UNITA reivindicou operação realizada pelo apartheid
Embora a destruição dos tanques de combustível no Lobito, em Agosto de 1980, tenha afectado seriamente a logística no Sul do país, ela foi um retrocesso temporário, ainda que dispendioso, para as forças angolanas, cubanas e da SWAPO, visto que os fornecim
As instalações da Petrangol eram a única refinaria de Angola e, eliminando-a, o país estaria dependente de produtos petrolíferos refinados importados, provocando uma pressão extra sobre o fornecimento, para além da guerra. Esta acção seria também um duro golpe para a economia do país. Em meados de 1981, o regime de apartheid decidiu fazer um estudo para destruir esta instalação estratégica.
Embora esta instalação fosse parcialmente estatal, a Petróleos de Angola (Petrangol), filial da Petrofina SA da Bélgica, era a accionista maioritária da refinaria, que produzia essencialmente produtos básicos como a gasolina, o gasóleo, o GLP e combustível Jet – tudo para consumo interno, com muito pouco destinado à exportação. Embora tivesse uma capacidade de 1,5 milhões de toneladas por ano, a produção à época era apenas de um milhão de toneladas.
O 1º Regimento de Reconhecimento (Recce) das forças armadas da África do Sul (SADF) foi encarregado de realizar o estudo de destruição das instalações e teve que contar com uma grande variedade de fontes para fazer o levantamento do objectivo e seus arredores. Muitas foram as fontes externas, mapas antigos, anúncios e artigos de imprensa que tiveram que ser detalhadamente estudados. Apenas depois de uma base de dados precisa ser compilada, de haver um entendimento e imagem da área alvo desenvolvida, é que as SADF estabeleceram a viabilidade de um ataque e fizeram o planeamento básico inicial.
Inicialmente, foram identificados dois possíveis pontos de pouso na praia de Luanda. Um estava perto do depósito de armazenamento móvel abaixo dos penhascos e a Oeste do alvo, ao passo que o segundo estava a Nordeste da refinaria, perto da fábrica de cimento da SECIL. A primeira opção foi imediatamente descartada devido à acessibilidade, ao tráfego no porto e aos desenvolvimentos na área.
Planeamento e preparação
Como resultado da recomendação, foi dada autorização para planear e preparar a operação a ser realizada em finais de Novembro, mas com a condição de o ataque só poder ser realizado depois de todos os objectivos serem confirmados por um reconhecimento prévio sul-africano do alvo e das vias de acesso.
Devido à distância entre Luanda e a base sul-africana de Langebaan (cerca de 1.500 milhas náuticas) e o tempo que um submarino levaria para realizar a viagem de ida e volta, não havia tempo suficiente e o Comando das SADF decidiu executar a operação como uma acção combinada, de reconhecimento combativo.
A operação militar contra a Petrangol foi considerada de alto risco, pois os racistas sul-africanos concluíram que, após o ataque do Lobito, tinham sido tomadas medidas de segurança adicionais e o facto de, sendo uma refinaria, haver uma presença permanente de trabalhadores na área de produção. As orientações da missão sul-africana eram de que ela devia ser uma operação secreta e planeada de forma a que a responsabilidade fosse atribuída à UNITA. A capacidade naval clandestina da RSA não devia ser exposta.
O 1º Regimento de Reconhecimento das SADF foi encarregue de realizar o reconhecimento inicial em terra, bem como o ataque aos alvos dentro da refinaria, enquanto o 4º Regimento de Reconhecimento forneceria quatro barcos Barracuda com as suas tripulações e uma equipa de reconhecimento de praia para proteger a área de desembarque para a infiltração e a retirada da pequena equipa de reconhecimento e o grupo de assalto. Esta seria a primeira vez que o recém-adquirido Barracuda, um tipo de “barcos de esqui” foram usados numa operação importante na costa Oeste do continente africano.
As equipas do Recce deviam ser transportadas para e de Luanda por duas embarcações de ataque da Marinha da RSA. Esta seria a maior distância que os navios de guerra tinham operado neste papel longe de um porto da África do Sul e um navio de apoio seria necessário para os reabastecer.
Os dois navios de guerra designados foram a SAS Oswald Pirow, com o comandante Arnè Soderlund, e o SAS Jim Fouche, comandado por “Fanic” Uys, com o navio hidrográfico SAS Protea, com o capitão Bob Pieters, a desempenhar o papel de navio de apoio.
A Força Aérea da África do Sul (SAAF) foi encarregue de fornecer as aeronaves C130/160 que deviam actuar como um “Telstar”, caso houvesse necessidade de intervenção da força terrestre. Deviam também fornecer o helicóptero Wasp ao
Protea. O Serviço Médico SulAfricano (SAMS), através do 7º Batalhão Médico de Centurion, devia colocar uma equipa cirúrgica completa com todo o equipamento necessário a bordo do Protea (PRO), enquanto dois médicos treinados da Força Especial estariam a bordo de cada navio de ataque. Todos esses elementos constitutivos deveriam estar sob o controlo operacional do GOC das Forças Especiais durante toda a operação.
O Comandante das Forças Especiais estava no comando da operação com o capitão “Woody” Woodburne (Marinha) nomeado como Comandante da Operação a bordo do navio de guerra Oswald Pirow (OPW), onde a 21 de Novembro foi montado o Quartel General (QG) Táctico.
O Comandante Andre Bestbier, Comandante do 1º Regimento de Reconhecimento, foi nomeado Comandante da Missão, tendo o comandante Malcolm Kinghorn como Comandante do grupo das Embarcações e o capitão Douw Steyncomo Comandante do Grupo de Assalto.
O Comandante Naval era Soderlund, no navio OPW. O recém-nomeado comandante das Forças Especiais, o brigadeiro “Kar” Liebenberg, acompanharia a força no OPW para ganhar experiência prática e para observar o comportamento físico de uma operação clandestina de combate.
Com base na fase da Lua e para garantir a protecção máxima da escuridão, a operação devia ser realizada na noite de 29/30 de Novembro, tendo 30 de Novembro e 1 de Dezembro como data alternativa. Devido ao facto de ser uma operação de reconhecimento e de ataque, a missão devia ser conduzida em sete fases básicas.
Fase 1. No dia 18 de Novembro, o navio de guerra devia estar acostado em Langebaan, para se juntar ao barco e aos integrantes do grupo de ataque para coordenação, planeamento e ensaios. Os ensaios deviam ser realizados na escuridão e distante da baía de Saldanha (África do Sul) para que as equipas do 1º Regimento de Reconhecimento se familiarizassem com o clima.
Fase 2. A 21 de Novembro, às 05h00, o navio de guerra devia partir para Walvis Bay, carregando os quatro barcos Barracuda, a pequena equipa de Reconhecimento do 1º Regimento de Reconhecimento, todos os elementos do 4º Regimento de Reconhecimento e os médicos do 7º Batalhão dos Serviços Médicos. Eles deveriam chegar a Walvis Bay depois do escurecer, a 22 de Novembro, para reabastecimento, partindo antes do nascer do sol na manhã seguinte.
Fase 3. A terceira fase era a passagem de Walvis Bay para a área de Luanda, chegando ao anoitecer do dia 25 de Novembro. Em seguida, dois barcos Barracuda desembarcariam a pequena equipa de dois homens do 1º Regimento de Reconhecimento na praia a Norte do Porto de Luanda.
Fase 4. Esta fase consistiu no período em que a equipa de reconhecimento estava em terra e lá permanecia até que fosse recolhida nas primeiras horas de 28 de Novembro. Na mesma altura, o SAS Protea partiria de Walvis Bay às 03h00 de 25 de Novembro, depois de ter recebido o grupo de ataque do 1º Regimento de Reconhecimento e a equipa cirúrgica.
Fase 5. Este foi o ponto crítico na operação e consistia na consolidação da informação de inteligência recolhida durante o reconhecimento e, se necessário, na replanificação ou em abortar a fase de ataque. Esta acção deveria acontecer a bordo do Protea a 28 de Novembro, depois de a equipa de reconhecimento ser transferida para o seu interior, às 05h00. Ao mesmo tempo, os dois navios de guerra deviam ser reabastecidos com combustível e mantimentos.
Fase 6. Esta fase consistia no ataque à refinaria na noite de domingo, 29 de Novembro. O grupo de ataque seria levado pelo navio de guerra para um ponto, a cerca de 10 milhas da costa, e, em seguida, desembarcado em terra pelos quatro barcos Barracuda. Eles seriam recolhidos nas primeiras horas da manhã seguinte. As duas noites seguintes estavam disponíveis como alternativas ou para o caso de fuga e evasão com a última recolha marcada para a noite de 1 para 2 de Dezembro.
Fase 7. A fase final seria a retirada da área alvo do navio de guerra e das equipas das Forças Especiais, antes do amanhecer do dia 30 de Novembro e o regresso a Langebaan. O navio de guerra devia reabastecer a partir do Protea ou, se necessário, em Walvis Bay logo após o anoitecer do dia 2 de Dezembro, chegando a Langebaan a 4 de Dezembro. Essas datas seriam alargadas, caso houvesse atraso durante a Fase 6.
Uma vez aprovado o plano básico, o 1º Regimento de Reconhecimento começou a trabalhar com vigor e os membros seleccionados para participar foram enviados para visitar as refinarias sul-africanas, a fim de se familiarizarem com a estrutura básica e com as funções de uma refinaria, e com os respectivos processos. Foi construído um modelo de escala preciso com base em todas as fotografias, artigos e desenhos disponíveis que poderiam ser encontrados.
As minas a serem utilizadas na operação eram as mesmas minas SOIL utilizadas na “Operação Amazon”, contra o Porto do Lobito, e especialmente fabricadas pela EMLC (companhia sul-africana produtora de substâncias químicas), com alto teor de alumínio para melhorar o efeito incendiário da explosão. Cada uma delas pesava 20 quilos. A única diferença em relação às utilizadas na “Operação Amazon” era que a nova EMLC desenvolveu um mecanismo temporizador.
O capitão Steyn, como comandante do Grupo de Assalto, estabeleceu um programa de preparação física intensivo, para além da prática normal, para a equipa, na sua base em Durban. A preparação física envolvia corridas longas e prolongadas ao longo da praia, em água pouco profunda e corridas longas que variavam de 10-20 quilómetros. Todos os operacionais participaram num intenso programa de treino físico de natação na Base Naval de Durban.
Equipas de ataque
Depois do plano ter sido elaborado, o treino específico poderia começar com cada uma das equipas de assalto a concentrar-se nas suas tarefas particulares, sendo que o exercício de infiltração tinha sido aperfeiçoado. Além das equipas do QG e de reserva no local, havia cinco pequenas equipas de assalto. Estas equipas receberam as seguintes tarefas:
Equipa do QG – A equipa do QG era composta pelo comandante do ataque, um instrutor e dois especialistas em armas equipados com uma metralhadora RPD e lança granadas RPG7. O comandante seria responsável pela coordenação da força de assalto desde o ataque até à recuperação. A sua equipa forneceria todo o apoio de fogo durante o ataque e protegeria o primeiro Ponto de Encontro, no caso de uma retirada de emergência.
1ª Equipa – Incluiria os dois membros da equipa de reconhecimento e conduziria a equipa para o alvo. Depois de cortar o arame para entrar na instalação, eram responsáveis pela destruição das três torres de destilação primárias. Eles também apoiariam a 2ª equipa, se necessário fosse.
2ª Equipa – Esta era responsável pela destruição dos doze tanques mais pequenos, localizados nas proximidades da linha de produção, que continham, entre outros produtos refinados, combustível Jet.
3ª Equipa – Era responsável pela destruição dos dois tanques de gás e dos dois cilindros de gás.
4ª Equipa – A 4ª Equipa era responsável pela destruição dos doze grandes tanques mais afastados da linha de produção e de exploração de petróleo, entre outros líquidos.
5ª Equipa – Esta equipa devia garantir que a rota de retirada, a partir do interior da refinaria, estivesse segura.
Reserva – Uma força de reserva de dois operadores permaneceria no Barracuda, porém, deveria estar disponível para substituir qualquer membro que fosse abatido.
Todos os obstáculos identificados, tais como paredes e arame na área alvo, foram simulados no terreno chuvoso na área de Bluff, em Durban (África do Sul).
Nesta fase, os operacionais ainda não tinham ideia do alvo exacto ou onde estava localizado. Cerca de seis semanas após o início deste rígido regime de treinamento e quando os operacionais começavam a sentir-se prontos para a operação, as equipas e os equipamentos foram levados para o navio AFS
Louis Botha, em Durban, de onde embarcaram num C130 da SAAF, sem saber o seu destino.
Somente depois de a rampa de popa ser baixada, é que reconheceram onde estavam, a partir das areias brancas de Mpacha, no Caprivi do Leste. Duas horas mais tarde, eles chegavam a Fort Doppies, base de treinamento das Forças Especiais mais favorita e popular de sempre, com o seu leão residente 'Terry' e bem afastado da vista pública. Aqui eles receberam informações mais detalhadas sobre as instalações que deveriam destruir, mas ainda continuavam a não saber para onde iam.
Os planificadores fizeram esforços para garantir que a exigência de manter a capacidade marítima em segredo tivesse a maior probabilidade de sucesso, mesmo que algo saísse errado. No caso de qualquer membro em terra ser feito prisioneiro, ele teria de disfarçar que eram membros da Força da Guarda Civil do 1º Batalhão de Pára-quedistas de Bloemfontein e foram desdobrados para a Base de Ondangwa, em meados de Outubro.
A partir daí, foram transportados por um C130 sobre o mar e lançados para um DZ “10 clicks” a sul do farol da Ponta de Donda. Após o ataque, esperava-se que encontrassem um barco de pesca e seguissem o seu caminho para sul do Rio Cunene, com um possível resgate de helicóptero em rota tão logo estivessem perto da fronteira.
Eles deveriam usar correctamente a sua documentação, no que diz respeito ao seu nascimento, grau de escolaridade, entre outros aspectos. Os ex-rodesianos deviam declarar que nasceram no Natal ou no Cabo e que foram formados na Durban High School, no Glenwood High ou no Colégio Diocesano, na Cidade do Cabo!
Se alguns membros do 4º Regimento de Reconhecimento das SADF fossem capturados no Barracuda, deviam também declarar que eram membros da Companhia B do 1º Batalhão de Pára-quedistas e que foram levados para aquela área por um arrasto de pesca clandestino, para realizar um reconhecimento nas instalações navais, em Luanda.
Além disso, um exame físico de cada participante devia ser realizado antes da partida da Baía de Saldanha. Todas as equipas levariam consigo as armas de fogo e as munições capturadas ou não rastreáveis – as AK47s, as Patchetts de 9mm (uma sub-metralhadora Stirling suprimida) ou as Uzi SMGs silenciosas.
Nenhuma documentação pessoal, dinheiro (à excepção do distribuído para a fuga e evasão), mapas ou fotografias aéreas, deviam ser transportados e nenhuma palavra em afrikaans devia ser utilizada durante o voo.
Todos os movimentos tinham de ser feitos apenas durante a noite e todos os membros que não chegassem ao ponto de recolha alternativo continuariam a caminhar do norte para o ponto mais a Oeste até ao Oeste do farol da Ponta de Donda, onde a próxima recolha seria realizada de D+5 a D+7.
Na sexta-feira, dia 20 de Novembro, dois navios modernos da África do Sul deixaram silenciosamente a Baía de Saldanha, seguindo para Norte, cada um carregando dois barcos Barracuda atrás e as equipas dos barcos na messe localizada na popa. A bordo estavam todos os comandantes, como programado.
Em Walvis Bay, no domingo, dia 22, os navios entraram depois do anoitecer.
Na quarta-feira, dia 25, os dois navios de guerra começaram a aproximar-se de Luanda com o Jim
Fouch (JFE), a três milhas, separado do Oswald Pirow (OPW).
Era, de facto, uma noite sem Lua. Seis milhas a noroeste do Farol das Lagostas, que não estava a funcionar, os dois Barracudas foram lançados na escuridão total. Os dois membros da Pequena equipa embarcaram rapidamente no barco 1, o “Back-breaker”, com o sargento Alewyn Vorster como timoneiro e, em seguida, no Barco 2, o “Shore-breaker”, sob o comando do sargento-maior John Haynes, em apoio, dirigido para a cidade de Luanda, iluminada pela incandescência do gás que estava a ser queimado sobre a refinaria.
Começava assim a “Operação Kerslig” (ou “Candlelight”, Luz de Vela), com que o regime de apartheid tentou dar um duro golpe à economia angolana e travar a libertação total do continente africano. As SADF estavam prestes a pôr os pés numa área que tinham visitado, pela última vez, seis anos antes, quando a fragata SAS Presidente
Steyn evacuou um grupo de 26 membros do Exército da África do Sul, sob o comando do brigadeiro Ben de Wet Roos, à noite, na praia de Ambrizete, após a Batalha de Kifangondo, em Novembro de 1976.
O OPW imitou ser um navio de pesca. Havia a informação de que o navio da classe destroyer Gremyaschiy, da Marinha Soviética, estava em Luanda.
A equipa de reconhecimento começou a deslocar-se lentamente da praia usando equipamento de visão nocturna para verificar toda a presença inimiga e uma possível saída forçada. Eles descobriram que estavam numa área que estava a ser escavada e viram os faróis de um camião pesado dirigindo-se na sua direcção. Na escuridão, uma retroescavadora, a poucos metros deles, foi posta em funcionamento e começou a carregar um camião.
No topo, os militares sul-africanos chegaram à entrada de um pequeno complexo com uma bandeira das FAPLA pendurada num mastro, no portão. Descobriram que estavam no meio de uma instalação militar com um enorme veículo militar estacionado à sua frente. A Sul, havia um acampamento militar. À medida que amanhecia podiam observar-se fileiras de veículos militares, incluindo tanques, com um T-55 a apenas 20 metros de distância. Sem aviso, dois soldados das FAPLA aproximaram-se do esconderijo.
Às 19h40, a cerca de dez milhas de Luanda, os quatro barcos foram lançados à terra e a tripulação do 4ª Regimento de Reconhecimento conduziu-os para o embarque. A palavra de código “Papa” foi transmitida ao Comandante das Operações para confirmar que “o ponto primário de desembarque havia sido alcançado”. Com o sargento-maior Greeff na liderança, o grupo de assalto subiu o penhasco. O comandante da missão, comandante Bestbier, o segundo-tenente (Dr.) F.P.S.L Vorster e o sinalizador, o cabo Swanepoel, instalaram-se num bulldozer velho. Fardados com camuflados das FAPLA e com uma camada do creme “black is
beautiful” nos rostos e na pele exposta, avançaram no terreno com visão nocturna.
A Equipa 1 notou que a refinaria era mais compacta do que o esperado ou do que o percebido a partir das fotos e dos modelos aéreos e atingiram o seu primeiro alvo mais rápido do que o esperado. Depois de escalarem uma parede, apareceram na base das torres. A torre tinha sido construída numa plataforma e o acesso a ela era pelas escadas ao lado de uma sala de controlo que era dirigida por, pelo menos, seis pessoas. Portanto, era impossível acederem à base da torre sem serem descobertos.
Enquanto se preparavam para abrir, às 00h12, ouviu-se uma explosão, apenas sete minutos depois dos primeiros explosivos serem posicionados. Em tais circunstâncias, eles deviam retirar-se imediatamente e, deste modo, eles colocaram o segundo explosivo na base da torre, retiraram as argolas de segurança, esperando que os 40 kg de explosivos PE4 fossem suficientemente poderosos para derrubar a torre. De seguida, eles começaram a voltar para a entrada.
Ao começar a sua tarefa a partir do extremo Leste, a Equipa 2 encontrou uma sala de controlo, onde os técnicos com capacetes de segurança podiam ser vistos atrás dos controlos, enquanto os guardas com AK47 estavam fora. Os sulafricanos colocaram uma mina no primeiro tanque.
A Equipa 3, composta pelo sargento-maior Gert Eksreen, chefe da equipa, o sargento Roy Vermaak e o sargento Amilcar Queiroz, carregou quatro minas SOIL e seguiu a direcção das Equipas 1 e 2, afastando-se em direcção aos seus alvos, nas torres de destilação. Quando estavam a 120 metros de distância dos tanques de gás, receberam a palavra-código “Bravo” e, dois minutos depois, começaram a colocar as suas minas no alvo. Foram colocadas duas minas em cada um dos dois tanques de gás esférico de 15 metros de diâmetro pelos sargentos Queiroz e Vermaak.
Enquanto Eksteen e Queiroz o cobriam, Vermaak subiu as escadas exteriores, moveu-se para o cilindro mais distante e tirou uma mina da sua mochila. Nesse momento, uma explosão ensurdecedora, acompanhada por um clarão amarelo, cegou-o temporariamente e ele pôde sentir a destruição da explosão justamente a norte da posição em que estava.
Ao tornar a colocar a mina na sua mochila, Vermaak rapidamente deslizou pelos trilhos da escada e juntou-se ao Queiroz e ao Eksteen na cerca do arame. Como a sua rota de retirada estava nessa altura preenchida por seguranças e depois de uma segunda explosão, potencialmente perigosa, tiveram que seguir a planeada rota alternativa e sair pela cerca de arame.
Mentira da UNITA
A UNITA reivindicou imediatamente a responsabilidade por este ataque, seguido logo pela FNLA, que também aderiu à onda. O Governo angolano imediatamente culpou a África do Sul pelo ataque. Para confirmar isso, exibiu o pé recuperado de um dos invasores e fios de cabelo que indicavam ser de uma pessoa branca loira. Além disso, apresentou oito minas recuperadas, armas, um cinto e um caderno.
O caderno continha esboços da refinaria e anotações em inglês e em afrikaans. Depois do ataque, um número de diplomatas ocidentais foi convidado a visitar a refinaria e ver as provas. Os diplomatas duvidaram que fosse trabalho directo dos soldados sul-africanos, tal como denunciado pelo Governo angolano. Acharam que o material utilizado era demasiado rústico e as minas pareciam ser menos sofisticadas do que as minas de lapa disponíveis no mercado, na altura.
A UNITA alegou que a sua equipa de sabotagem era constituída por três elementos, com o empregado da refinaria a ser o membro secreto que orientava os invasores e indicava os alvos mais vulneráveis. De acordo com a UNITA, a sua equipa foi capaz de sair facilmente por causa da confusão e o trabalhador da refinaria e o comandante das FAPLA chegariam a uma base da UNITA no sul, em Março do ano seguinte. Mas esta história, infelizmente para a UNITA, não coincidiu com a evidência deixada no terreno.
O Jornal de Angola escreveu na altura que a lição a ser tirada do ataque à Refinaria da Petrangol era que as pessoas não deveriam relaxar e fingir que a guerra estava a ser travada nas províncias do Sul. Isto serviu de apelo para uma maior vigilância popular contra o inimigo que se infiltra no seio da população.
BASEADO NA OBRA “IRON FIST FROM THE SEA: SOUTH AFRICA’S SEABORNE RAIDERS 1978-1988”