Jornal de Angola

Construção de infra-estruturas arranca em breve

Director executivo considera urgente o reforço de fiscais ambientais na zona protegida

- CARLOS PAULINO | Menongue

O Estado angolano está a criar as condições para o início do processo de construção de infraestru­turas sociais para alavancar a operaciona­lização do Projecto Transfront­eiriço Okavango/Zambeze (KAZA) em Angola, visto que os outros países membros já estão bem avançados na edificação de unidades hoteleiras e restaurant­es nas áreas abrangidas, informou segunda-feira, na comuna do Missombo, município de Menongue, o coordenado­r executivo na componente angolana, Miguel Ndawanapo.

De acordo com Miguel Ndawanapo, neste momento já foram desminados 78 por cento dos 87 mil quilómetro­s quadrados da extensão territoria­l do Projecto KAZA na componente angolana.

Os parques nacionais do Luengue-Luiana e de Mavinga, disse, apresentam muitas dificuldad­es de acesso e de circulação. Por isso, frisou, estamos empenhados na criação de condições para permitir melhor circulação de pessoas e mercadoria para posteriorm­ente dar lugar a construção de infra-estruturas para assegurar o turismo.

“Dentro das grandes dificuldad­es que o país vive devido à crise económica, vamos aos poucos resolver os problemas para melhor funcionali­dade dos parques”, disse, acrescenta­ndo que neste momento decorre o planeament­o das áreas para a construção de infra-estruturas de acesso.

Caçadores furtivos

Miguel Ndawanapo pediu aos fiscais ambientais dos Parques Nacionais de Mavinga e do Luengue-Luiana a redobrarem os esforços no combate à caça furtiva que ameaça a extinção de várias espécies de animais na região. Miguel Ndawanapo fez este apelo durante a cerimónia de entrega de uma viatura de marca Toyota Land-Cruiser aos fiscais ambientais do Parque Nacional de Mavinga, que tem uma extensão de 46.072 quilómetro­s quadrados e que se debate com a falta de meios rolantes para o seu patrulhame­nto.

Nas mesmas condições se encontra o parque nacional de Luengue-Luiana, que possui 22.610 quilómetro­s quadrados e que o ano passado foi contemplad­o também com uma viatura, considerad­a uma gota no oceano, devido à sua grande dimensão para controlar a zona dos caçadores furtivos que abatem elefantes e rinoceront­es para fins comerciais e de outras espécies de animais comestívei­s.

Os parques nacionais de Mavinga e de Luengue-Luiana, frisou, possuem uma diversidad­e da fauna e da flora que constituem o principal postal de visita para as centenas de milhares de turistas que futurament­e vão visitar o Projecto turístico internacio­nal KAZA, que está a ser implementa­do por Angola, Botswana. Namíbia, Zâmbia e Zimbabwe.

Disse que a parte angolana inserida no projecto possui uma área de 87 mil quilómetro­s quadrados que compreende os municípios do Cuíto Cuanavale, Mavinga, Rivungo e Dirico, com uma exuberante fauna e flora, onde se destacam animais como leões, búfalos, hipopótamo­s, palanca real, girafas, javalis, cabras do mato entre outros, e rios que constituem o pulmão do projecto.

Lamentavel­mente, disse, nos últimos tempos esta biodiversi­dade tem sido destruída pelos caçadores furtivos que, atraídos pelo lucro fácil, matam e destroem tudo que encontram, razão pela qual “é urgente o reforço das equipas ambientais com meios humanos e técnicos para se estancar este mal”, praticado com maior incidência por cidadãos angolanos, zambianos e namibianos.

Miguel Ndawanapo prometeu melhorar ainda mais as condições de acomodação, alimentaçã­o, transporte e comunicaçã­o dos fiscais ambientais dos Parques Nacionais de Mavinga e do Luengue-Luiana, para que possam pôr fim à caça furtiva.

Outro motivo que originou a caça furtiva, no seu entender, são as condições sociais da população que vive nos arredores dos parques e que se caracteriz­a por extrema pobreza. Por esta razão, defendeu a necessidad­e do Executivo criar políticas para levar os principais serviços sociais básicos a estas populações e meios agro-pecuários para que deixem de depender de abate de animais para a sua sobrevivên­cia.

“É necessário que as populações que vivem perto dos parques e áreas protegidas do país possam ter as condições condignas e sejam integradas nestes projectos, para que as mesmas façam parte da defesa e protecção da biodiversi­dade”, disse.

Anunciou a realização, em breve, de uma reunião entre os cinco países membros do KAZA, nomeadamen­te Angola, Botswana, Namíbia, Zâmbia e Zimbabwe, no sentido de se melhorar as condições de trabalho das equipas de fiscais para o combate à caça furtiva.

Direcção do Ambiente

O chefe de departamen­to provincial do Ambiente, Júlio Bravo, agradeceu o gesto da Direcção do KAZA, porque a viatura entregue vai proporcion­ar melhores condições de trabalho aos 56 fiscais ambientais que asseguram o Parque Nacional de Mavinga.

A Direcção Provincial do Ambiente, disse, controla actualment­e 161 fiscais ambientais nos Parques Nacionais de Mavinga e do Luengue-Luiana. Acrescento­u que os fiscais estariam melhor enquadrado­s nas suas actividade­s se tivessem mais apoios de trabalho.

Realçou que o número de fiscais ambientais ainda não satisfaz a cobertura dos dois parques nacionais que são os maiores do país e que precisam de ser mais salvaguard­ados para que possam cumprir os objectivos para os quais foram criados.

O chefe de departamen­to provincial do Ambiente salientou que apesar disto há uma redução consideráv­el de abates de animais nos Parques Nacionais de Mavinga e do Luengue-Luiana, fruto do empenho dos fiscais ambientais que não têm poupado esforços para contrapor aos caçadores furtivos.

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CARLOS PAULINO|MENONGUE-EDIÇÕES NOVEMBRO Diversidad­e da fauna e da flora nos parques de Mavinga e de Luengue-Luiana vão atrair turistas para o projecto transfront­eiriço

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