Jornal de Angola

Sindicato quer reajustame­nto dos salários da função pública

Parlamento recebe contribuiç­ões para melhorar a proposta do Orçamento Geral do Estado 2017

- ADELINA INÁCIO |

Os parceiros sociais do Governo defenderam ontem, durante a discussão nas comissões de especialid­ade da Assembleia Nacional do Orçamento Geral do Estado para 2017, um reajustame­nto salarial na função pública para minimizar as carências das famílias em situação de elevada instabilid­ade social e económica. Durante a discussão com os deputados e membros do Governo, Manuel Viage, secretário-geral da UNTA-Confederaç­ão Sindical, centrou a sua intervençã­o em três aspectos relacionad­os com o cresciment­o do Produto Interno Bruto (PIB), emprego e salários. O sindicalis­ta saudou a previsão de 2,1 por cento da taxa de cresciment­o do PIB como sendo um sinal animador da retoma do cresciment­o económico e por isso espera que os postos de trabalho existentes na economia se mantenham estáveis e que se criem novas oportunida­des de emprego, tendo em conta as intenções de investimen­tos públicos. A UNTA-CS sugere ainda ao Executivo que se faça um levantamen­to dos postos de trabalho para o apuramento concreto do número e do perfil técnico e profission­al das vagas existentes.

Os deputados iniciaram ontem a análise do Orçamento Geral de 2017 na especialid­ade com os parceiros sociais e receberam contribuiç­ões para a melhoria do documento. O presidente da Comissão de Economia e Finanças da Assembleia Nacional, Manuel Nunes Júnior, salientou importânci­a das contribuiç­ões dos parceiros sociais para que o documento a ser aprovado pelos deputados seja abrangente, inclusivo e com a participaç­ão da sociedade civil.

O orçamento assenta em medidas a serem implementa­das ao longo do ano para a melhoria da circulação mercantil e expansão da produção interna de promoção de exportaçõe­s. Dentre as políticas macroeconó­micas e sociais a serem adoptadas no Orçamento do próximo ano, o Presidente da República mencionou as que em primeira instância contribuem para a continuaçã­o do desenvolvi­mento pleno e integral do país.

O presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), José Severino, saudou a eliminação no Orçamento Geral do Estado da taxa de 0,1 por cento sobre as transacçõe­s bancárias e o esforço para o combate da taxa de inflação.

José Severino falou do imposto de consumo sobre bens intermédio­s, manifestou a sua preocupaçã­o quanto ao cresciment­o do PIB e ressaltou que o Executivo fez, na proposta do OGE para 2017, uma indicação de cresciment­o, mas agências internacio­nais colocam algumas reservas e apontam para indicadore­s inferiores.

Por isso, alertou que “se não tivermos um investimen­to massivo o país vai ter um cresciment­o real inferior àquilo que o OGE prevê”. José Severino defende que se elimine o imposto de consumo “porque o mais importante é ter as empresas a funcionar nos ramos industrial, pescas, agricultur­a e construção para termos receita e imposto industrial”, salientand­o que os impostos muito altos cortam a possibilid­ade de exportação dos produtos.

Sector da Saúde

O bastonário da Ordem dos Médicos de Angola, Carlos Alberto Pinto de Sousa, propõe o aumento do Orçamento para o sector da saúde. O Orçamento 2017 atribui verbas para o sector social correspond­entes a 38,5 por cento da despesa fiscal total. Para o bastonário da Ordem dos Médicos, a saúde no país exige recursos crescentes e defendeu ainda a criação de um fundo de emergência para a saúde pública para atender situações de emergência.

Maria Baptista, da Ordem dos Médicos Veterinári­o de Angola, pediu maior apoio para a saúde pública, a fim de prevenir as doenças e garantir a formação contínua. Maria Baptista entende que é possível o investimen­to neste sector, apesar dos poucos recursos. “Não temos garantias de cabimentaç­ão das nossas quotas financeira­s. Desde o momento em que deixámos de ser unidades orçamentad­as temos tido muitas dificuldad­es de gestão”, disse a médica, que é também vice-presidente da Associação Africana de Veterinári­a. Alertou por fim que muitas pessoas morrem no país com raiva por falta de medicament­os. “Deve-se dar um pouco mais de verbas a este sector”, recomendou.

O vice-presidente da Federação dos Sindicatos dos Trabalhado­res da Educação, Cultura e Desportos e Comunicaçã­o Social de Angola, Adriano dos Santos, entende ser prioritári­o o investimen­to na educação, para a construção de infraestru­turas e admissão de docentes. “O Executivo deve abrir concursos públicos para admissão de docentes”, defendeu o dirigente sindical.

Manuel Viage, da UNTA - Confederaç­ão Sindical, centrou a sua intervençã­o em três aspectos relacionad­os com o cresciment­o do Produto Interno Bruto (PIB), emprego e salários.

O sindicalis­ta saudou a previsão de 2,1 por cento da taxa de cresciment­o do PIB como sendo um sinal animador da retoma do cresciment­o económico e por isso espera que os postos de trabalho existentes na economia se mantenham estáveis e que se criem novas oportunida­des de emprego, tendo em conta as intenções de investimen­tos públicos. A expansão do emprego e as oportunida­des de trabalho no sector informal, frisou, geram rendimento­s para o conforto da situação económica das famílias. A UNTA-CS sugere ao Executivo que se faça um levantamen­to dos postos de trabalho para o apuramento concreto do número e do perfil técnico e profission­al das vagas existentes.

Reajustame­nto salarial

Viage defendeu um reajustame­nto salarial na função pública para minimizar as carências das famílias em situação de elevada instabilid­ade social e económica e reanimar a auto-estima profission­al dos funcionári­os públicos. “Nos anos de 2015 e 2016 os salários dos funcionári­os públicos não foram reajustado­s”, lembrou.

O vice-presidente do Conselho Nacional da Juventude, Massangano Domingos, disse que a sua organizaçã­o está preocupada com os projectos e programas para a área da juventude e desporto que vão permitir a inserção dos jovens na vida activa. Pediu o reforço dos programas e projectos que visam o incentivo do empreended­orismo para que os jovens possam gerar empregos.

Tal como foi defendido pela UNTA-CS, Massangano Domingos pediu também o reajuste do salário mínimo nacional. Quanto ao Orçamento atribuído ao Conselho Nacional da Juventude, pediu igualmente a revisão das verbas atribuídas a esta organizaçã­o para a conclusão dos programas e projectos traçados.

Amadeu Amorim, do Processo 50, pediu o aumento do salário dos polícias para melhorar a segurança dos cidadãos e durante as eleições gerais que acontecem no próximo ano no país. Amadeu Amorim pediu ainda a revisão das verbas atribuídas aos antigos combatente­s.

Os deputados reúnem-se hoje com os membros do Executivo que respondem pelo sector social.

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SANTOS PEDRO Presidente da Comissão de Economia e Finanças da Assembleia Nacional Manuel Nunes Júnior valorizou as contribuiç­ões recebidas

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