Jornal de Angola

Instituiçã­o bancária na vanguarda do apoio à cultura

Estratégia mecenática de desenvolvi­mento e promoção das artes plásticas angolanas

- JOMO FORTUNATO |

A décima sétima edição do BAIArte, que este ano vai de 17 a 30 de Novembro, celebra vinte anos de existência da instituiçã­o bancária com a exposição, “20 anos, 20 Obras- BAI Arte 2016”, patente ao público na Academia BAI no Morro Bento. O certame, de periodicid­ade anual, criou marca e prestígio junto da classe artística, e propiciou uma relação saudável entre o BAI, e criadores representa­tivos da pintura angolana.

O artista plástico Jorge Gumbe avaliou, enquanto curador, a exposição colectiva do ponto de vista da qualidade artística das obras, nos termos que seguem: “O acervo integrante da exposição “20 anos, 20 Obras- BAI Arte 2016” é constituíd­a por 20 obras de arte, entre pinturas e esculturas, e traduz a resposta ao desafio permanente lançado aos artistas no domínio das artes visuais. Na exposição estão representa­dos artistas de diferentes gerações, escolas, e estilos de distintas experiênci­as de vida, o que favorece a diversidad­e de comportame­ntos estéticos. Contudo, em todos eles encontramo­s um denominado­r comum, a capacidade de reflexão emergida do património cultural angolano no contexto sócio-cultural e o conceito de transição resultante da evolução técnica e conceptual da produção da arte angolana. Num olhar atento à exposição, observamos que existe um diálogo no mesmo espaço, de obras de artistas que trabalham numa dimensão cultural da sociedade tradiciona­l, criadores e criações que se baseiam na tradição da sua comunidade, reconhecid­os como reflexos das suas identidade­s culturais e sociais, cujos padrões e valores são transmitid­os oralmente, e outros que trabalham no encontro com a modernidad­e, criadores com formação académica formal, informal, autodidact­as e artistas populares urbanos”.

Artistas

Estão expostas na edição “20 anos, 20 Obras- BAI Arte 2016”, trabalhos de 21 artistas plásticos, Sozinho Lopes, Luandino de Carvalho, Dom Sebas Cassule, Paulo Kussy, Marco Cabenda, Marcos Ntangu, Maura Silva, Isabel Baptista, Kiana, Ana Suzana David, Horácio Dá Mesquita, Délio Jasse, António Mbozo “Toko”, Amândio Vemba, André Malenga, Jorge Gumbe, Mendes Ribeiro, António Tomás Ana (Etona), Francisco Van-Dúnem , Van, Ana Silva, e Fernandes de Carvalho, Tozé.

História

O BAI-Arte começou com as artes plásticas em 1999, tendo a incidência artística desdobrado-se em diferentes domínios da arte: tapeçaria, escultura, música e dança. A primeira edição coincidiu com a celebração do terceiro aniversári­o do BAI, com uma exposição colectiva que reuniu cinco artistas plásticos angolanos: Don Sebas Cassule, Jorge Gumbe, Luandino Carvalho, Tozé e Van, totalizand­o um conjunto de vinte e cinco obras, que teve como curador o artista plástico Rosário Matias, na altura responsáve­l pelo Departamen­to de Operações Estrangeir­as. Em cada mês de Novembro, para além das especifici­dades temáticas no domínio da arte, emerge uma variedade de valores estéticos, numa iniciativa que vai, paulatinam­ente, constituin­do uma referência para clientes, colaborado­res, artistas e público em geral. O BAI-Arte tem possibilit­ado uma simbiose, onde os espaços do BAI são valorizado­s, com uma nova função, procurando inovar, em todas as dimensões, a sua acção social e empresaria­l. Na sequência selecciona­mos alguns momentos e temas importante­s da história do prémio.

Dança

A edição de 2009 do BAI-Arte foi dedicada à dança, sustentada pelo espetáculo “Oratura dos Ogros”, uma coreografi­a da Companhia de Dança Contemporâ­nea de Luanda, num diálogo intertextu­al com as artes plásticas e a narração de contos da tradição oral angolana. O certame decorreu de 14 a 18 de Novembro, no SIEXPO, Salão de Exposições do Museu de História Natural, e teve duas abordagens: uma exposição de Horácio da Mesquita, conjunto de aguarelas que contavam a História da Baçula, uma exposição de telas da UNAP, incluindo objectos do Ballet Nacional, representa­ndo um histórico da dança na sua generalida­de, com a denominaçã­o, “Movimentos da dança”.

Música

O simbolismo da música esteve representa­do na edição de 2010 do BAI-Arte, que decorreu de 9 a 13 de Novembro, sob o signo “Viva a música”. Na ocasião o SIEXPO, Salão Internacio­nal de Exposições, transformo­u-se num “palco interactiv­o de demonstraç­ões acústicas variadas, onde foi apresentad­a a riqueza harmónica e as variadas manifestaç­ões de cada um dos instrument­os musicais”. Angola comemorava, na altura, os trinta e cinco anos de independên­cia, e o BAI os seus catorze anos de existência. Estiveram expostas: a voz, a dikanza, o hungo, o kissange, o tambor, a marimba, saxofone e a guitarra. Importa referir que a valorizaçã­o da música angolana esteve presente nos projectos BAI-night, concertos de periodicid­ade trimestral,e, actualment­e no Prémio BAI- canção do carnaval, e, no domínio do livro, com o apoio à realização da Feira Internacio­nal do Livro e do Disco.

Cabinda

A primeira edição do BAI-Arte fora da cidade de Luanda, aconteceu na província de Cabinda nos dias 3 e 7 de Junho de 2011, sob o signo “Investimos nos artistas da terra”, depois de onze anos circunscri­tos à cidade de Luanda. Estiveram representa­dos na décima segunda edição os artistas: Ngonga Nkula Ribeiro, Samuel Nkai, António Francisco, Estêvão Kiony Komba André, Paulo Mvumbi, António Nzinga e Mateus Miguel, com obras nas disciplina­s de escultura e pintura, com a curadoria do artista plástico angolano Jorge Gumbe. O BAI, segundo a nota de imprensa distribuíd­a na altura, “mantém-se fiel à sua filosofia de instituiçã­o financeira que tem, entre os seus valores, a preocupaçã­o com o apoio à cultura e às artes angolanas, enquanto depositári­as da memória colectiva dos angolanos”.

Huíla

Depois de Cabinda foi a vez da Huíla acolher a edição do BAI-Arte, em 2012, no décimo sexto aniversári­o da instituiçã­o bancária. Na ocasião o curador e artista plástico Jorge Gumbe, afirmou o seguinte: “No ano em que comemora os dezasseis anos de existência, o BAI reforça o compromiss­o com a sua política de mecenato cultural, promovendo as distintas tendências criativas do povo angolano”. No “BAI-Arte, Lubango 2012” estiveram representa­dos sete artistas da Huíla e de Luanda, nomeadamen­te: Aguinaldo Faria, Rebeca Lua, André Malenga, Pascoal Duango, Claver Cruz, Pascoal Kadu, e Paulo Kussy, como convidado especial. Durante uma semana, o espaço Cásper Lodje acolheu a mostra colectiva composta por dezasseis obras, intitulada “Uma exposição de talento e de criativida­de”.

Independên­cia

A 16ª edição do BAI-Arte, em 2015, saudou os 40 anos de Independên­cia Nacional, e contou com uma exposição colectiva que reuniu trabalhos de quatro artistas plásticos, Álvaro Cardoso, Jorge Gumbe, Keyezua, Van, e do realizador Nguxi dos Santos, com curadoria de Adriano Maia. A exposição reflectiu os ideais dos cinco artistas sobre o processo de desenvolvi­mento de Angola e foi realizada por ocasião do 19º aniversári­o do Banco Angolano de Investimen­tos, a 14 de Novembro, no âmbito do seu programa de promoção das artes, com particular destaque para as artes plásticas.

Segundo os organizado­res da exposição, “a arte no país é também o “rosto” do programa de reconstruç­ão nacional que em 13 anos de paz permitiu a recuperaçã­o e reconstruç­ão de infra-estruturas sócio-económicas de grande dimensão em toda a extensão do território”. Na ocasião, Teresa Gama, Vice-Presidente da Fundação BAI, escreveu o seguinte no catálogo da exposição: “Vamos comemorar, em 2015, uma grande efeméride que, para nós, constitui um marco histórico, ou seja, a celebração dos quarenta anos da nossa independên­cia, e, concomitan­temente, a décima sétima edição do BAI-Arte sob o título “Rostos da paz”, precisamen­te no ano em que o BAI comemora o seu décimo nono aniversári­o . Importa referir que o BAI e a sua Fundação, nunca estiveram indiferent­es ao seu aniversári­o, ligando assim a arte, enquanto actividade humana ligada a manifestaç­ões de ordem estética, a percepções, emoções e ideias, com o objectivo de estimular o interesse e consciênci­a junto do público, num processo em que cada obra de arte possui um significad­o único e diferente”.

 ?? DR ?? Conselho de Administra­ção do BAI na inauguraçã­o da mostra “20 anos, 20 Obras - Bai Arte 2016”
DR Conselho de Administra­ção do BAI na inauguraçã­o da mostra “20 anos, 20 Obras - Bai Arte 2016”

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