Criações artísticas expostas em Joanesburgo
A galeria Momo de Joanesburgo, na África do Sul, apresenta a primeira exposição individual de Pedro Pires intitulada “Doppelgänger”, inaugurada a 1 de Dezembro e que fica patente até meados de Janeiro do próximo ano.
Sobre a exposição, o crítico de artes Milica Zivkovic refere que a mostra “Doppelgänger” não é fora do tempo, mas “produzido dentro e determinado pelo seu contexto social”.
Esta declaração de Zivkovic ressoa com o corpo actual de trabalho de Pedro Pires criado durante a residência em Joanesburgo na galeria Momo.
O título “Doppelgänger” refere-se a uma identidade possível e proposta que as esculturas e os desenhos têm; representando uma visão dos contextos sociais em Joanesburgo.
O artista Pedro Pires explica que o que lhe interessa é a banalidade destes objectos. Reorganizando-os de maneira ridícula e absurda, criando personagens que confrontam o espectador no espaço da galeria.
“Adoro os contextos de onde todos esses objectos vêm. Foram seleccionados cuidadosamente de cada ambiente. Alguns contextos são mais óbvios do que outros e podem ser encontrados em toda a parte, usados por pessoas diferentes na sociedade diária. Estou curioso sobre o diálogo entre esses objectos e o espectador.”
O artista acrescentou que esta é a sua maneira de falar sobre identidade, estereótipos e vida quotidiana.
“Sinto que há algo realmente poderoso nestes objectos. A relação que temos com eles pode criar espaço para o absurdo e inóspito. Estes objectos são conhecidos por todos nós e de certa maneira aproximam-nos”, significando “o desejo de se reunir com um centro perdido de personalidade”, numa forma gráfica que retrata a “tensão entre as ‘leis da sociedade humana’ e a Resistência da mente inconsciente a essas leis”.
“Os desenhos, por outro lado, têm uma abordagem mais estética representando acções e situações relacionadas com o corpo humano. Tento criá-los com uma abordagem poética e elegante, usando uma acção que é bastante violenta para o papel. Usar uma rebarbadora sobre ferro, por exemplo, resulta em faíscas incandescentes, criando assim um Doppelgänger da escultura, agora reflectida no papel”, explica Pedro Pires.
Todas as obras criadas pelo artista tornam-se um espelho que reflecte o que existe de forma dependente e “persegue o sujeito como (seu) segundo eu” fazendo-o “sentir como ele mesmo e o outro ao mesmo tempo”.
Momo é uma galeria de arte contemporânea de renome mundial situada no subúrbio de Parktown North, Joanesburgo. A galeria foi fundada em 2002.
Artistas que exibem na galeria foram a vanguarda do mundo da arte sul africana e internacional. Esses artistas, através dos seus géneros, continuam a empurrar as fronteiras dos mercados locais e internacionais. A galeria continua a apoiar jovens talentos sul africanos e internacionais através do seu renomado programa de residência. Este programa permite aos artistas trocarem ideias e envolverem-se com o novo ambiente.
Além do espaço da galeria em Joanesburgo, Momo abriu recentemente um espaço de exposição na Cidade do Cabo. Além das suas aclamadas exposições em Joanesburgo e Cidade do Cabo, a Gallery Momo também persegue a sua presença internacional, participando em feiras de arte na África do Sul e internacionais. Artistas apresentados na galeria Momo expõem em bienais internacionais, como a Bienal de Veneza, a Bienal de Pequim, a Bienal de Havana e a Bienal de Lyon.