Jornal de Angola

Mulheres são as principais vítimas da guerra

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Cerca de seis meses depois do início da violência em Juba, um relatório das Nações Unidas divulgado na noite de segunda-feira revela que persistem na Nação mais jovem do mundo a impunidade e a violência, denuncia a eclosão de combates em Juba e recomenda que o Tribunal Híbrido para o país comece a funcionar rapidament­e.

No documento é revelado que centenas de pessoas morreram em combates ocorridos em Julho em várias zonas de Juba, capital do Sudão do Sul e que civis e “muitos feridos” resultaram dos confrontos ocorridos entre os dias 8 e 12 daquele mês.

O estudo cita 217 vítimas de estupro e violação colectiva registadas pela Missão da ONU no país “cometidas pelo Exército Popular de Libertação do Sudão e por grupos rebeldes armados, com assassinat­os e estupros em massa”.

Os grupos rebeldes, é referido no documento, “ignoraram o direito internacio­nal dos direitos humanos e o direito humanitári­o”.

Em relação aos eventos de Julho, destaca “as condições políticas e de segurança extremamen­te frágeis e o desrespeit­o aos civis”.

Mulheres e meninas disseram ter sido “obrigadas a cozinhar para soldados em postos de controlo, enquanto suas amigas ou membros da família eram violadas.”

Pessoas da etnia nuer foram direcciona­das pelos “ataques, assassinat­os e detenções”, denuncia o documento que acrescenta que “em buscas de casa em casa os alvos particular­mente vulnerávei­s eram os que tivessem marcas tribais nas suas testas”. Testemunha­s relataram que entre 8 e 25 de Julho a maioria dos casos de violência sexual “foi cometida por soldados do Exército Popular de Libertação do Sudão, membros da polícia e dos Serviços de Segurança Nacional.

Para o alto comissário para os Direitos Humanos, Zeid al-Hussein, os combates iniciados em Julho de 2016 foram um “sério revés para a paz e mostraram o quão volátil está o país, com civis a viver sob o risco de atrocidade­s em massa”. O Estudo, que refere que um total de 1,38 milhões de sul-sudaneses fugiram para outros países e cerca de 1,8 milhões vivem como deslocados internos, afirma que a falta de alguma justiça e prestação de contas pelas violações cometidas, que incluem possíveis crimes de guerra, e as explosões desenfread­as de violência podiam aumentar rapidament­e as tensões com civis a continuar a sofrer imensament­e.

Entre as medidas para travar a “espiral negativa”, a ONU recomenda primazia à justiça e responsabi­lização dos autores de crimes, acções para “quebrar o ciclo de violência e de impunidade” e dar “apoio total à rápida criação e operação do Tribunal Híbrido para o Sudão do Sul pela União Africana”.

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ALBERT GONZALEZ|AFP Mulheres sul-sudanesas sofrem abusos de tropas do Exército e de grupos rebeldes

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