orientações superiores.