Sonangol regista baixa nas receitas fiscais
Empresa trabalha arduamente para garantir o cumprimento dos compromissos financeiros
As receitas fiscais da Sonangol resultantes da exportação do petróleo ficaram abaixo das estimativas do Orçamento Geral do Estado (OGE) revisto em Setembro, ao atingirem apenas 840.279 milhões de kwanzas, refere um relatório do Ministério das Finanças sobre o sector.
Antes da revisão, a fasquia do Governo para as receitas oriundas da Sonangol em 2016 estava fixada nos 1,163 mil milhões de kwanzas (cerca de sete mil milhões de dólares). Apesar destes números, a Sonangol não vai entregar dividendos ao Estado angolano em 2016, conforme anunciou em Dezembro, em conferência de imprensa, a presidente do conselho de administração da petrolífera, Isabel dos Santos.
A decisão foi justificada pela redução da receita bruta estimada para a Sonangol em 2016, que representam uma quebra superior a 60 por cento, face a 2013. Apesar de as receitas estarem em queda há vários anos, Isabel dos Santos sublinhou na ocasião que os custos operacionais da empresa não têm vindo a acompanhar essa descida, justificando dessa forma o difícil momento financeiro que a petrolífera vive, necessitando de uma reestruturação financeira.
“No ano de 2016, prevê-se que não haverá dividendos para o accionista Estado”, afirmou na altura Isabel dos Santos, que não adiantou a previsão para o resultado líquido de 2016. Contudo, acrescentou que o lucro da Sonangol tem vindo igualmente a decrescer desde 2013, antes do início da crise da cotação do barril de crude. As receitas do ano passado Arrecadações da concessionária nacional de petróleo estiveram abaixo das previsões do Orçamento Geral do Estado revisto provenientes da petrolífera Sonangol devem registar uma queda de um terço, posicionando-se em 15,325 mil milhões de dólares, comparativamente aos resultados verificados há quatro anos, de acordo com dados provisórios da multinacional angolana.
Em 2015, a receita bruta da companhia angolana foi de 16,212 mil milhões de dólares. Em 2013, a concessionária nacional verificou o seu maior “boom”, com a receita anual em torno dos 40 mil milhões de dólares, mas foi exactamente nesse ano que os resultados financeiros começaram a mostrar resultados negativos, terminando o ano de 2014 em 24.657 milhões de dólares. A presidente do conselho de administração da Sonangol fez saber que os custos operacionais da empresa não diminuíram tanto quanto a quebra das receitas, estimando-se hoje em 11.957 milhões de dólares, uma redução de 2.486 milhões de dólares, face ao ano de 2015, que registou custos na ordem de 14,443 mil milhões de dólares.
O lucro da Sonangol também decresce desde o ano de 2013, altura em que tinham sido fixados em 3,089 mil milhões de dólares. No ano de 2014 a companhia teve lucro de 1,415 mil milhões de dólares e no ano passado contabilizou apenas 389 milhões.
A administração da petrolífera nacional não prevê para este ano qualquer proveito para o Estado. Em 2015 a Sonangol investiu 4,683 mil milhões de dólares em diversos novos projectos, incluindo os consignados fora do sector de petróleo e gás. Este ano, os investimentos tiveram o seu foco principal em projectos de exploração e de desenvolvimento petrolíferos, mas a administração da empresa reconhece uma redução para cerca de 3,303 mil milhões de dólares.
“Fica claro que os actuais desafios resultam não só da queda do preço do petróleo, mas, fundamentalmente, de uma política e de práticas de gestão questionáveis, que colocaram a Sonangol numa situação financeira e operacional precária”, admitiu.
A PCA da Sonangol referiu que a redução da receita de venda de petróleo também levou à diminuição dos seus resultados e da rentabilidade, reduzindo a libertação de fundos para o accionista principal o Estado angolano. “No caso concreto da Sonangol, a referida redução acentuada de receitas não foi acompanhada pela necessária revisão da estratégia de investimento do Grupo”, disse Isabel dos Santos.
“Este cenário - referiu - conduziu a uma situação difícil perante os credores internacionais, dificultando a capacidade de obter novos financiamentos, fundamentais para a sustentabilidade das operações, da manutenção dos níveis de produção, dos pagamentos a fornecedores e do cumprimento dos seus compromissos financeiros.”
Isabel dos Santos referiu que o novo conselho de administração da empresa trabalha arduamente para garantir o cumprimento dos compromissos financeiros, já que estes determinam a capacidade da Sonangol de obter novos financiamentos.