Marcha silenciosa contra sinistralidade
SEGURANÇA NAS ESTRADAS Acidentes de viação continuam a enlutar famílias e são a segunda causa de morte em Angola
Milhares de luandenses marcharam ontem para alertar os cidadãos sobre o elevado índice de sinistralidade rodoviária. A iniciativa enquadra-se na semana de reflexão em alusão ao 20 de Novembro, Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada.
Uma marcha silenciosa foi realizada ontem em Luanda, no âmbito da semana de reflexão em alusão ao 20 de Novembro, Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada, instituído pelas Nações Unidas, em 2005.
A marcha foi feita em uma hora e meia e começou por volta das 11h00 do Largo das Heroínas e terminou no Largo do Soweto, junto ao Cine Atlântico, onde decorreu uma Feira do Acidente.
Por ocasião da efeméride, o secretário de Estado do Interior, Eugénio César Laborinho, depositou uma coroa de flores no Largo da Independência, onde houve um minuto de silêncio em memória das vítimas de acidentes nas estradas do país.
O segundo-comandante geral da Polícia Nacional, comissário chefe Paulo de Almeida, e membros do Conselho Consultivo da Polícia Nacional depositaram também flores em memória dos cidadãos falecidos.
Na marcha, os participantes usaram camisolas e chapéus de cor branca e gritavam “queremos paz na estrada”. Foram também ouvidos conselhos úteis, como “não usar o telemóvel durante a condução”, “se beber não conduza”, “respeitar a sinalização e não passar no sinal vermelho”, “os peões devem atravessar nas passadeiras e usar as pontes aéreas” e “prevenção rodoviária um compromisso com a Nação”.
O secretario de Estado do Interior disse que o objectivo da marcha é alertar e recordar os cidadãos sobre a elevado índice de sinistralidade rodoviária que, além de provocar mortes, deixam milhares de pessoas com incapacidade total ou parcial.
Eugénio Laborinho acentuou que, em Angola, os acidentes de viação são a segunda causa de morte no país, depois da malária, sendo mesmo declarado pelas autoridades sanitárias um problema de saúde pública. De Janeiro a Setembro, foram registados no país 8.452 acidentes de viação que provocaram 2.189 mortos e 8.518 feridos, a maioria dos quais vítimas de atropelamento.
Estatísticas falam
“Os números dos acidentes indicam um sofrimento humano gratuito, motivado por actos de negligência e pelo incumprimento das regras do Código de Estrada”, declarou Eugénio Laborinho, que pediu aos automobilistas e peões que sejam responsáveis na via pública. O director nacional adjunto de Viação e Trânsito, subcomissário Conceição Gomes, disse que as estatísticas da sinistralidade rodoviária até Setembro representam uma redução do número de acidentes em comparação com o mesmo período de 2015.
Ainda assim, Conceição Gomes manifestou-se preocupado com o número de pessoas que em Angola morrem em acidentes de viação, a maioria das quais é economicamente activa. “As pessoas que morrem nos acidentes de viação são pessoas economicamente activas, sendo por isso necessário uma mudança de mentalidade”, acentuou Conceição Gomes. Aleixo Nianga, coordenador nacional da Brigada Juvenil de Prevenção Rodoviária da JMPLA, valorizou a marcha e apelou aos automobilistas para terem uma condução defensiva.
Mensagem de prevenção
O activista frisou que a JMPLA, organização juvenil do MPLA, tem feito esforços no sentido de levar a mensagem de prevenção aos automobilistas e peões, a fim de que se tenha uma sociedade com menos acidentes e mais paz nas estradas. A automobilista Celma Fernandes pediu aos automobilistas que observem as regras do Código de Estrada, enquanto Garcia Fernandes chamou a atenção às pessoas que conduzem sob o efeito do álcool.
Participaram na marcha, além de efectivos da Direcção Nacional de Viação e Trânsito e da Brigada Especial de Trânsito, escuteiros, membros da Nova Aliança dos Taxistas, da Brigada Juvenil de Prevenção rodoviária da JMPLA, da Pumangol, do Conselho Nacional da Juventude, de igrejas cristãs e da rede ambiental Maiombe.