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sistema eléctrico, e a Central do Ciclo Combinado do Soyo, com 120 megawatts, dois empreendimentos que devem introduzir no sistema eléctrico uma capacidade instalada de energia que vai superar as necessidades. “No ano passado, por esta altura, tínhamos um défice de capacidade de cerca de 350 megawatts. Neste momento, temos metade e até ao final do mês, altura em que terminam os ensaios, vamos minimizar ainda mais. Com a entrada de Laúca e o Ciclo Combinado vai ser possível eliminar o défice. Com a conclusão de todos os projectos, o país vai ter uma capacidade de cerca de cinco mil megawatts”, disse o ministro.
“A partir do momento em que essas centrais comecem a funcionar, o que deve ocorrer até ao final do próximo ano, vamos poder suplantar a curva da procura de energia que neste momento é de cerca de 1500 megawatts”, explicou o ministro, prevendo para o próximo ano um crescimento da procura na ordem dos “1500 megawatts, mais 23 por cento”.
Quando a oferta atingir os cinco mil megawatts e assim suplantar a curva da actual procura, o país vai contar com reservas suficientes para cobrir, não só o aumento sazonal de consumo, principalmente nos meses quentes, mas também manter reservas para cobrir a eventual saída para manutenção de máquinas que estão montadas na central 1 e 2 de Cambambe, Laúca e Ciclo Combinado do Soyo.
Testes em curso
João Baptista Borges explicou também que os apagões se deveram aos ensaios que estão a ser feitos actualmente com a introdução no sistema de novos equipamentos, o que conduz ao que chama de perturbações no fornecimento de energia.
Este mês de Dezembro tem sido marcado também por apagões que acontecem aos sábados e domingos, causados, sobretudo, pelos testes que estão a ser feitos em Cambambe, onde estão a ser montadas máquinas de 175 megawatts cada uma. “São enormes e não chegam ao país montadas. São montadas no local, peça a peça, como se de relógios se tratassem, e exigem precisão absoluta. Além dos automatismos e sistemas de produção de grande complexidade”, explicou o ministro.
Depois de montadas, é preciso fazer ensaios sem que estejam ligadas à rede, numa primeira experiência, e numa segunda, ligadas ao sistema. Com elas ligadas ao sistema, o que se verifica é a existência de algum desajuste no sistema de protecção, pois aqui coabitam sistemas e automatismos de nova geração com antigos. “Nem sempre se consegue garantir que funcionem de modo harmónico. Daí os disparos de máquinas. Estamos a funcionar no limite da nossa capacidade e por isso quando uma máquina de 175 megawatts dispara, arrasta as outras máquinas do sistema, o que resulta em apagões”, esclareceu.
João Baptista Borges disse que o sector trabalha com o consórcio para que estas perturbações sejam evitadas, mas não garante a inexistência de uma e outra eventual perturbação no sistema. “Se ocorrer, vamos fazer com que a reposição seja o mais rapidamente possível”, assegurou, afirmando que nesta fase não podem ser deixadas de parte a possibilidade e necessária continuidade dos testes, na medida em que concorrem para a estabilidade e regular fornecimento de energia.
Porém, voltou a afirmar que a ausência de um sistema robusto capaz de fazer reservas de capacidade, leva a que quando as falhas ocorram, o sistema caia como um castelo de cartas. Ainda assim, explicou, não se pode evitar os ensaios, pois “uma vez finalizados no final de Dezembro, grande parte das perturbações registadas vão deixar de existir, e em compensação, vai ser aumentada a capacidade de geração de energia e em consequência maior redução do défice no consumo de energia, principalmente em Luanda”.
Albufeira de Laúca
A partir de 27 de Fevereiro, o sector da Energia e Águas deve levar a cabo o processo de enchimento da albufeira de Laúca. No total vão ser necessários 30 dias para que se atinja o nível mínimo de exploração, que permite fazer o comissionamento das máquinas da Barragem de Laúca. Para tal, é necessária a retenção de um caudal de 250 metros cúbicos de água por segundo, o que quer dizer que Cambambe vai ver a sua produção reduzida.
Actualmente, Cambambe necessita de 960 metros cúbicos de água para funcionar com normalidade. Ao não se verificar esta capacidade, entra num défice de produção, que pode ser suprido com a entrada em cena de fontes térmicas, aliada a uma regular e sucessiva queda de chuva. “Não vai ser um mês difícil, pois vamos recorrer mais às térmicas, caso não chova tanto. Se chover, Cambambe vai continuar a produzir com normalidade.”
A Barragem de Laúca é inaugurada em Julho de 2017.
Investimento intensivo
O investimento no sector é intensivo. A barragem de Cambambe absorveu um investimento de 1,4 mil milhões de dólares, Laúca absorve 4,5 mil milhões de dólares e o Ciclo Combinado do Soyo mil milhões. Quanto à diversificação das fontes energéticas, o ministro deixa em aberto a possibilidade da entrada do sector privado, principalmente na exploração da energia de biomassas, térmicas, fotovoltaicas, eólicas, entre outras. “Esta é uma iniciativa, não só desejável, mas também necessária”, disse.
Quanto ao sector das águas, o ministro disse que o mesmo vai continuar a investir nos domínios da captação e tratamento e na sequência, na distribuição.
As 18 capitais provinciais vão beneficiar de projectos de redimensionamento nos seus sistemas de captação, tratamento, armazenamento e distribuição de água. Numa altura em que está em conclusão em algumas províncias o sistema de tratamento de águas residuais.
Quanto à distribuição de água, a província do Cunene, em virtude da seca prolongada, vai beneficiar do aumento e extensão do programa “Água para Todos”.
Empresas de vulto
O ministro explicou que trabalham em Cambambe empresas de referência internacional e, por isso, assegura que as execuções das obras, do ponto de vista técnico, são irrepreensíveis, afastando quaisquer receios, embora tenham ocorrido falhas humanas, que foram num tempo record corrigidas. No local, onde estão empenhadas empresas de grande vulto, com destaque para a Odebrecht, o movimento de homens e máquinas é frenético. A estrutura imponente, as comportas, subestação Cambuta, os gigantes transformadores “Siemens” impõem respeito. É neste ambiente, bem na Central 2 de Cambambe, que decorreu a conferência de imprensa com o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, numa organização do Gabinete de Revitalização da Comunicação Institucional e Marketing da Administração (GRECIMA) e num formato mais interactivo e mais ao natural.
Actualmente, 33 por cento da população angolana tem acesso à energia, mas a ambição do Executivo é duplicar a taxa de acesso para os 60 por cento, ou seja, para os 14 milhões de habitantes.