Jornal de Angola

Marcha silenciosa contra sinistrali­dade

SEGURANÇA NAS ESTRADAS Acidentes de viação continuam a enlutar famílias e são a segunda causa de morte em Angola

- ANDRÉ DA COSTA |

Milhares de luandenses marcharam ontem para alertar os cidadãos sobre o elevado índice de sinistrali­dade rodoviária. A iniciativa enquadra-se na semana de reflexão em alusão ao 20 de Novembro, Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada.

Uma marcha silenciosa foi realizada ontem em Luanda, no âmbito da semana de reflexão em alusão ao 20 de Novembro, Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada, instituído pelas Nações Unidas, em 2005.

A marcha foi feita em uma hora e meia e começou por volta das 11h00 do Largo das Heroínas e terminou no Largo do Soweto, junto ao Cine Atlântico, onde decorreu uma Feira do Acidente.

Por ocasião da efeméride, o secretário de Estado do Interior, Eugénio César Laborinho, depositou uma coroa de flores no Largo da Independên­cia, onde houve um minuto de silêncio em memória das vítimas de acidentes nas estradas do país.

O segundo-comandante geral da Polícia Nacional, comissário chefe Paulo de Almeida, e membros do Conselho Consultivo da Polícia Nacional depositara­m também flores em memória dos cidadãos falecidos.

Na marcha, os participan­tes usaram camisolas e chapéus de cor branca e gritavam “queremos paz na estrada”. Foram também ouvidos conselhos úteis, como “não usar o telemóvel durante a condução”, “se beber não conduza”, “respeitar a sinalizaçã­o e não passar no sinal vermelho”, “os peões devem atravessar nas passadeira­s e usar as pontes aéreas” e “prevenção rodoviária um compromiss­o com a Nação”.

O secretario de Estado do Interior disse que o objectivo da marcha é alertar e recordar os cidadãos sobre a elevado índice de sinistrali­dade rodoviária que, além de provocar mortes, deixam milhares de pessoas com incapacida­de total ou parcial.

Eugénio Laborinho acentuou que, em Angola, os acidentes de viação são a segunda causa de morte no país, depois da malária, sendo mesmo declarado pelas autoridade­s sanitárias um problema de saúde pública. De Janeiro a Setembro, foram registados no país 8.452 acidentes de viação que provocaram 2.189 mortos e 8.518 feridos, a maioria dos quais vítimas de atropelame­nto.

Estatístic­as falam

“Os números dos acidentes indicam um sofrimento humano gratuito, motivado por actos de negligênci­a e pelo incumprime­nto das regras do Código de Estrada”, declarou Eugénio Laborinho, que pediu aos automobili­stas e peões que sejam responsáve­is na via pública. O director nacional adjunto de Viação e Trânsito, subcomissá­rio Conceição Gomes, disse que as estatístic­as da sinistrali­dade rodoviária até Setembro representa­m uma redução do número de acidentes em comparação com o mesmo período de 2015.

Ainda assim, Conceição Gomes manifestou-se preocupado com o número de pessoas que em Angola morrem em acidentes de viação, a maioria das quais é economicam­ente activa. “As pessoas que morrem nos acidentes de viação são pessoas economicam­ente activas, sendo por isso necessário uma mudança de mentalidad­e”, acentuou Conceição Gomes. Aleixo Nianga, coordenado­r nacional da Brigada Juvenil de Prevenção Rodoviária da JMPLA, valorizou a marcha e apelou aos automobili­stas para terem uma condução defensiva.

Mensagem de prevenção

O activista frisou que a JMPLA, organizaçã­o juvenil do MPLA, tem feito esforços no sentido de levar a mensagem de prevenção aos automobili­stas e peões, a fim de que se tenha uma sociedade com menos acidentes e mais paz nas estradas. A automobili­sta Celma Fernandes pediu aos automobili­stas que observem as regras do Código de Estrada, enquanto Garcia Fernandes chamou a atenção às pessoas que conduzem sob o efeito do álcool.

Participar­am na marcha, além de efectivos da Direcção Nacional de Viação e Trânsito e da Brigada Especial de Trânsito, escuteiros, membros da Nova Aliança dos Taxistas, da Brigada Juvenil de Prevenção rodoviária da JMPLA, da Pumangol, do Conselho Nacional da Juventude, de igrejas cristãs e da rede ambiental Maiombe.

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VIGAS DA PURIFICAÇíO Pormenor da marcha realizada ontem pela Direcção Nacional de Viação e Trânsito em Luanda província que tem registado o maior número de vítimas mortais resultante­s de acidentes de viação

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