Mais de noventa mil estão em tratamento
Marcha de solidariedade com os portadores foi realizada ontem em Luanda
O secretário de Estado da Saúde, Eleutério Hivilikwa, deu a conhecer ontem, em Luanda, na marcha de solidariedade com as pessoas portadoras da doença, que a prevalência no país do VIHSida é de 2,4 por cento e que mais de 90 mil pessoas estão em tratamento com anti-retrovirais.
“Mas há muitos desafios a serem superados. Os recursos nunca são suficientes para todos os planos que desejamos executar, principalmente em período de crise mundial”, disse. Hivilikwa sublinhou igualmente a superação da desigualdade de género, que torna as mulheres vulneráveis à violência, ao desemprego, à pobreza e à falta de informação e formação.
“Procuramos despertar a nova geração que não viveu os piores momentos da epidemia para a consciência de que, apesar de ser actualmente uma doença que tem tratamento e que é possível viver bem com ela, ainda não existe cura e o melhor remédio é evitar a infecção”, salientou o secretário de Estado da Saúde. Usar o preservativo nas relações sexuais ocasionais, conhecer o próprio estado serológico e aderir ao tratamento com anti-retrovirais “leva-nos a cumprir as metas que dão fim ao Sida como problema de saúde pública em 2030”.
Todos os avanços que a ciência proporcionou em relação ao combate à epidemia do VIH-Sida devem ser acessíveis a todos. “Precisamos de garantir que os direitos humanos sejam respeitados, que não haja discriminação de qualquer natureza e que tenhamos um mundo com maior justiça social”, disse. O Executivo dá prioridade às acções intersectoriais de prevenção e tratamento do VIH-Sida e às parcerias activas com os diversos sectores da sociedade civil e agências das Nações Unidas.
A representante das pessoas que vivem com VIH-Sida, Carolina Pinto, disse que para desespero dos portadores da doença, a situação actual tende a piorar a cada dia que passa “porque existe uma escassez de alguns anti-retrovirais e de medicamentos para combater as infecções de tuberculose”.
Segundo afirmou, “com a escassez de medicamentos existe pouca esperança de vida e muitos receios”.
Ambiente festivo
A marcha de solidariedade com os portadores do VIH-Sida teve a participação de milhares de pessoas, maioritariamente jovens. Depois de percorrerem algumas das principais artérias da cidade, nomeadamente as avenidas Hoji-yaHenda e Ho Chi Minh, os participantes concentraram-se na Praça da Família. Em ambiente de feira, no local foram montadas tendas apetrechadas com pessoal e material técnico para testagem da condição serológica dos interessados e com exposição de artigos para prevenção do VIH-Sida, nomeadamente camisinhas, panfletos e camisolas especialmente apelativas para os jovens. Bem dentro do contexto político e de cidadania do país, estavam em funcionamento vários postos de registo eleitoral.
Participaram na marcha representantes de igrejas, associações juvenis, autoridades tradicionais e membros do corpo diplomático e do sistema das Nações Unidas.