Execuções provocam protestos no Bahrein
O Ministério do Interior do Bahrein informou ontem que um prédio municipal foi incendiado durante a noite, depois de dois dias de manifestações e distúrbios causados pela execução de três xiitas no domingo.
“A Defesa Civil conseguiu controlar um incêndio num prédio da municipalidade, no sul da capital. Segundo as primeiras informações, o incêndio foi intencional”, indicou o Ministério do Interior no Twitter. Três xiitas condenados à morte por um ataque que matou polícias em 2014 foram executados no domingo no reino do Bahrein, reavivando assim as tensões entre a maioria xiita e a dinastia sunita no poder.
A sentença foi aplicada por um pelotão de fuzilamento nas primeiras horas de domingo, na presença do director da prisão, de um juiz, de um médico e de um imã, segundo a procuradoria.
Os três homens foram condenados à morte por um ataque à bomba em 3 de Março de 2014, durante o qual atraíram polícias para uma armadilha, matando três deles, incluindo um oficial dos Emirados Árabes Unidos e ferindo outros 13, recordou a acusação.
Numa declaração conjunta, quatro organizações de defesa dos Direitos Humanos condenaram as execuções autorizadas pelo rei Hamad e identificaram os executados como Ali al-Singace (21 anos), Abbas alSamea (27 anos) e Sami Mushaima (42 anos). Tratam-se das primeiras execuções no Bahrein desde Julho de 2010. “É um escândalo e uma violação vergonhosa do direito internacional”, considerou Maya Foa, directora da Reprieve, uma outra ONG que denunciou a execução após veredictos com base em confissões obtidas sob tortura.
O anúncio das execuções provocou protestos em aldeias xiitas, onde os moradores bloquearam ruas com pneus em chamas, enquanto a polícia respondeu com disparos de foguetes com gás lacrimogéneo, segundo imagens que circulam nas redes sociais.
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Neste pequeno reino do Golfo apoiado pela Arábia Saudita, os xiitas não hesitam em desafiar as autoridades que conduzem uma política de mão de ferro contra os seus adversários, regularmente acusados de cumplicidade com o Irão.
Neste contexto, um polícia foi ferido na tarde de sábado, quando uma patrulha foi recebida a tiro em Bani Jamra, a oeste da capital Manama, informou o Ministério do Interior.
Dezenas de homens e mulheres saíram às ruas depois de saberem que as famílias dos três xiitas condenados à morte foram convocadas antes da execução, segundo testemunhas. “Não, não à execução”, gritavam os manifestantes.
Segunda-feira, o Tribunal de Cassação do Bahrein manteve as três sentenças de morte e sete penas de prisão perpétua para membros de um grupo terrorista condenados pela morte dos três polícias.
“É um dia mau na história do Bahrein”, comentou Sayed Ahmed Alwadaei, da organização Bahrain Institute for Rights and Democracy.
Brian Dooley, chefe da ONGs Humamn Rights Defenders, pediu ao Governo norte-americano para que advertisse o seu aliado do Golfo contra um nível de repressão assustador e irresponsável que pode causar raiva e mais violência numa região já volátil.
O reino do Bahrein é a sede da Quinta Frota dos Estados Unidos. O principal movimento de oposição, Al-Wefaq, foi banido e o seu líder, o xeque Ali Salman, cumpre uma pena de nove anos de prisão. O conflito entre sunitas e xiitas tem marcado a vida política do reino e ameaça levar o reino a uma instabilidade social, no caso de as autoridades não controlarem a situação.