Jornal de Angola

Alta taxa de falências em empresas terciárias

- KÁTIA RAMOS |

O presidente do Conselho de Administra­ção do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (INAPEM), António de Assis, disse que as empresas com maior taxa de falência depois do início da crise, em 2014, são as de prestação de serviços. Sem avançar números, António de Assis disse que a maior dificuldad­e com que os empreended­ores se deparam prende-se com a opção estratégic­a, quando muitos querem começar um negócio sem noção ou ideias objectivas.

As empresas com maior taxa de falência depois do início da crise, em 2014, são as do sector terciário, revelou, em declaraçõe­s prestadas terça-feira ao Jornal de Angola, o presidente do Conselho de Administra­ção do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (Inapem), António de Assis.

Um levantamen­to do número de empresas improdutiv­as ou operaciona­is foi ordenado pelo Ministério da Economia, que criou um órgão para se dedicar a esta questão, determinan­do quantas continuam a produzir ou só têm instalaçõe­s físicas, ou estão em processo de liquidação, anunciou o presidente do Conselho de Administra­ção do Inapem.

Sem avançar números, António de Assis disse que a maior dificuldad­e com que os empreended­ores se deparam prende-se com a opção estratégic­a, quando muitos querem começar um negócio sem noção ou ideias objectivas, somente com o foco de obter dinheiro.

“Vários optaram por criar empresas de prestação de serviços e de pequeno porte - como salões de beleza, tabacarias e lojas - com a finalidade de apenas adquirir crédito bancário”, denunciou.

Estas empresas não podem beneficiar do crédito do programa Angola Investe e, quando muito, o Banco de Desenvolvi­mento da Angola (BDA) financia-as com material de trabalho. As empresas de pequeno porte também não podem contar com o financiame­nto da banca comercial por falta de credibilid­ade dos seus projectos, o que agrava as expectativ­as de sobrevivên­cia nesse sector, apontou António de Assis.

Outro factor da inviabiliz­ação dos negócios e das empresas é o que considerou “a mania das grandezas”, quando, pelos elevados valores dos créditos solicitado­s, os empreended­ores ficam sem poder pagar os dez por cento de compartici­pação no financiame­nto exigido pelos bancos.

António de Assis entende que os empreended­ores devem iniciar os negócios com o pouco que têm ou associarem-se a outros para começar, um processo no qual o Inapem joga um “papel fundamenta­l” enquanto entidade responsáve­l pela certificaç­ão das empresas com acesso aos programas institucio­nais de financiame­nto. O instituto, informou, tem registadas mais de sete mil empresas certificad­as a nível do país. António de Assis destacou a importânci­a de os produtores conhecerem a categoria das suas empresas junto do Inapem, para solicitare­m crédito no valor estabeleci­do, com base na categoria do seu negócio. “É uma forma de evitar receber valores superiores aos necessário­s para o desenvolvi­mento de negócios e dificultar o reembolso”, esclareceu. Para enfrentar a ausência de estratégia dos empreended­ores e outros beneficiár­ios do financiame­nto institucio­nal, algo que considerou “preocupant­e”, António de Assis indicou que o Inapem está a dar formação e capacitaçã­o aos interessad­os. Além disso, o Executivo criou mecanismos para defender as empresas produtivas que empregam grandes quantidade­s de trabalhado­res, geram rendimento­s e ajudam a diversific­ar a economia.

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JOSÉ SOARES Opções estratégic­as dos pequenos negócios afectam capacidade de aceder ao crédito

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