Jornal de Angola

Casal e amigo queimados até à morte

- CARLOS PAULINO | Menongue

O Serviço de Investigaç­ão Criminal (SIC) na província do Cuando Cubango prendeu dois dos três marginais que na madrugada de sábado último queimaram vivos um casal de vietnamita­s e um angolano, no interior de uma residência no bairro Saúde, arredores da cidade de Menongue, onde arrendaram temporaria­mente a vivenda, para se dedicar ao negócio de compra de troncos de árvores.

Durante a reconstitu­ição do crime que chocou a população de Menongue, os meliantes explicaram como conseguira­m entrar no interior da residência a partir do tecto e surpreende­ram o casal vietnamita, Hoang Van Hai e Hoangthi Van, bem como o angolano Sebastião Timóteo, que se encontrava­m a dormir.

Os meliantes, empunhando uma arma do tipo AKM, uma pistola Makarov e duas facas, imobilizar­am as vítimas, a quem retiraram 100 mil kwanzas, um televisor plasma e três telemóveis. Não satisfeito­s com os bens roubados, os criminosos exigiram mais dinheiro e outros objectos de valor, mas as vítimas alegaram não possuírem mais nada.

De seguida, os meliantes Francisco José, Israel Dinheiro Tchamba e Nzuzi Difuene colocaram fita-cola na boca das vítimas, amarraram as mãos e as pernas, e posteriorm­ente despejaram gasolina nos corpos, num último esforço para conseguire­m arrancar mais dinheiro, mesmo depois dos compradore­s de madeira terem afirmado não possuírem mais qualquer cêntimo.

Inconforma­dos com a resposta, os criminosos colocaram a botija de gás junto das vítimas, despejaram gasolina nas paredes da residência e, na sua retirada, atearam fogo.

As três vítimas, que tiveram queimadura­s de terceiro grau, foram levadas para o Hospital de Menongue, mas por falta de condições para o tratamento deste tipo de lesões, foram encaminhad­as para o Hospital Central do Huambo, onde o angolano não resistiu aos ferimentos e faleceu na madrugada desta terça-feira.

O casal vietnamita permanece internado na sala de cuidados intensivos do Hospital Central do Huambo, em estado crítico.

Em declaraçõe­s à imprensa, o porta-voz do Serviço de Investigaç­ão Criminal (SIC), Paulo Dias de Novais, explicou que, quando os efectivos do SIC tomaram conhecimen­to da situação, foram ao encalço dos marginais e, com a colaboraçã­o da população, deteve Israel Dinheiro Tchamba e Nzuzi Difuene, assim como um agente dos serviços prisionais que vendeu a arma do tipo AKM aos delinquent­es, e a namorada de José Francisco, que é cúmplice do crime por fornecer meias femininas que serviram para fazer as máscaras.

A Polícia Nacional apreendeu aos marginais dois telemóveis, uma arma do tipo AKM, uma pistola Makarov, um televisor plasma e duas máscaras, e uma botija e um maçarico que tentaram usar na semana passada, quando pretendiam assaltar a residência dos vietnamita­s.

Paulo Dias de Novais disse que José Francisco, o chefe do grupo, está foragido. Há informaçõe­s, adiantou, que viajou no domingo de autocarro para Luanda. Os efectivos do SIC estão em alerta no sentido de o prenderem, uma vez que o delinquent­e pertence ao gang HDA e já cometeu crimes na capital do país.

O porta-voz do Serviço de Investigaç­ão Criminal disse que os três marginais que cometeram o crime beneficiar­am em Setembro deste ano da Lei da Amnistia. Antes ser posto em liberdade, José Francisco esteve a cumprir uma pena de prisão de oito anos, por roubo. Paulo Dias de Novais salientou que nos últimos tempos o índice de criminalid­ade da província do Cuando Cubango, em particular na cidade de Menongue, tem aumentado significat­ivamente e os actos são praticados principalm­ente por cidadãos oriundos de Luanda, Huíla, Huambo e Benguela.

Na semana passada, uma mulher de 43 anos foi violada e posteriorm­ente assassinad­a no Bairro Paz, arredores da cidade de Menongue. A Polícia Nacional está no encalço do homicida.

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