Jornal de Angola

Crime ambiental na Ilha do Cabo

TARTARUGA MARINHA SACRIFICAD­A Dois pescadores são procurados desde domingo pela Polícia Nacional

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A Polícia Nacional continua a fazer diligência­s a fim de identifica­r e deter dois pescadores que sacrificar­am uma tartaruga marinha com mais de 70 quilos no domingo último, na Ilha do Cabo, província de Luanda.

Os suspeitos, possivelme­nte moradores da Ilha do Cabo, meteramse em fuga depois de terem sido surpreendi­dos à noite por agentes da Polícia Nacional do distrito urbano da Ingombota.

O administra­dor da Ilha do Cabo, Paulo Neto, disse à Angop que a tartaruga marinha estava a desovar na praia do Ponto Final, quando foi capturada e esquarteja­da por dois pescadores. Paulo Neto informou que é frequente o aparecimen­to de tartarugas marinhas por esta altura do ano, pelo que pediu aos moradores e frequentad­ores da Ilha do Cabo “maior sensibilid­ade” por ser importante a protecção do animal.

O chefe do Departamen­to de Biodiversi­dade do Ministério do Ambiente, Alexandre de Sá, disse, por sua vez, também à Angop que a falta de consciênci­a ambiental está na origem desse tipo de crime.

O responsáve­l salientou que a tartaruga sacrificad­a pertence à espécie “Dermocheli Coriácea”, que está em perigo de extinção em Angola. “O Ministério do Ambiente, em parceria com a Universida­de Agostinho Neto, materializ­a um projecto junto das comunidade­s costeiras do país para a conservaçã­o dessa espécie”, revelou Alexandre de Sá.

O ambientali­sta Valdemiro Russo afirmou que as tartarugas marinhas devem ser protegidas por legislação nacional e internacio­nal e alertou que a caça ou a pesca acidental pode representa­r a extinção da espécie.

As tartarugas que chegam à praia são fêmeas, pelo que devem ser protegidas, por serem as responsáve­is pela continuaçã­o da espécie nas águas nacionais, acrescento­u o ambientali­sta, salientand­o que entre mil nascidas apenas uma ou duas chegam à idade adulta.

Projecto Kibatanga

O projecto de protecção das tartarugas marinhas, desenvolvi­do pela Universida­de Agostinho Neto, através da sua Faculdade de Ciências, é denominado Kitabanga e está a ser materializ­ado nas províncias de Luanda, Zaire, Cuanza Sul e Namibe. Desde a sua implementa­ção em 2003, o projecto já permitiu a protecção de 3.500 ninhos e a devolução ao mar, com segurança, de 322 mil novas tartarugas. A iniciativa está a cargo de 24 pessoas, algumas das quais pescadores, que ajudam na protecção das mais variadas espécies de tartarugas marinhas em vias de extinção.

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AFP A Universida­de Agostinho Neto desenvolve um projecto de protecção de espécies de tartarugas marinhas em perigo de extinção em Angola

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