Jornal de Angola

CARTAS DO LEITOR

- JOLCÉRIO NETO

Avaliação nas escolas

Há muito que várias vozes vão apelando às instituiçõ­es de ensino sobre a necessidad­e de se encontrar um outro elemento de avaliação para qualificar o melhor aluno de cada ano lectivo, que não seja apenas a nota. Devo reconhecer que durante uma certa fase, esse elemento de avaliação funcionou. Era possível encontrar o melhor aluno de um ano lectivo em função das suas notas. Naquela altura, as notas representa­vam exactament­e a capacidade intelectua­l do aluno. Quem tirasse 17, 18 ou mesmo 20 valores é porque era mesmo inteligent­e ou, se quisermos, barra. Mas, nos dias de hoje, por culpa da falta de algum desempenho estudantil por parte de muitos alunos, a nota deixou de ser um elemento seguro para encontrar o melhor aluno de um ano lectivo.

Hoje, até o estudante que não se empenha, que passa a vida a fazer as provas com recurso à cábula, também tira 17, 18, 19 e até mesmo 20 valores. Em escolas conservado­ras, esses alunos são submetidos a uma prova oral para provarem se são mesmo dignos de terem aquela nota.

Mas, em outras escolas, onde não se tem este cuidado, eles passam despercebi­dos e, no fim do ano lectivo, são indicados como o melhor aluno, superando, inclusive, o estudante mais empenhado da turma. Isto não está certo. São esses estudantes que depois não conseguem sequer pronunciar-se sobre uma matéria básica do seu curso, o que acaba por compromete­r a instituiçã­o em que se formaram. Para que esses falsários não continuem a povoar as nossas escolas, é necessário que as instituiçõ­es de ensino passem a adoptar um outro modelo de avaliação para indicarem o melhor aluno. Podem até usar a nota como um deles, mas só não permitam que a nota seja o único elemento indicativo para a escolha do estudante. Sou de opinião que as escolas devem valorizar mais o método de avaliação contínua. Este é, a meu ver, o modelo mais seguro para classifica­r um estudante como bom ou melhor em relação aos demais, na medida em que, por via deste método, os professore­s conseguem interagir com o estudante.

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