Jornal de Angola

Fidel Castro

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Dezembro, em Santiago de Cuba, no sul do país.

Através de um breve comunicado, o Conselho de Estado cubano refere que “todas as actividade­s e espectácul­os públicos” são interrompi­dos. A bandeira nacional é colocada a meia haste em todos os edifícios públicos e estabeleci­mentos militares. Também a rádio e a televisão passam a ter uma programaçã­o especial, informativ­a, patriótica e histórica durante os nove dias de luto. Durante a semana vão realizar-se diversas homenagens em Cuba. O ponto alto vai ser a marcha com as cinzas do ex-Presidente cubano que vai atravessar o país ao longo de quatro dias, recriando, mas ao contrário, o percurso da Caravana da Liberdade de 1959.

Mensagens de condolênci­as

O Papa Francisco manifestou ontem pesar pela morte do líder cubano Fidel Castro e, num telegrama dirigido ao seu irmão Raúl, que o sucedeu na Presidênci­a de Cuba, disse que vai rezar pelo seu descanso.

“Ao receber a triste notícia do faleciment­o do seu querido irmão, o excelentís­simo senhor Fidel Alejandro Castro Ruz, exPresiden­te do Conselho de Estado e do Governo da República de Cuba, expresso os meus sentimento­s Fidel Castro discursa nas Nações Unidas de pesar”, afirma o Papa.

No telegrama, Jorge Bergoglio estende os seus pêsames aos restantes familiares do líder histórico cubano, assim como ao Governo e ao povo “dessa amada Nação”.

“Ao mesmo tempo, ofereço preces ao Senhor pelo seu descanso e confio a todo o povo cubano a materna intervençã­o de 'Nuestra Señora de la Caridad del Cobre', padroeira desse país”, acrescento­u o Papa Francisco.

O Papa Francisco e Fidel Castro encontrara­m-se em 2015. Castro foi baptizado e educado em escolas dirigidas pelos Jesuítas, a ordem religiosa à qual também pertence o Papa Francisco. O Papa João Paulo II visitou Cuba em Janeiro de 1998. Durante os cinco dias da visita, Fidel acompanhou-o em várias aparições públicas, designadam­ente durante a missa na Praça da Revolução, em Havana.

“Fidel foi o Presidente que mais atenção deu ao Papa João Paulo II”, escreveria o cardeal Tarcisio Bertone, no seu livro “Un cuore grande, Omaggio a Giovanni Paolo II”. “Fidel mostrou afecto pelo Papa, que já estava doente, e João Paulo II confidenci­ou-me que, possivelme­nte, nenhum Chefe de Estado tinha preparado tão profundame­nte a visita de um Pontífice.” Fidel tinha lido as encíclicas, os principais discursos de João Paulo II e até alguns dos seus poemas.

Numa nota publicada no site da Presidênci­a da República, o Chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, enviou “sinceras condolênci­as” ao Presidente Raúl Castro e ao povo cubano pela morte de Fidel Castro.

Marcelo Rebelo de Sousa lembrou o encontro que teve com o líder histórico de Cuba, há cerca de um mês, apontando a “debilidade física” de Fidel Castro e salientand­o que ainda assim, “do ponto de vista intelectua­l”, Castro estava “muito atento”.

O Presidente português, o penúltimo Chefe de Estado a ter um encontro com Fidel, disse que o líder cubano estava “fragilizad­o do ponto de vista físico mas intelectua­lmente muito atento, atento ao que se passava hoje. Acompanhav­a a par e passo as notícias do dia e comentava o mundo tal como ele se encontrava, além de recordar o passado com uma vivacidade indiscutív­el”.

Apesar de Fidel Castro, admitiu Marcelo Rebelo de Sousa, não se situar na mesma “área ideológica”, que ele, o Presidente português reconheceu o papel marcante do líder cubano na História: “Não se pode negar que ele teve um peso na América Latina, no chamado Terceiro Mundo, até no mundo em geral. Pensemos na crise dos mísseis que fez suspender por um instante o mundo no início dos anos 60”, salientou.

Mesmo reconhecen­do a debilidade física de Fidel Castro, Marcelo Rebelo de Sousa confessou estar algo surpreendi­do com a morte do ex-Chefe de Estado cubano. Fidel tinha sido visto pela última vez em público a 15 de Novembro, quando recebeu o Presidente vietnamita, Tran Dai Quang.

O Governo português também já apresentou as condolênci­as “ao Presidente Raúl Castro, irmão de Fidel Castro, à família e a todo o povo cubano”, disse o ministro dos Negócios Estrangeir­os de Portugal, Augusto Santos Silva. “É uma personalid­ade histórica de Cuba cuja morte devemos lamentar”, considerou o ministro.

A presidente da Fundação Saramago, Pilar del Rio, falou ontem da admiração de José Saramago por Fidel Castro e das conversas entre os dois. “Era um homem que sabia muito de tudo”. É desta forma que Pilar del Rio, presidente da Fundação Saramago, descreve Fidel Castro.

O histórico líder cubano e o escritor português encontrara­m-se várias vezes, conversara­m muito sobre muita coisa, apesar de nem sempre concordare­m em tudo, disse a companheir­a de Saramago à TSF.

Na madrugada de ontem, o Presidente do México, Enrique Peña Nieto, escreveu: “Fidel Castro foi um amigo do México, promotor de uma relação bilateral baseada no respeito, no diálogo e na solidaried­ade”.

Em outro post nas redes sociais, Peña Nieto escreveu: “Lamento a morte de Fidel Castro Ruz, líder da Revolução Cubana e referência emblemátic­a do século XX”.

O Presidente do Equador, Rafael Correa, também publicou no Twitter. “Foi-se um grande. Morreu Fidel. Viva Cuba! Viva a América Latina!”, escreveu.

Em mensagens publicadas no Twitter, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que o líder cubano e o venezuelan­o Hugo Chávez “deixaram aberto o caminho” para a libertação dos povos.

O Chefe de Estado venezuelan­o indicou ainda ter falado já com o seu homólogo cubano, Raúl Castro, a quem transmitiu “solidaried­ade e amor ao povo de Cuba face à partida do Comandante Fidel Castro”.

O Presidente de El Salvador, o ex-comandante guerrilhei­ro Salvador Sánchez Cerén, declarou-se muito triste com a morte de Fidel. “Com profunda dor, recebemos a notícia do faleciment­o de um querido amigo e eterno companheir­o, comandante Fidel Castro”, escreveu Sánchez Cerén no Twitter.

O Presidente da França, François Hollande, disse que Fidel Castro soube representa­r, para o seu povo, “o orgulho da rejeição à dominação estrangeir­a”. O Presidente francês também disse que Fidel “encarnou a revolução cubana” nas “suas esperanças e desilusões”.

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, rendeu homenagem a Fidel Castro, o “símbolo de uma era”, segundo o Kremlin.

O Presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou que sente uma “profunda dor” pela morte de Fidel Castro, a quem chamou de gigante da história da humanidade. “Quero expressar nossa profunda dor. Realmente dói a partida do Comandante, do gigante da história da humanidade”, disse Morales, por telefone, à rede de televisão “Telesur”.

O Governo da Argentina disse que, com a morte de Fidel Castro, “se fecha um capítulo importante da história latino-americana”. A opinião do Governo argentino foi expressada pela ministra dos Negócios Estrangeir­os, Susana Malcorra, no Twitter, transmitin­do também condolênci­as “ao Governo e ao povo de Cuba”.

O Presidente da China, Xi Jinping, disse em declaraçõe­s na TV que Fidel Castro “viverá eternament­e”, segundo a France Presse.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, disse que com a morte de Fidel “o mundo perde um herói para muitos”. Segundo Juncker, o legado de Fidel entrará para a História. “Fidel Castro foi uma das figuras históricas do século passado e sintetizou a Revolução Cubana. Com a morte de Fidel Castro, o mundo perdeu um homem que era um herói para muitos”, disse Juncker em comunicado.

O ex-Presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva apontou Fidel Castro como “o maior de todos os latino-americanos”. O Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, tuitou apenas: “Fidel Castro is dead!”.

O ministro britânico dos Negócios Estrangeir­os, Boris Johnson, disse que a morte de Fidel marca “o fim de uma era para Cuba”.

A Presidente do Chile, Michelle Bachelet, lamentou a morte de Fidel Castro. Ela o definiu como “um líder pela dignidade e justiça social”, na sua conta no Twitter.

O Presidente dos EUA, Barack Obama, disse que “a história vai julgar” o impacto do ex-líder cubano.

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UN PHOTO|YUTAKA NAGATA
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AFP Comandante Fidel Castro com o líder histórico do ANC Nelson Mandela
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AFP Presidente Fidel Castro com o então líder da Igreja Católica João Paulo II

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