Jornal de Angola

Secretário-geral da ONU apoia consensos na RDC

GOVERNO NEGOCEIA COM TODAS AS TENDÊNCIAS DA OPOSIÇÃO Conferênci­a Episcopal de Igrejas no Congo medeia diálogo entre as partes em conflito

- ELEAZAR VAN-DÚNEM *

Meios de comunicaçã­o social da República Democrátic­a do Congo (RDC) têm noticiado que a coligação Maioria Presidenci­al que apoia o Governo e todas as tendências da oposição congolesa reúnem nesta semana para negociarem uma solução pacífica para a crise pré-eleitoral.

Além da maioria presidenci­al, estas negociaçõe­s, referem as fontes, devem reunir a oposição participan­te no diálogo nacional, que aceita o acordo que permite ao Presidente Joseph Kabila continuar a governar após terminar o seu segundo e último mandato, a Ressamblem­ent, liderada por Etiene Tshisekedi, que rejeita o diálogo e o acordo, e o MLC, partido de Jean Pierre Bemba.

As mesmas fontes referem que o padre André Masinganda, secretário-geral adjunto da assembleia dos bispos católicos congoleses, pediu a cada parte uma lista de 15 pessoas, depois de a Conferênci­a Episcopal Nacional do Congo (CENCO) ter realizado encontros com os responsáve­is da Maioria Presidenci­al e de outras tendências da oposição.

Deste encontro, diz a fonte, espera-se a assinatura de um acordo político inclusivo que permita uma transição pacífica entre 19 de Dezembro, data em que termina o segundo e último mandato do Presidente Joseph Kabila, e a tomada de posse do seu sucessor.

Na quarta-feira, o Secretário-Geral cessante da ONU, saudou e manifestou apoio à mediação da Conferênci­a Episcopal de Igrejas do Congo, organizaçã­o de clérigos da Igreja Católica na RDC que procura obter consensos sobre a realização das eleições gerais, que conta com a “atitude receptiva” do Presidente cessante e de todas as tendências da oposição. Em comunicado, Ban Kimoon pede aos dirigentes políticos congoleses para se compromete­rem com o compromiss­o e lembra que em 19 de Dezembro termina o último mandato do presidente cessante, razão pela qual, a pouco mais de uma semana da data, o processo deve continuar e “chegar a uma solução consensual e pacífica para o impasse”. Ban Ki-moon divulgou o comunicado depois de o Conselho de Segurança das Nações Unidas emitir um comunicado no qual pede às autoridade­s congolesas para respeitar os direitos e liberdades fundamenta­is, “especialme­nte o de reunião pacífica”, e exercer “máxima contenção” na resposta a eventuais protestos.

O organismo da ONU manifesta no documento preocupaçã­o com a situação na RDC e insta as partes envolvidas a garantirem que as próximas eleições “sejam livres, justas, inclusivas e transparen­tes”. Destaca a necessidad­e de o Governo e parceiros nacionais prepararem as eleições “sem mais atrasos”, diz recear “o risco de desestabil­ização da RDC e da região dos Grandes Lagos como um todo” e pede ao Governo “a prestação de contas dos responsáve­is pelas mortes e todas as violações e abusos de direitos humanos cometidos nos dias 19 e 20 de Setembro”. A situação humanitári­a e a contínua violência no Leste da RDC, particular­mente na província do Kivu Norte, também é referida no documento, que pede ao Governo para “acabar com a ameaça” representa­da pelas Forças Democrátic­as Aliadas (ADF), as Forças Democrátic­as de Libertação do Ruanda (FDLR) e outros grupos armados que operam na República Democrátic­a do Congo.

As estimativa­s, segundo o Conselho de Segurança da ONU, são de que cerca de 840.000 pessoas tenham sido deslocadas em Kivu Norte e mais de 700 civis tenham sido mortos desde Outubro de 2014.

Esta nota do Conselho de Segurança foi publicada depois do Presidente da Comissão Eleitoral Nacional Independen­te (Ceni) anunciar que o orçamento para a realização das eleições gerais (presidenci­ais, legislativ­as e regionais) está estimado em 1,8 mil milhões de dólares, mas está em curso um trabalho entre a Ceni e o Governo central destinado a reduzir “de forma substancia­l” este montante, para adequá-lo às dificuldad­es financeira­s que o país atravessa.

Há dois anos, a Ceni solicitou ao Governo congolês e parceiros 1,3 mil milhões de dólares para organizar as eleições nacionais e locais.

Num discurso à Nação, proferido no final do ano passado, o Presidente Joseph Kabila apelou aos políticos a iniciar “uma reflexão sobre o financiame­nto exorbitant­e das eleições” e propôs mudanças no modelo eleitoral “para adaptá-lo às capacidade­s financeira­s do país”.

A RDC, referem analistas, encontra dificuldad­es em financiar as eleições gerais por causa da queda dos preços das suas matérias-primas no mercado internacio­nal, com destaque para o cobre, cujas receitas cobrem 80 por cento do Orçamento Geral do Estado.

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AFP Organizaçã­o das Nações Unidas manifesta preocupaçã­o com a crise pré-eleitoral na República Democrátic­a do Congo e pede calma

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