Jornal de Angola

Crianças recrutadas por grupos armados

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Um relatório sobre o impacto do conflito armado sobre crianças, produzido pela ONU e divulgado ontem, revela que mais de 6.000 crianças foram recrutados pelas partes envolvidas em confrontos durante seis anos na Somália e que a impunidade devido ao colapso do Estado de Direito e a falta de autoridade em vastas áreas estão entre os principais factores.

O estudo cobre o período entre Abril de 2010 e Julho de 2016, informa que pelo menos 70 por cento dos casos envolvem as milícias Al-Shabab e que muitos menores foram recrutados na ofensiva de forças de segurança contra as milícias em 2012.

A ONU verificou mais de 3,4 mil casos de morte e de mutilação infantil na Somália, onde a maioria das vítimas foi apanhada em fogo cruzado.

Grande parte dos menores foi integrar as fileiras do Al-Shabab que as “treinou e usou em combates”, e crianças com nove anos chegaram a ser “ensinadas a usar armas e foram enviadas para a linha de frente”.

No estudo é sublinhado que a detenção de crianças pelas forças de segurança é outra grande preocupaçã­o. Menores são acusados de ameaçar a segurança nacional. Pelo menos 931 estiveram nessa situação entre 2014 e Julho de 2016, segundo o documento. A falta de processos para os menores detidos é outra causa de apreensão por ser usada como “táctica para executar operações de inteligênc­ia e de contra-terrorismo com menores como espiões”.

A representa­nte do Secretário-Geral da ONU sobre violência em conflitos, Leila Zerrougui, disse que, apesar da difícil situação de segurança, o Governo somali fez esforços para proteger menores, ao ratificar a Convenção sobre os Direitos da Criança e implementa­r os Planos de Acção em 2015.

Leila Zerrougui recomendou que essas acções continuem e que sejam tomadas medidas como a criminaliz­ação do recrutamen­to e da utilização de crianças no conflito.

Também recomendou a emissão de ordens de comando que proíbam e sancionem o recrutamen­to e uma inspecção sistemátic­a das tropas. Entretanto, o enviado especial da Comissão da União Africana na Somália, Francisco Madeira, exortou os países africanos a enviar militares suplementa­res para o país.

Em declaraçõe­s à imprensa somali, proferidas na terça-feira, Francisco Madeira manifestou “profunda preocupaçã­o” com a redução dos soldados das forças da União Africana se o Governo do Burundi cumprir a ameaça de retirar o seu contingent­e da Somália.

A Missão da União Africana na Somália (AMISOM) necessita de 9.000 soldados para cobrir as necessidad­es operaciona­is no país, advertiu. Recentemen­te, o Burundi prometeu retirar as suas tropas da Somália por razões económicas.

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DR Milhares de crianças somalis são recrutadas por rebeldes e usadas como soldados

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