Rebeldes foram expulsos de Sirte
ESTADO ISLÂMICO PERDE BASTIÃO NA LÍBIA Milícias pró-governamentais salvaram mulheres e crianças utilizadas como escudos
Milícias pró-governamentais financiadas por Washington e combatentes do Governo líbio de União Nacional (GNA), apoiado pelos EUA, OTAN e ONU, anunciaram que tomaram das mãos dos rebeldes do Estado Islâmico a cidade portuária de Sirte, terra natal do antigo Presidente Muammar Kadhafi e importante feudo dos rebeldes.
De acordo com a agência de notícias France Press, que divulgou a tomada de Sirte, depois de assumirem o controlo total da cidade situada no coração do Golfo de Sidra, costa líbia, entre as cidades de Tripoli e Benghazi, as forças pró-governamentais disseram ter expulsado todos os rebeldes ainda presentes na zona e conseguido salvar muitas mulheres e crianças “que os rebeldes utilizavam como escudos humanos.”
O enviado especial da ONU para a Líbia, Martin Kobler, disse que esta derrota do 'Estado Islâmico' é um importante feito, mas tem que ser vista apenas como um passo. “Apesar de continuarem a representar uma ameaça, os dias de controlo do 'Estado Islâmico' na Líbia chegam ao fim”, disse.
Apesar de felicitar a tomada de Sirte, Martin Kobler disse que agora é importante pensar na criação de uma guarda presidencial para que o Governo de União Nacional “seja protegido por algo mais do que milícias” e lembrou que a situação no país “continua complexa” e “os progressos não são irreversíveis.”
As milícias pró-governamentais líbias, apoiadas pelos EUA, anunciaram que libertaram “definitivamente” a cidade de Sirte das mãos do Estado Islâmico, numa altura em que combatentes do grupo rebelde ainda ocupavam uma área com cerca de dez edifícios na cidade portuária, que foi o principal reduto do grupo no país. A cidade portuária era controlada pelos rebeldes desde Junho de 2015 e tornou-se no mais importante reduto do Estado Islâmico fora do Médio Oriente, onde o grupo ainda tem influência, principalmente na Síria e no Iraque.
Mais tarde, fontes da aliança de milícias citadas pela agência de notícias Efe disseram ter concluído a libertação da área de cerca de dez edifícios que permanecia nas mãos dos terroristas.
“Acabamos com as últimas posições do Estado Islâmico. Sirte está agora sob nosso controlo”, afirmou uma das fontes. Na véspera, as milícias tinham anunciado a prisão de três supostos rebeldes do Estado Islâmico e a libertação de pelo menos 25 mulheres e crianças, numa operação que teve início nas primeiras horas da manhã.
A perda da cidade de Sirte é um grande golpe para o Estado Islâmico, que se encontra agora sem reduto na Líbia. Apesar de não significar o fim da presença do grupo no país, uma vez que há células a operarem em diferentes áreas líbias, a expulsão do grupo da cidade portuária de Sirte diminui “de forma significativa” a sua força na região.
O porta-voz das forças líbias afirmou que embora “os prédios e ruas [do último bairro controlado pelos rebeldes do Estado Islâmico em Sirte] estejam seguros, a operação militar na cidade não chegou ao fim. “Ainda precisamos assegurar as áreas em torno de Sirte”, declarou.
A tomada de Sirte acontece cerca de sete meses depois de o Governo líbio de União Nacional lançar o primeiro ataque, em Maio, com o apoio de milícias pró-governamentais apoiadas pelos EUA. Foi em Junho do ano passado que militantes islamitas fiéis ao autoproclamado Estado Islâmico aproveitaram o caos em que se encontrava a Líbia para tomar posições no vasto país norte-africano, que passa ainda por uma fase de transformação, depois da queda de Muammar Kadhafi, há cinco anos.
A Líbia é considerada um Estado falido, vítima do caos e da guerra civil, desde que a OTAN e as potências ocidentais apoiaram a revolta rebelde em 2011 e contribuíram militarmente para a queda, tortura e assassinato do Presidente Muammar Kadhafi.
Vários governos paralelos lutam pelo comando do país e grupos radicais como o “Estado Islâmico” acabaram por tirar proveito do conflito, aumentando o seu controle na região. Só esta semana, um total de 700 migrantes clandestinos foi socorrido e 16 corpos salvos durante nove operações de salvamento no largo da costa líbia no Mediterrâneo.