CARTAS DO LEITOR
OMS e a malária
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 88 por cento dos casos globais de malária, em 2015, tiveram 90 por cento de mortes ocorridas em África. O continente continua a perder milhares de filhos todos os anos por causa da malária, uma enfermidade que pode ser erradicada por via da criação de uma vacina preventiva. Penso que os africanos devem contar consigo mesmos, em vez de esperar que os grandes laboratórios ou farmacêuticas renomadas criem uma vacina. Tratando-se de um problema que afecta largamente os africanos, parece ilusório esperar que terceiros se empenhem afincadamente para que a vacina seja uma realidade. Em todo o caso, é inestimável o contributo das organizações internacionais, fundações e entidades individuais que se dedicam a ajudar o continente a ultrapassar esse mal. A Fundação Bill e Melinda Gates, apenas para mencionar esta, tem tido um desempenho notável no combate de enfermidades que comprometem o futuro de África. Mas julgo que as instituições continentais e estaduais podiam fazer mais. As universidades africanas, algumas de topo, têm o dever moral, social e académico de fazer prova do que andam a realizar, apresentando soluções para os problemas mais prementes. Gostava que as nossas universidades, em África, fossem capazes de apresentar estudos exaustivos sobre o mosquito causador da malária, no sentido da descoberta de antídotos da malária.
Preço do pão
O preço do pão baixou significativamente e consegue manter-se, para satisfação de milhares de famílias. Contrariamente ao pensamento de muitos, tal situação não se devia unicamente à ruptura de stocks de trigo. Em minha opinião, tratava-se claramente de açambarcamento, uma realidade recorrente em momentos de algum aperto económico.
Nestas circunstâncias, muitos comerciantes procuram desenvolver o lado ganancioso das suas personalidades. Espero que tenhamos aprendido alguma coisa com a experiência actual, no sentido de que, nos próximos tempos, a Polícia Económica, a fiscalização e outras entidades, consigam combater crimes e infracções que atentem gravemente contra a economia.
O elevado preço dos produtos básicos , provocado pelo açambarcamento, penaliza gravemente as nossas populações. Muitos trabalhadores angolanos têm salários muito baixos, pelo que as nossas autoridades devem fazer um combate cerrado e permanente aos açambarcadores e especuladores.
O pão é, por exemplo, um produto básico importante, que é consumido pela maioria da população.
Igrejas e reconhecimento
É verdade que o Estado reconhece o direito ao culto e compromete-se com a liberdade religiosa, dentro dos marcos que a lei prevê. Sem pretender pôr em causa nada, apenas baseando-me no que as leis impõem relativamente ao exercício de actividade religiosa, não entendo como é que determinadas confissões religiosas actuam a coberto da legalidade.
Julgo que as autoridades deviam ser mais rigorosas na interdição completa do exercício dessas confissões religiosas. Não entendo como é que determinados grupos religiosos constroem locais de culto sem autorização, que passam a funcionar normalmente, como se de uma instituição autorizada se tratasse. Não se pode consentir o exercício ilegal de actividades religiosas e a construção de locais de culto. Se hoje é fácil, à revelia das leis, construir uma mesquita em qualquer parte de Luanda, como se vai impedir amanhã a proliferação destes locais de culto da religião muçulmana? Essa religião não é ainda reconhecida pelo Estado e enquanto isto prevalecer não se pode consentir que as pessoas ligadas a esse grupo se imponham pela simples lógica da liberdade religiosa ou direito de culto.
Afinal de contas, tais pressupostos são regulados por lei e não são direitos absolutos em nenhuma parte do Mundo. Por outro lado, não é certo que esse exercício da fé e construção de locais de culto cristãos em países tradicionalmente muçulmanos seja uma garantia.
Julgo que as leis são claras e devem ser respeitadas escrupulosamente na terra dos outros.Angola tem as suas leis que devem ser respeitadas por todos, nacionais e estrangeiros.