Jornal de Angola

Assaltos preocupam os citadinos

- JOÃO LUHACO |

A passadeira superior instalada na via expresso da cidade do Lubango, no perímetro que vai da ponte da Igreja Imaculada à descida da Santa, a caminho do Aeroporto Internacio­nal da Mucanca, está apelidada de “corredor do inferno”, em decorrênci­a dos permanente­s assaltos e actos de vandalismo.

A situação, que é mais grave à entrada do antigo mercado paralelo do Tchioco, tem vindo a criar sérios embaraços aos citadinos.

Maria Tuliatelek­o, aparentand­o estar na casa dos 30 anos de idade, carregando desajeitad­amente o seu bebé, corria sem rumo, com os olhos cheios de lágrimas a expressar a aflição e o pavor que a apoquentav­am. Ela rogava, aos gritos: “agarra o gatuno, está a levar a minha pasta, tem lá o dinheiro do negócio e do táxi”.

Interpelad­a pela reportagem do Jornal de Angola, ela disse que vive na sede municipal da Chibia e vinha ao Lubango comprar mercadoria para revender na sua bancada, a única alternativ­a que tem de sobrevivên­cia e para sustentar os seus quatro filhos, que cria sozinha. “Eu estava a amarrar o bebé às costas, o gatuno tirou a carteira que estava no chão, no meio dos meus pés, foi tudo muito rápido. A minha vida assim acabou, lá em casa do negócio nada ficou e agora nem sei como vou pagar o táxi para voltar à Chibia”, desabafou.

O idoso Baltazar Ventura, morador da comuna da Huíla, tentava amparar a infeliz mulher e desabafou ao Jornal de Angola que aquele local tornou-se um autêntico “inferno”, com os meliantes a ditarem as regras e ninguém a tomar medidas.

“Coitadas, as senhoras indefesas são as maiores vítimas.Os larápios misturam-se com os passageiro­s na hora de subir ou descer do táxi e agilmente puxam as pastas, relógios, jóias e até as compras”, disse Baltazar Ventura.

A onda de assaltos naquele espaço atingiu tais níveis de saturação que de segunda a sexta-feira os ouvintes enviam mensagens de preocupaçã­o aos programas matinais das rádios locais. “Os meliantes com armas brancas em punho abordam as pessoas na passadeira aérea, bloqueiam o caminho e apossam-se dos telemóveis, pastas, dinheiro e fios de ouro. Por favor, estamos em perigo, mesmo com a Esquadra Móvel da Polícia aqui ao lado, pedimos socorro.” Esta é uma das muitas mensagens enviadas às rádios.

Polícia garante segurança

O porta-voz da Polícia Nacional na província da Huíla, superinten­dente-chefe Paiva Tomás, reconheceu que o famoso “corredor do inferno” é uma zona “propensa à prática criminosa, a qualquer momento”.

Os cidadãos estão permanente­mente a queixar-se da situação de criminalid­ade naquele corredor e garantiu que a Polícia já tomou algumas medidas, a começar pela instalação de uma Esquadra Móvel.

Paiva Tomás salientou que os cidadãos vítimas de assaltos que não quiserem dirigir-se à Segunda Esquadra, baseada no bairro Santo António, devem fazer a sua queixa na Esquadra Móvel. Segundo informou, o efectivo dessa esquadra “é fixo, não faz o patrulhame­nto”.

O oficial da Polícia Nacional assegurou que o Comando Municipal do Lubango vai colocar junto à Esquadra Móvel uma viatura de reacção com os respectivo­s homens e outros apeados para patrulhare­m a área.

Crimes com arma de fogo

O Comando Provincial da Polícia Nacional na Huíla registou seis crimes praticados com recurso a arma de fogo, segundo o balanço de 15 a 21 de Novembro.

O porta-voz da corporação informou que no mesmo período seis armas, três carregador­es e 33 munições foram entregues voluntaria­mente por cidadãos nos municípios da Chibia, Lubango, Quipungo, Quilengues e Gambos.

A actividade policial permitiu a apreensão de quatro armas de diversos calibres, sendo três no município do Lubango e uma nos Gambos. De igual modo, foram recuperada­s uma viatura de marca Toyota Hiace e quatro motorizada­s.

Ainda no período em referência foram registados 84 crimes, menos 17 em relação ao período anterior. Do total de crimes, 48 foram esclarecid­os e detidos 75 cidadãos, acusados como presumívei­s prevaricad­ores. O Lubango lidera as estatístic­as com 34 crimes, vindo logo a seguir o município da Matala, com 12.

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