Selecção lima últimas arestas
PÉROLAS TERMINAM CICLO DE JOGOS Ataque e recuperação defensiva são as prioridades
A Selecção Nacional sénior feminina de andebol defrontou, ontem às 20h00, a equipa do Almeida Garrett, da primeira Liga feminina de Portugal, no último jogo de preparação, visando a participação no CAN'2016, que se realiza de 28 de Novembro a 6 de Dezembro, na Arena do Kilamba, em Luanda.
A derrota diante dos juniores do FC do Porto, por 27 - 31, nesta terça-feira, justifica-se, em parte, segundo o treinador adjunto da Selecção Nacional, Edgar Neto, pelas precauções das atletas, no sentido de evitar lesões, quando faltam poucos dias para o arranque da maior reunião africana do andebol feminino. Depois do empate na primeira partida, as portistas evidenciaram a sua superioridade, sobretudo no capítulo físico, e beneficiaram de algumas oscilações no rendimento do “sete” nacional, para chamar a si a vitória. Ontem, diante de uma formação feminina, Filipe Cruz e Edgar Neto definiram como objectivo, o acerto dos últimos detalhes que não satisfazem a equipa técnica, com prioridade para o ataque.
O balanço do desempenho defensivo é satisfatório, com o grupo a interpretar bem os sistemas defensivos 6:0 e 5:1, bem como as distintas variantes idealizadas pela equipa técnica. Até amanhã, último dia de estágio em Gaia, Filipe Cruz e Edgar vão prestar especial atenção às acções de ataque e à recuperação defensiva, aspectos que ainda carecem de aprimoramento.
Hoje, a Selecção Nacional realiza uma sessão única de treino táctico, que irá incidir sobre correcções aos aspectos negativos apurados ao cabo dos sete jogos de preparação realizados durante o estágio. Para amanhã, está programada dupla sessão de treinos, antes do regresso ao país, sábado, com partida do Porto, às 8h00.
As atletas serão dispensadas para rever a família, na tarde de sábado, em Luanda, e o grupo volta a reunir-se no domingo, para uma sessão de treinos no Pavilhão da Cidadela, às 18h00, antes da concentração no hotel Diamante, que será o “quartel-general” da Selecção Nacional durante a vigésima segunda edição do Campeonato Africano das Nações8CAN) em seniores femininos.
O principal destaque da sétima edição do CAN (Taça de África das Nações), em 1987, na cidade de Rabat, capital de Marrocos, foi a conquista do ceptro pela Costa do Marfim. O feito inédito resultou da subida gradual das costamarfinenses, que passaram a ser “clientes” habituais do pódio e conseguiram a medalha de prata na competição anterior.
Conflitos entre jogadoras, treinadores e federação congolesa provocaram a ausência das então tetracampeãs continentais. O facto não desvirtuou a conquista das atletas da Costa do Marfim que, depois de cinco presenças efectivas na competição, “escreviam o capítulo doirado” do seu historial.
Camarões e Congo Democrático completaram o pódio, enquanto a Tunísia, Angola e Egipto preencheram os postos seguintes da tabela classificativa, mantendo o alinhamento conseguido na edição anterior em Luanda.
Angola continuou a denotar acentuada progressão no desempenho, sem que tal fosse acompanhado por resultados desportivos mais animadores. O Congo Brazzaville e Marrocos foram ausências de vulto na competição, pela sua condição de campeão em título e anfitrião, respectivamente.
VII edição (Marrocos, em 1987).
Campeã: Costa do Marfim.
Participantes (6): Costa do Marfim, Camarões, Congo Democrático, Tunísia, Angola e Egipto.
Sem surpresa para alguns, em 1989, na capital argelina, Argel, o CAN conheceu um novo e inédito campeão, Angola. A “luta diplomática” pelo domínio da Confederação Africana de Andebol adensouse entre costa-marfinenses e congoleses, e Angola entrou como simples animadora. Entretanto, as lições haviam sido bem apreendidas com as derrotas anteriores.
A vitória do Ferroviário na Taça dos Clubes Campeões deu sinal positivo às autoridades. Cresceu a aposta na selecção feminina. A preparação foi mais cuidada e os conflitos internos passaram para segundo plano, em defesa do interesse nacional. Palmira Barbosa deixou para trás outras jogadoras africanas de eleição que se destacavam, como a nigeriana Olívia, ou as congolesas Nádia e Chantal Mbo. A capitã do “sete” nacional conduziu as suas colegas na primeira de muitas vitórias que iriram consolidar o dominio absoluto de Angola. A actual Secretária de Estado para o Desporto, Ana Paula Sacramento, foi a ponta direita titular dessa selecção e está envolvidada actualmente, por imperativos do cargo que ocupa, na organização do terceiro CAN em território nacional.
Na época, às ordens de Beto Ferreira e Fernando Moreira, as Pérolas impediram as costa-marfinenses de defender o título e, mesmo com a presença das congolesas, as angolanas mostraram-se aguerridas e determinadas a inscrever Angola no leque das selecções com títulos conquistados.
No ano seguinte, Angola começou a competir no Campeonato do Mundo na Coreia do Sul. A Costa do Marfim ficou com a medalha de prata e o Congo Brazzaville com a de bronze. Argélia, Egipto e Tunísia ocuparam as posições seguintes.
VIII edição (Argélia, em 1989) Campeã: ANGOLA
Participantes (6): Angola, Costa do Marfim, Congo Brazzaville, Argélia, Egipto e Tunísia.
Dois anos depois no Cairo, a prova registou mais uma surpresa. Desta feita, o ceptro ficou com a Nigéria. Embora não disputasse o campeonato nas últimas três edições, as nigerianas prepararam-se de modo a obter um feito inédito, remetendo as angolanas para a segunda posição do pódio.
Gorada a ambição de regressar às conquistas, o Congo Brazzaville terminou a prova com medalha de bronze. Argélia, Senegal, Costa do Marfim e Egipto ficaram nas posições imediatas.
IX edição (Argélia, em 1991) Campeã: Nigéria
Participantes (7): Nigéria, Angola, Congo Brazzaville, Argélia, Senegal, Costa do Marfim e Egipto.
No ano seguinte, em Yamoussoukro, Angola voltou a brilhar conquistando o segundo troféu continental. Ainda às ordens de Beto Ferreira, a selecção mais titulada de África mostrou aos mais atentos que o alcance da taça em 1991 era resultado de muito trabalho e para as angolanas não bastava participar. Em causa estava a ambição de atingir outros patamares e assim colocar o nome de Angola nos mais altos limiares do desporto africano no que o andebol feminino diz respeito. O Congo Brazzaville terminou na segunda posição. Apesar de jogarem em casa as marfinenses tiveram de se contentar com o terceiro lugar, a seguir Nigéria, Argélia, Senegal, Tunísia e Congo Democrático.
X edição (Costa do Marfim, em 1992)
Campeã: ANGOLA.
Participantes (8): Angola, Congo Brazzaville, Costa do Marfim, Nigéria, Argélia, Senegal, Tunísia e Congo Democrático.