Construção de infra-estruturas arranca em breve
Director executivo considera urgente o reforço de fiscais ambientais na zona protegida
O Estado angolano está a criar as condições para o início do processo de construção de infraestruturas sociais para alavancar a operacionalização do Projecto Transfronteiriço Okavango/Zambeze (KAZA) em Angola, visto que os outros países membros já estão bem avançados na edificação de unidades hoteleiras e restaurantes nas áreas abrangidas, informou segunda-feira, na comuna do Missombo, município de Menongue, o coordenador executivo na componente angolana, Miguel Ndawanapo.
De acordo com Miguel Ndawanapo, neste momento já foram desminados 78 por cento dos 87 mil quilómetros quadrados da extensão territorial do Projecto KAZA na componente angolana.
Os parques nacionais do Luengue-Luiana e de Mavinga, disse, apresentam muitas dificuldades de acesso e de circulação. Por isso, frisou, estamos empenhados na criação de condições para permitir melhor circulação de pessoas e mercadoria para posteriormente dar lugar a construção de infra-estruturas para assegurar o turismo.
“Dentro das grandes dificuldades que o país vive devido à crise económica, vamos aos poucos resolver os problemas para melhor funcionalidade dos parques”, disse, acrescentando que neste momento decorre o planeamento das áreas para a construção de infra-estruturas de acesso.
Caçadores furtivos
Miguel Ndawanapo pediu aos fiscais ambientais dos Parques Nacionais de Mavinga e do Luengue-Luiana a redobrarem os esforços no combate à caça furtiva que ameaça a extinção de várias espécies de animais na região. Miguel Ndawanapo fez este apelo durante a cerimónia de entrega de uma viatura de marca Toyota Land-Cruiser aos fiscais ambientais do Parque Nacional de Mavinga, que tem uma extensão de 46.072 quilómetros quadrados e que se debate com a falta de meios rolantes para o seu patrulhamento.
Nas mesmas condições se encontra o parque nacional de Luengue-Luiana, que possui 22.610 quilómetros quadrados e que o ano passado foi contemplado também com uma viatura, considerada uma gota no oceano, devido à sua grande dimensão para controlar a zona dos caçadores furtivos que abatem elefantes e rinocerontes para fins comerciais e de outras espécies de animais comestíveis.
Os parques nacionais de Mavinga e de Luengue-Luiana, frisou, possuem uma diversidade da fauna e da flora que constituem o principal postal de visita para as centenas de milhares de turistas que futuramente vão visitar o Projecto turístico internacional KAZA, que está a ser implementado por Angola, Botswana. Namíbia, Zâmbia e Zimbabwe.
Disse que a parte angolana inserida no projecto possui uma área de 87 mil quilómetros quadrados que compreende os municípios do Cuíto Cuanavale, Mavinga, Rivungo e Dirico, com uma exuberante fauna e flora, onde se destacam animais como leões, búfalos, hipopótamos, palanca real, girafas, javalis, cabras do mato entre outros, e rios que constituem o pulmão do projecto.
Lamentavelmente, disse, nos últimos tempos esta biodiversidade tem sido destruída pelos caçadores furtivos que, atraídos pelo lucro fácil, matam e destroem tudo que encontram, razão pela qual “é urgente o reforço das equipas ambientais com meios humanos e técnicos para se estancar este mal”, praticado com maior incidência por cidadãos angolanos, zambianos e namibianos.
Miguel Ndawanapo prometeu melhorar ainda mais as condições de acomodação, alimentação, transporte e comunicação dos fiscais ambientais dos Parques Nacionais de Mavinga e do Luengue-Luiana, para que possam pôr fim à caça furtiva.
Outro motivo que originou a caça furtiva, no seu entender, são as condições sociais da população que vive nos arredores dos parques e que se caracteriza por extrema pobreza. Por esta razão, defendeu a necessidade do Executivo criar políticas para levar os principais serviços sociais básicos a estas populações e meios agro-pecuários para que deixem de depender de abate de animais para a sua sobrevivência.
“É necessário que as populações que vivem perto dos parques e áreas protegidas do país possam ter as condições condignas e sejam integradas nestes projectos, para que as mesmas façam parte da defesa e protecção da biodiversidade”, disse.
Anunciou a realização, em breve, de uma reunião entre os cinco países membros do KAZA, nomeadamente Angola, Botswana, Namíbia, Zâmbia e Zimbabwe, no sentido de se melhorar as condições de trabalho das equipas de fiscais para o combate à caça furtiva.
Direcção do Ambiente
O chefe de departamento provincial do Ambiente, Júlio Bravo, agradeceu o gesto da Direcção do KAZA, porque a viatura entregue vai proporcionar melhores condições de trabalho aos 56 fiscais ambientais que asseguram o Parque Nacional de Mavinga.
A Direcção Provincial do Ambiente, disse, controla actualmente 161 fiscais ambientais nos Parques Nacionais de Mavinga e do Luengue-Luiana. Acrescentou que os fiscais estariam melhor enquadrados nas suas actividades se tivessem mais apoios de trabalho.
Realçou que o número de fiscais ambientais ainda não satisfaz a cobertura dos dois parques nacionais que são os maiores do país e que precisam de ser mais salvaguardados para que possam cumprir os objectivos para os quais foram criados.
O chefe de departamento provincial do Ambiente salientou que apesar disto há uma redução considerável de abates de animais nos Parques Nacionais de Mavinga e do Luengue-Luiana, fruto do empenho dos fiscais ambientais que não têm poupado esforços para contrapor aos caçadores furtivos.