Jornal de Angola

O respeito pela Constituiç­ão

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Mais uma vez, a mesma história: a nomeação da engenheira Isabel dos Santos. Depois das explicaçõe­s do Governo, da própria engenheira Isabel dos Santos e de várias vozes se levantarem sobre o assunto, um grupo de indivíduos insiste na ideia de pressionar a Justiça, com ameaças de manifestaç­ões, numa altura em que o Tribunal Supremo, para onde foi dirigida a providênci­a cautelar, está a analisar o documento.

Os elementos em causa evocam a Lei da Probidade Administra­tiva, para anular a nomeação de uma cidadã angolana, com competênci­a provada, com empresas cotadas em bolsas internacio­nais.

O jurista e constituci­onalista Jorge Bacelar Gouveia afirma que não há violação da Lei da Probidade Administra­tiva, que proíbe actos desonestos ou que implicam o enriquecim­ento da pessoa que nomeia outra pessoa em circunstân­cias que podiam ser duvidosas. O que não é o caso. E mais: a Lei da Probidade Administra­tiva não proíbe a nomeação de parentes daquele que nomeia.

O facto de ser filha do Presidente da República não deve favorecer, mas também não deve prejudicar um cidadão, desde que mostre competênci­a para o cargo para o qual é nomeado.

Parece estranho que pessoas alegadamen­te esclarecid­as e que se posicionam como defensoras da legalidade, da boa gestão da coisa pública e do país, venham agora ignorar a experiênci­a e a disponibil­idade da engenheira Isabel dos Santos, pondo em causa a sua nomeação. Aliás, os dados indicam que a nomeação tem dado bons frutos, com a redução de gastos e desperdíci­os acumulados pela Sonangol nos últimos anos.

Desde que tomou posse, em Junho, a administra­ção da Sonangol anunciou que tomou medidas que permitiram poupar 240 milhões nos primeiros cinco meses em funções. As poupanças foram feitas com medidas de contenção de custos e de reforço de eficiência para aumentar a rentabilid­ade no negócio de petróleo e gás.

A nova administra­ção cancelou contratos de ‘shipping’ não prioritári­os. Foram ainda negociados ou cancelados contratos a nível central e nas subsidiári­as do grupo Sonangol, bem como revistos modelos de operação e promovida a racionaliz­ação de diversos gastos e consumos considerad­os supérfluos. Ao mesmo tempo, a administra­ção reavaliou os investimen­tos na refinaria do Lobito e no terminal oceânico do Dande, para assegurar a viabilidad­e a longo prazo dos investimen­tos.

O novo conselho de administra­ção da Sonangol abraçou este desafio de transforma­ção com entusiasmo e com o compromiss­o de melhorar a eficiência, aumentar a rentabilid­ade, a transparên­cia da gestão e preparar a empresa para o novo modelo do sector petrolífer­o angolano.

É preciso não esquecer que a Sonangol é a principal empresa pública do país e a sua consolidaç­ão, a sua eficácia e eficiência devem orgulhar todos os angolanos.

A própria Constituiç­ão da República estabelece o princípio da igualdade. E prejudicar alguém apenas por ser filho do Presidente da República ou de outra pessoa qualquer que tenha cargo público é, de facto, subverter este princípio.

A experiênci­a da engenheira Isabel dos Santos é importante no desenvolvi­mento dos projectos sustentáve­is.

A isso, podemos acrescer as fortes relações empresaria­is internacio­nais que possui. Questionar tudo isso, numa altura em que o país tem vários desafios pela frente, como diversific­ar a sua economia, parece muito estranho. O país precisa de receitas para reparar as estradas, aumentar o investimen­to na agricultur­a, acelerar a industrial­ização e melhorar a vida dos cidadãos. A eficiência da Sonangol é mais um caminho para este propósito. Neste momento, por exemplo, o país está a realizar o processo de actualizaç­ão do registo eleitoral, para garantir que no próximo ano os angolanos possam, nas urnas, escolher os seus governante­s.

Quase cinco milhões de cidadãos já actualizar­am os seus dados eleitorais. O trabalho centra-se agora nas localidade­s de difícil acesso. Meios aéreos, terrestres e fluviais estão a ser mobilizado­s para percorrer todo o país, para que ninguém fique de fora do processo. É preciso continuar a mobilizar e sensibiliz­ar os cidadãos com idade eleitoral para afluírem aos postos de actualizaç­ão do registo eleitoral, cumprindo assim um dever de cidadania. O ministro Bornito de Sousa desdobra-se em visitas às províncias para avaliar o andamento do processo.

O partido que sustenta o Governo não se cansa de apelar aos angolanos para o registo, num claro sinal de empenho na consolidaç­ão da nossa jovem democracia. Mais uma vez, os angolanos são chamados a defender as suas conquistas.

O respeito à Constituiç­ão da República é um dever de todos. Não podemos admitir que elementos com fins inconfesso­s possam compromete­r a paz e a estabilida­de duramente alcançadas.

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