ANGOLA PREPARA LEI CONTRA O TABACO Cigarro provoca milhares de mortes
Em Angola, 2,8 por cento das mortes por cancro do pulmão são decorrentes do uso excessivo do tabaco, de acordo com um estudo feito em 2012 por técnicos do Ministério da Saúde e divulgado ontem em Luanda.
A divulgação do estudo foi feita à comunicação social pela médica Filomena Wilson, especialista em saúde pública, à margem de uma reunião para a finalização de um ante-projecto de lei contra o tabaco em Angola.
A médica afirmou, citando o estudo, que o consumo de cigarro é responsável por cerca de 50 doenças em quase todos os órgãos do corpo humano. O estudo, acentuou a especialista em saúde pública, foi elaborado pela necessidade de o país ficar a saber da situação real, tendo o trabalho sido feito sob orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), elogiado ontem por Filomena Wilson por prestar um apoio directo a Angola no combate às drogas.
Apesar dos dados obtidos em 2012, o Ministério da Saúde tem dificuldades em determinar os danos causados pelo tabaco porque as doenças que causa se desenvolvem lentamente. “A OMS declarou que um dos grandes factores de risco das doenças crónicas é o uso excessivo do tabaco, que se tornou uma questão de saúde pública que preocupa o sector da Saúde em Angola”, salientou Filomena Wilson, para quem “Angola está de parabéns, por ser um dos países que participam em quase todas as conferências internacionais sobre o controlo do uso do tabaco”. A directora do Instituto Nacional de Luta contra as Drogas, Ana Graça, que presidiu à cerimónia de abertura da reunião, disse que, do total da população angolana, apenas 40 por cento são fumadores, o que indica “não haver tantos fumadores se comparado à realidade dos demais países do continente africano”. O Instituto Nacional de Luta contra as Drogas desenvolve um trabalho interventivo junto das escolas do primeiro e segundo ciclos, com a finalidade de passar a mensagem de que o tabaco é nocivo à saúde e mata, mas antes causa muito sofrimento decorrente das doenças associadas ao hábito de fumar, disse Ana Graça na abertura da reunião.
Em sua opinião, é importante que a sociedade lute contra o uso das drogas, incluindo o tabaco, apesar de ser uma droga licita. “A prevenção é mais barata que a cura”, alertou a responsável, acentuando que “é preciso ter em mente que o Executivo gasta milhões de kwanzas no tratamento de doentes com cancro causado pelo uso do tabaco ou de outras drogas”. O ante-projecto da lei contra o tabaco em Angola, um documento que está a ser preparado pelo Instituto Nacional de Luta contra as Drogas, define as normas e regras para o uso do tabaco em Angola, que, na opinião de Ana Graça, tem sido feito de forma desregrada.