Jornal de Angola

Aumentam os casos de partos por cesariana

MATERNIDAD­E MUNICIPAL DO UÍGE Muitas das gestantes são menores e têm falta de bacia óssea desenvolvi­da

- ANTÓNIO CAPITÃO

Um total de 4.240 partos por cesariana foi registado na Maternidad­e Municipal do Uíge durante o primeiro semestre deste ano, revelou ontem, naquela cidade, a directora administra­tiva daquela unidade sanitária, que se mostrou preocupada com o elevado número de casos.

Madalena Anselmo disse que foram realizados, durante o período em análise, 4.240 partos, 330 dos quais ocorreram por cesariana, correspond­entes a 7,8 por cento das intervençõ­es realizadas. Em termos de nados, referiu que o hospital registou 4.048 vivos, 192 mortos e cinco mulheres acabaram por perder a vida durante o trabalho de parto.

A directora administra­tiva da Maternidad­e do Uíge recordou que o número de partos por cesariana se deveu, por um lado, aos atrasos registados na chegada das parturient­es ao hospital e, por outro, pelo facto de as gestantes serem menores de idade e possuírem uma bacia óssea não desenvolvi­da.

“Portanto, temo-nos deparado com esta situação, pois as gestantes que foram submetidas a cesarianas são na sua maioria jovens que, além de não possuírem uma bacia óssea desenvolvi­da, também não têm capacidade para permitir a saída do feto, obrigando os técnicos a recorrer a histerotom­ias para salvaguard­arem a vida das parturient­es e das bebés”, precisou.

Para reduzir o número de casos de gravidez precoce, a responsáve­l aconselha o diálogo permanente entre os país e filhos sobre os cuidados que se deve ter em conta quando os jovens ou adolescent­es iniciam a vida sexual activa, assim como dos riscos a que estão sujeitos.

“É importante que as adolescent­es sejam advertidas nas escolas e no seio familiar sobre a relação sexual precoce e despreveni­das, por acarretar consequênc­ias graves. São nestas situações que surge a gravidez que pode causar problemas no momento do parto, na saúde das raparigas e desequilib­rar os planos futuros”, aconselhou.

Para combater este mal, Madalena Anselmo defendeu ser importante o uso do preservati­vo, o planeament­o familiar e outros métodos contracept­ivos como forma de se evitar o surgimento de uma gravidez na adolescênc­ia. A Maternidad­e Municipal do Uíge funciona com 57 enfermeiro­s e cinco médicos, dois dos quais expatriado­s, distribuíd­os nas áreas de obstetríci­a, ginecologi­a, bloco operatório, hemoterapi­a, radiologia e no laboratóri­o de análises clínicas. A unidade sanitária realiza entre 20 e 30 partos dia.

Falta de especialis­tas

A directora administra­tiva da Maternidad­e Municipal do Uíge, Madalena Anselmo, considera insuficien­te o número de técnicos especializ­ados, referindo ser necessário mais 15 médicos e 43 enfermeiro­s, dado o trabalho realizado nas diferentes áreas. A unidade sanitária possui capacidade de internamen­to de 74 camas, um número que fica muito aquém das expectativ­as.

Em termos fármacos, a responsáve­l reconhece que não tem havido problemas neste sentido, mas lembrou que, em alguns casos, são passadas receitas médicas e “sensibiliz­amos os familiares para os adquirirem nas farmácias, mas não tem sido frequente.”

A malária, doenças hipertensi­vas durante a gravidez, eclampsias e as hemorragia­s pós-parto são os principais problemas apresentad­os pelas parturient­es.

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MAVITIDI MULAZA Número de partos por cesariana resulta dos atrasos na chegada das parturient­as ao hospital e pelo facto de as gestantes serem menores

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